Sinopse

Cláudia Toledo é uma bela mulher cuja carreira artística começou de forma bastante promissora. Posou para revistas masculinas e o cinema nacional, no período das pornochanchadas, a transformou em símbolo sexual. Porém, com a retração da indústria cinematográfica e sua desastrosa experiência em televisão, a carreira de Cláudia entrou em decadência.

Contudo, a vida da atriz muda totalmente ao ser assediada pelo industrial Henrique Ribeiro, um quarentão solteiro e rico. O inevitável envolvimento entre os dois resulta em casamento e eles vão morar na pequena cidade de Rio Negro, onde Henrique assumiu seu cargo na metalúrgica herdada de seu pai.

É em Rio Negro que Cláudia conhece Tomás, empreiteiro de uma obra de seu marido, um tipo másculo e bonitão com quem ela se envolve. Porém, o casamento e o adultério fazem parte de um plano criminoso de Henrique, que precisa desaparecer depois de dar um golpe envolvendo muito dinheiro.

Globo – 22h30
de 17 a 27 de julho de 1990
8 capítulos

minissérie de Sílvio de Abreu
direção de Roberto Talma

SILVIA PFEIFER – Cláudia Toledo
REGINALDO FARIA – Henrique Ribeiro
ALEXANDRE FROTA – Tomás
STÊNIO GARCIA – Ciro
CLÁUDIO CORRÊA E CASTRO – Junqueira
MARIA ESTELA – Carminha
ALEXANDRE LIPPIANI – Tavinho
TADEU AGUIAR – Renato
MARTHA MELLINGER – Ivete
ALICE BORGES – Nilza
TÁCITO ROCHA – Borelli
IVETE BONFÁ – Zuzú
ÊNIO GONÇALVES – Gilson
ELOINA – Manon
JOÃO BOURBONNAIS – Nandinho
GERALDO LEÃO – Dr. Rodolfo
PIETRO MARANCA – Dr. Bernardes
FERNANDA GUERRA – Leninha
HELEN HELENE – Marcinha
LUCA BALDOVINO – Landinho
MARA FAUSTINO – mulher de Landinho

e
ADILSON DE BARROS – advogado
ALMIR MARTINS – rapaz do veleiro
ANDRÉ CECCATO – frentista que assedia Cláudia
ANDRÉ LOUREIRO – amigo de Henrique
FERNANDO NOVIS – jornalista
FLÁVIO DIAS – frentista que assedia Cláudia
HILDA REBELLO – secretária na empresa de Henrique
JOÃO VITTI – ator
JORGE CHERQUES – comprador de algumas das joias de Cláudia
JOTA FRANÇA – vigia
LARA CÓRDULA – secretária
LEINA KRESPI – vizinha de Tomás em São Paulo
LUÍS CARLOS ROSSI – diretor da Aço Rionegrense
LUZIA CARNALI – escrivã
MARCO ANTÔNIO RODRIGUES – vizinho
MARIA DE PAIVA – secretária
MÁRIO GOMES – ator
MILTON ANDRADE – juiz de paz
MÔNICA SALMASO – cantora de boate
OSMAR DI PIERI – diretor da Aço Rionegrense
OSNEY DELANO – caixa do restaurante
OSVALDO ÁVILA – escrivão
RENATO MODESTO – ator
ROMIS – ator
SUSANA VIEIRA como ela mesma
TADEU DI PIETRO – repórter
TINA RINALDI – secretária de Junqueira
TONY RAMOS como ele mesmo
WÁLTER BREDA – contrarregra do teatro

Resposta à concorrência

Boca do Lixo foi uma resposta da Globo a outra minissérie, O Canto das Sereias, da concorrente TV Manchete, exibida no mesmo horário (22h30) e exatamente no mesmo período (em julho de 1990), com o mesmo número de capítulos (8).

Assustada com todo o sucesso da novela Pantanal, da Manchete, a Globo tentou estancar a fuga de telespectadores lançando Boca do Lixo para bater de frente com O Canto das Sereias, exibida às 22h30 após a novela de Benedito Ruy Barbosa, como uma forma de fazer o telespectador retornar à Globo após o capítulo da novela. (*)

Inspirações

Sílvio de Abreu escreveu sua primeira (e única) minissérie depois de vários sucessos em telenovelas. Escolheu o clima policial e mais uma vez usou o cinema americano como inspiração: Pacto de Sangue (1944), de Billy Wilder; Gilda (1946), de Charles Vidor; Desejo Humano (1954), de Fritz Lang; O Sol por Testemunha (1960), de René Clément; e Corpos Ardentes (1982), de Lawrence Kasdan.

Apesar de conhecido pelos textos cômicos, o autor concebeu Boca do Lixo como uma história noir, de suspense, mistério e erotismo, sem espaço para o humor.

Sobre a minissérie, Silvio de Abreu comentou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia” (do Projeto Memória Globo) que teve a ajuda do amigo Gilberto Braga:
“Levei seis meses para escrever a minissérie, foi muito difícil. Gilberto Braga me ensinou a maneira de fazer tudo ficar mais convincente, e me ajudou em relação à armação dos diálogos. Como sempre, foi um companheiro maravilhoso.”

Já o diretor Roberto Talma buscou inspiração em David Lynch para reproduzir a atmosfera de sua série Twin Peaks, sucesso da ocasião. Alexandre Frota comentou em sua biografia:
“O Talma me fez ver toda a primeira temporada de Twin Peaks. Me mostrou vários planos, queria fazer algo parecido com Boca do Lixo.” (*)

A minissérie foi gravada em Avaré, no interior de São Paulo. (*)

Elenco

O diretor Daniel Filho queria o ator Carlos Alberto Riccelli para o papel do pedreiro Tomaz, mas Roberto Talma, que dirigiu a minissérie, preferiu Alexandre Frota. (*)

Alexandre Frota narrou em sua biografia que um beijo em Reginaldo Faria foi censurado:
“Cheguei a gravar uma cena na cama dando um beijão na boca do Reginaldo Faria. Pena que foi cortada, seria o primeiro beijo gay na TV.” (*)

Silvio de Abreu retirou o passado de Cláudia Toledo, a personagem central, da sua própria experiência no cinema nacional, quando conviveu com atrizes de pornochanchada na época em que era diretor e roteirista de cinema.

Christiane Torloni estava escalada para viver a protagonista, mas precisou sair por motivos pessoais. Foi então escolhida a modelo de carreira internacional e atriz estreante Silvia Pfeifer. O motivo por trás dessa escolha foi que Silvio de Abreu queria fugir dos padrões habituais de vulgaridade para retratar uma ex-atriz da Boca do Lixo. Silvia ganhou o papel por sua classe e elegância. (*)

As críticas se concentraram em Silvia Pfeifer. O irreverente José Simão escreveu em sua coluna no jornal Folha de São Paulo:
“Silvia Pfeifer vai mudar de nome para Inês Pressiva. Com seu estilo pra lá de Bergman, ou seja, icebergman, ela estreou na Boca do Lixo e caiu na boca do povo: transava com Alexandre Frota, que tinha pinta de pedreiro. Pinta e pinto! Rarará!” (*)

Embora inexperiente, não há como negar que Silvia Pfeifer rendeu um interesse extra ao projeto e agradou a cúpula da TV Globo. Tanto que, no mesmo ano, foi escalada para viver a protagonista da próxima novela das oito, Meu Bem Meu Mal.

Repetecos

Em dezembro de 2003, a Editora Panda Books lançou o roteiro de Boca do Lixo em 472 páginas, em sua versão integral, com seus capítulos originais.

A minissérie foi reapresentada de 28/02 a 03/03/1995, compactada em 4 capítulos, nas comemorações de 30 anos da emissora.

Reapresentada também em 1992, apenas para o Distrito Federal, após o Jornal Nacional, no horário em que no resto do país era exibido o Horário Eleitoral Gratuito.

Também foi lançada em vídeo nos anos 1990 e em DVD em 2011.

Boca do Lixo foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming da Globo) no dia 13/11/2023.

(*) “Identidade Frota, a Estrela e a Escuridão”, de Pedro Henrique Peixoto, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira.

01. A FARSA
02. BOCA DO LIXO
03. TENSÃO NO LIXO
04. FARSA AÇÃO
05. NOITES DA BOCA
07. A FARSA 2 (tema de abertura)

Direção musical: Mariozinho Rocha
Arranjos e execução: Paulo Henrique e Iuri Cunha
Músicas interpretadas por Nova Era

A trilha também contém as músicas da minissérie Desejo

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