Sinopse

Nascido em Lisboa, Antônio Maria D´Alencastro Figueroa vem tentar a sorte no Brasil, onde se emprega como motorista na casa do Dr. Adalberto Dias Leme, dono de uma cadeia de supermercados de São Paulo. Logo ganha a confiança do patrão, que passa a tratá-lo como um amigo e lhe permite usar os automóveis da família nas horas de folga.

Antônio Maria ganha mais: a amizade das filhas do Dr. Adalberto, Heloísa e Marina, que, naturalmente, se apaixonam por ele. Encantada com o galante português, culto e de gestos refinados, Heloísa apaixonada, provoca o ciúme de Heitor de Lima, noivo da moça, que comanda os negócios da família e arquiteta dar um grande golpe no sogro.

Marina também investe no português, que a esta altura só tem olhos para Heloísa. O chofer assume a posição de conselheiro familiar após a decadência financeira, gerada por Heitor. Outro imigrante português, Fernando Nobre, dono de uma panificadora, oferece-lhe sociedade, mas Antônio Maria, inexplicavelmente, prefere continuar como empregado.

Por qual razão Antônio Maria prefere ficar na casa do Dr. Adalberto? Por que aceitou um emprego humilde sendo um moço de fino trato? Na verdade, Antônio Maria é um milionário que está no Brasil fugindo de Amália, sua madrasta, louca por ele, que logo surge apresentando-se como sua esposa, para atrapalhar o amor entre ele e Heloísa.

Tupi – 19h
de julho de 1968 a 30 de abril de 1969

novela de Geraldo Vietri
escrita por Geraldo Vietri e Walther Negrão
direção de Geraldo Vietri

Novela anterior no horário
O Décimo Mandamento

Novela posterior
Nino, o Italianinho

SÉRGIO CARDOSO – Antônio Maria (Antônio Maria D´Alencastro Figueroa)
ARACY BALABANIAN – Heloísa
ELIZIO DE ALBUQUERQUE – Dr. Adalberto Dias Leme
MARIA LUIZA CASTELLI – Carlota
WILSON FRAGOSO – Heitor de Lima
CARMEM MONEGAL – Marina
DENIS CARVALHO – Eduardo
GIAN CARLO – Jorgito
TONY RAMOS – Gustavo
ANAMARIA DIAS – Glorinha
PATRÍCIA MAYO – Alzira
PAULO FIGUEIREDO – Otávio Ferrari
BETH CARUSO – Beth
GUY LOUP (ISABEL CRISTINA) – Lúcia
JACYRA SILVA – Maria Clara
MARCOS PLONKA – Honório Severino
NÉA SIMÕES – Catarina
NORAH FONTES – Berenice
CARLOS DUVAL – Fernando Nobre
GUIOMAR GONÇALVES – Rita
CANARINHO – Arquimedes (Zé Bacia)
ANTÔNIO LEITE – Dr. Lourenço Cintra
LUIZ CARLOS BRAGA – Machado
XISTO GUZZI – Dr. Plínio Simões Cavalcanti
JAIRO SANTOS – Saturnino
TELCY PEREZ – Dr. Queiroz
MARILI GOMES – Neide
e
CLENIRA MICHEL
ELIAS GLEIZER
GEÓRGIA GOMIDE – Madalena
GILDA VALENÇA – Amália D´Alencastro Figueroa
LIMA DUARTE – padre que casa Antônio Maria e Heloísa
OSWALDO CAMPOZANA
ROSA MARIA

Nacionalização do gênero

A era dos dramalhões na teledramaturgia brasileira estava chegando ao fim. Antônio Maria foi uma das primeiras tentativas de nacionalizar a telenovela. Os personagens eram pessoas com qualidades e defeitos, aumentando a identificação com o público. A linguagem usada não tinha nada de rebuscada, se aproximando mais da coloquial.

A produção retomou para as sete da noite o horário de novelas para a TV Tupi, faixa que havia sido eliminada devido à baixa audiência registrada pelo Ibope.

Antônio Maria começou sem muitas promessas. No início agradou a colônia portuguesa, que se sentiu homenageada, e no terceiro mês já era campeã de audiência. (“Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes)

O galante português

Novamente a Tupi investia na história de um imigrante vivido por Sérgio Cardoso, desta vez português. Em 1965, na novela O Cara Suja, de Wálter George Durst, o ator viveu Ciccilo, um imigrante italiano.

A novela deu oportunidade aos atores criarem tipos. A começar pelo protagonista que rendeu a Sérgio Cardoso críticas positivas que até então só havia recebido por seu trabalho no teatro. O ator ficou com a marca registrada: o galante português que recitava Camões e que, na noite de Natal (o capítulo 136 que foi ao ar na véspera do Natal de 1968), brindou a todos com um belo monólogo (texto de Geraldo Vietri) homenageando as coisas simples da vida.

Para viver o personagem, Sérgio Cardoso (juntamente com Geraldo Vietri, autor e diretor) conversou com dezenas de portugueses de todas as categorias. Desde o cônsul e o vice-cônsul de Portugal em São Paulo, até donos de bares e armazéns, todos contribuíram para que seu personagem tivesse o vocabulário e o sotaque lisboetas.

Antônio Maria chamava automóvel de “máquina”, terno de “fato”, as moças de “meninas” e o patrão de “vossa excelência”. Porém, por causa do seu sotaque, não conseguiu melhor emprego que o de motorista. Várias vezes, na novela, Antônio Maria repetia uma denúncia: “Os portugueses que chegam ao Brasil nunca encontram empregos compatíveis com seu grau de instrução.”

Pela sua atuação, Sérgio Cardoso conquistou o título de Cidadão Honorário de treze cidades brasileiras e tornou-se patrono de vários colégios e hospitais. Após esse sucesso, o ator foi definitivamente contratado pela TV Globo.

Ao final da novela, Geraldo Vietri e Sérgio Cardoso receberam do governo lusitano, por meio do embaixador de Portugal, a comenda de Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique. O importante prêmio garantia que, se fossem para Portugal, seriam recebidos pelas autoridades locais, como também seriam considerados hóspedes do governo.
Vietri desfrutou deste privilégio uma vez. Ele estava na Ilha da Madeira e quando descobriram quem ele era, o governador local o fez seu hóspede. Logo após a novela, Geraldo Vietri visitou Portugal pela primeira vez. (*)

Em contrapartida, o personagem também recebeu críticas. A revista Veja (edição de 11/09/1968, TV Pesquisa PUC-Rio), destacou:
“Os portugueses que moram no Rio, em São Paulo, Minas e no Rio Grande do Sul estão divididos (…) se queixam – e até brasileiros de origem portuguesa.
Por exemplo Alves Pinheiro, brasileiro, lusófilo, diretor do jornal Mundo Português do Rio: ‘Antônio Maria não é a alma do povo no coração de um homem, como sustenta a publicidade da telenovela, mas um tipo depreciativo, um português de anedota’.
Preocupado com críticas e protestos de patrícios, o Comendador Francisco Pereira Botelho, presidente da Federação das Associações Portuguesas do Brasil, com sede no Rio, assistiu a alguns capítulos da telenovela. Achou criticáveis apenas o sotaque de Antônio Maria ‘e certos termos que um homem de sua categoria social raramente empregaria, como pois, pois’“.

Chamada de estreia da novela: “A glória de um povo na alma de um homem.” (*)

Em 1975, Geraldo Vietri criou outro imigrante português em uma trama que lembrava a de Antônio Maria: Severo Salgado Salles, interpretado por Jonas Mello em Meu Rico Português.

Elenco

Antônio Maria firmou vários então jovens atores ao estrelato: Tony Ramos, Denis Carvalho, Paulo Figueiredo, Carmem Monegal, Marcos Plonka, Jacyra Silva, Annamaria Dias e Gian Carlo.

Um dos casais mais queridos do público era a empregada negra Maria Clara, vivida por Jacyra Silva, e o bombeiro branco Cabo Honório, personagem de Marcos Plonka, que chegou a receber o título de Bombeiro Honorário do Paraná – este título não existia e foi criado especialmente para homenagear o trabalho do ator. No final da novela, aconteceu o casamento da empregada com o bombeiro, gravado na Igreja dos Bombeiros, em São Paulo, com presença de comandante e tudo. (*)

Geraldo Vietri tentou induzir o telespectador a seguir o exemplo de seus personagens, conforme relatou:
“Mudei quase totalmente a mentalidade de patrões em relação a empregados. Recebi cartas de domésticas que transformaram Maria Clara em um ídolo, em virtude dos cursos por correpondência que ela fazia!”

No último capítulo, cada ator do elenco apareceu para a câmera falando do personagem que havia interpretado, comentando suas atitudes e a importância daquele tipo humano na vida de todo mundo.

Crossover

Na trama, a personagem Heloísa (Aracy Balabanian) vai a uma cartomante e dá de cara com uma personagem de Beto Rockfeller, a novela contemporânea das oito na Tupi. Era Lu (Débora Duarte) que também havia ido se consultar com a cartomante. A mesma cena foi exibida nas duas novelas. Assim, a personagem da novela das sete apareceu na novela das oito da mesma emissora, e vice-versa. Foi o primeiro caso de crossover em novelas, de personagem de uma trama que aparece em outra produção.

Já Catarina, a personagem da atriz Néa Simões em Antônio Maria, reaparece em uma participação na trama substituta, também de Geraldo Vietri, Nino, o Italianinho.

Colaboração

Walther Negrão, o colaborador de Geraldo Vietri no texto da novela, narrou a Flávio Ricco e José Armando Vannucci para o livro “Biografia da Televisão Brasileira”:
“O Vietri estava no capítulo 30 e não aguentava mais, afinal escrevia, dirigia e produzia, e, à noite, ainda rodava o mimeógrafo para fazer a cópia do texto para todos os atores. Aí, ele me chamou para ajudar.”

Inicialmente, Negrão não foi creditado na novela porque Cassiano Gabus Mendes (diretor artístico da Tupi) estava bravo com ele em função de umas críticas pesadas que havia publicado em sua coluna no jornal Última Hora.
“Ele não deixou me contratar, não destinou verba para isto e eu fiz escondido, sem assinar. Mas o Vietri tirou do bolso dele para honrar o meu salário.”, destacou o então novelista iniciante.

Repetecos

A novela foi reprisada assim que terminou sua apresentação original.

Antônio Maria teve um remake produzido pela TV Manchete em 1985, com Sinde Felipe no papel-título. Porém, dessa vez, não houve sucesso.

(*) “Geraldo Vietri, Disciplina é Liberdade”, Vilmar Ledesma.

01. TEMA DE AMOR EM FORMA DE PRELÚDIO – Sérgio Cardoso
02. SONETO – declamação de Sérgio Cardoso
03. SÓ NÓS DOIS – Tony de Matos
04. COIMBRA – Altamiro Carrilho e sua Bandinha
05. UMA CASA PORTUGUESA – Altamiro Carrilho e sua Bandinha
06. CORRIDINHO 1951 – Altamiro Carrilho e sua Bandinha
07. CANÇÃO DO MAR – Sérgio Cardoso
08. CÂNTICO NEGRO – declamação de Sérgio Cardoso
09. LADO A LADO – Tony de Matos
10. BAILINHO DA MADEIRA – Altamiro Carrilho e sua Bandinha
11. A ROSINHA DOS LIMÕES – Altamiro Carrilho e sua Bandinha
12. TIROLIROLIRO – Altamiro Carrilho e sua Bandinha

Sonoplastia e seleção musical: Salathiel Coelho

Ainda
NÃO ESQUEÇO MAIS – Giane

Trilha sonora complementar: Francisco José Canta Antônio Maria

01. SÓ NÓS DOIS
02. VENDAVAL

Trilha sonora complementar: Manuel Marques

01. TEMA DE AMOR EM FORMA DE PRELÚDIO
02. SALOIO

Trilha sonora complementar: Manuel Marques e sua Guitarra *

01. TEMA DE AMOR EM FORMA DE PRELÚDIO
02. SALOIO
03. VIRA DO CHOUPAL
04. CAPAS NEGRAS
05. MADRIGAL

* Inclui também temas da novela A Muralha

Trilha sonora complementar: André Popp

01. LES PAPILLONS
02. “A” COMME AMOUR
03. MON AMOUR, MON AMI
04. NE SOIS PAS TRISTE

Trilha sonora complementar: Manoel Taveira

01. CONTIGO SIM (tema da novela Antônio Maria)
02. SER FADISTA
03. POR MORRER UMA ANDORINHA
04. PERGUNTA A QUEM QUISERES
05. PODES SAIR
06. ISTO É FADO
07. CAROLINA NÃO SE RALA
08. MENINA DOS LAÇOS
09. PORTA FECHADA
10. SER POETA
11. ESTRANHA FORMA DE VIDA
12. PORTUGAL NAS AMÉRCIAS (O FADO SUBIU AO MORRO / MANO A MANO / TUDO ISTO É FADO)

Veja também

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Os Rebeldes

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Nino, o Italianinho

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Vitória Bonelli

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Antônio Maria (1985)