Sinopse

Cinderela é uma moça romântica e infeliz, maltratada pela madrasta Catarina e por suas duas irmãs, Cassandra e Bárbara. Ela é apaixonada pelo Príncipe Cid Balu, filho de Lupércio, o Rei da Abóbora na cidade de Campo Dourado. Cinderela vê a oportunidade de mudar seu destino em um baile oferecido pelo rei, no qual o príncipe escolherá uma jovem para desposar.

Enquanto o esperado baile não acontece, dois grupos rivais se enfrentam: os Gatos, formado pelos jovens abastados; e os Ratos, pelos jovens pobres. O chefe dos Gatos é Cid Balu, que tem como braço direito Pefinho, que ambiciona sua posição. Também fazem parte dos Gatos, as meias-irmãs de Cinderela, Cassandra e Bárbara. Mesmo sendo namorada de Pefinho, Cassandra deseja Cid Balu, sua fortuna e status.

Cinderela por sua vez está do lado dos Ratos e é a amada de Anjo, o chefe do grupo, que a protege das irmãs e dos Gatos.

Tupi – 18h
de maio a agosto de 1977

novela de Walther Negrão e Chico de Assis
direção de Antônio Moura Mattos

Novela anterior no horário
Papai Coração

VANUSA – Cinderela
RONNIE VON – Cid Balu (Príncipe Cid Baluarte III)
KATE HANSEN – Cassandra
ELIZABETH HARTMANN – Catarina (Madrasta)
RICARDO PETRÁGLIA – Anjo
SILVANA LOPES – Sáfira
MÁRIO BENVENUTTI – Lupércio Baluarte, o Rei da Abóbora
PAULO HESSE – Camaleão (McCarthy)
LEDA SENISE – Bárbara
CAZARRÉ – Velho Nicolau
OSWALDO CAMPOZANA – Miguelão, o Triste
NEY SANT´ANNA – Pefinho
WÁLTER PRADO – Fafá
GLAUCE GRAIEB – Grande Mestre (E.T. Guardiã)
HOMERO KOSSACK – Nicolau II
FELIPE DONOVAN – Felipe
ÂNGELO ANTÔNIO – Papão
COSME DOS SANTOS – Buana
ALBERTO BARUQUE – Cuca
SÉRGIO ROPPERTO – Broca
MARIA VIANA – Amália
JACK MILITELLO – T.P.F. Caldas
JOÃO ACAIABE – Destino
EUDÓXIA ACUÑA – Agnalda
FRANCISCO SOLANO – Alicate
NENÊ BENVENUTTI – Jerry
OSWALDO MESQUITA – Brito
PACO SANCHES – Biguá, o Mudo
REGINALDO VIEIRA – Lulu
CINIRA CAMARGO – Ciça
ÂNGELA RODRIGUES ALVES – Lili
THAÍS RONDON – Dedé
ETIÉNNE JR. – Tom
FELIPE LEVY
MALU ROCHA
LAJAR MUZURIS
ELIZABETH JACOB ALVES
e
MOACYR RAMOS CALHELHA – narrador

Dupla desfeita

Última novela da dupla de autores Walther Negrão e Chico de Assis, que haviam escrito anteriormente, para a Tupi, Ovelha Negra (1975) e Xeque-Mate (1976).

Também a última novela do núcleo das 18 horas da TV Tupi. E a única em cores no horário.

Metalinguagem

Versão moderna e livre do clássico conto do francês Charles Perrault.

Os autores assim definiram sua novela: “Não é um estilo novo para uma velha história, mas uma história nova para um velho tema.”

Perguntado sobre os sucessos de sua carreira, Walther Negrão respondeu a André Bernardo e Cíntia Lopes para o livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo” citando Cinderela 77:
“Meu maior orgulho (…) Era tão moderna, mas tão moderna que só as crianças tinham capacidade de entendê-la!”.

Ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia” (Projeto Memória Globo), Negrão declarou:
“Uma novela louquíssima (…) Era metalinguagem pura. Nós misturávamos todas as histórias e só as crianças entendiam. (…) Foi muito gostoso de fazer porque valia tudo naquela novela.”

Um minucioso trabalho de criação prejudicado pela produção barata que a TV Tupi lhe dedicou. O texto e as inventivas, entretanto, eram a força da novela. O capítulo iniciava mostrando cenas da sequência final. E as do próximo capítulo não iam ao ar com alguma desculpa transmitida ao telespectador em off.

Crítica

Trecho da crítica da jornalista Maria Rita Kehl publicada na revista Veja em 25/05/1977:

“(…) Cinderela 77 é uma novela que desmascara as mentiras e mistificações tão comuns na maioria das outras novelas (…) Aliás, a interpretação da maioria dos atores é carregada de cinismo, como se quisessem mostrar ao público que não acreditam nos lugares-comuns que estão dizendo. Por isso, embora os chavões se repitam exaustivamente, a novela consegue ser a própria negação do chavão. Brinca-se também com o jogo tradicional da feitura das telenovelas. Nada de suspense, por exemplo. Cada capítulo se abre com uma chamada mostrando a última cena daquele dia. Mais: de vez em quando, a ação é interrompida por uma voz em off anunciando que, em função do recebimento de milhares de cartas em protesto, tal sequência será alterada – e o desenlace da cena é o oposto do esperado.”

No último capítulo, o baile de Cinderela emulava ironicamente um concurso de miss. Para a escolha da moça que desposaria o Príncipe, houve um concurso com desfile de maiô, vestido de noite e uma bateria de perguntas sobre o livro “O Pequeno Príncipe” – o preferido das misses.

Cantores

No elenco, Ronnie Von e Vanusa, cantores populares na época, protagonizavam a história. Ela, uma Cinderela loura que vivia cantando. Ele, o Príncipe – título que carregava da década de 1960, da época da Jovem Guarda.

Ronnie Von revelou em entrevista para o livro “Teletema, a História da Música Popular através da Teledramaturgia Brasileira”, de Guilherme Bryan e Vincent Villari:
“Este foi um convite do Negrão e do Chico de Assis (…) Eles estavam tentando trazer os contos de Perrault, dos Irmãos Grimm, de Hans Christian Andersen, para os dias de hoje. Tinha um aspecto, até certo ponto, surrealista. Era um projeto muito bacana, inteligentíssimo. Então teria esse, teria o Pinóquio e um monte de outras histórias que eles iam fazer em sequência, e eu me envolvi muito com isso e ia fazer todas. Mas, lamentavelmente, a Tupi estava agonizando nessa época. (…) Eu tive muito prazer em participar, mas, no final, nós fazíamos na garra, na força, porque já não havia mais zelo com coisa alguma (…) Tivemos que antecipar trinta ou quarenta capítulos para acabar.”

Uma das dificuldades encontrada pelos autores era a impossibilidade de contar com os cantores protagonistas – Ronnie Von e Vanusa – durante quinze dias, pois tinham de cumprir a agenda de shows acertada antes do convite para o trabalho na novela.
“Não pensamos duas vezes. A bruxa transformou os dois em crianças e seguimos a história com atores mirins até o regresso dos dois”, revelou Walther Negrão a Flávio Ricco e José Armando Vannucci, para o livro “Biografia da Televisão Brasileira”.
Um contrafeitiço devolveu os personagens a Ronnie Von e Vanusa.

Além de Ronnie Von e Vanusa, também a presença no elenco do cantor Nenê Benvenutti, do conjunto Os Incríveis, e do cantor, ator e disc jockey Ângelo Antônio (não confundir com ator homônimo que surgiu na TV nos anos 1990).

Elenco

Um destaque no elenco foi Elizabeth Hartmann, como a Madrasta. A megera não só maltratava Cinderela, como também perseguia Rolando, o pombo de estimação da enteada.

Primeira novela do ator Ney Sant´Anna.

Cinderela 77 era narrada pelo dublador, radialista e tradutor Moacyr Ramos Calhelha, que, na ocasião, havia recém-chegado dos Estados Unidos, onde estava trabalhando para os Estúdios Disney.

O projeto de Cinderela 77 teve a direção de Roberto Talma, em uma breve passagem pela TV Tupi. Porém, o diretor deixou a emissora antes da estreia da novela.

01. PALAVRAS MÁGICAS – Vera Lúcia e Coro (tema de Cinderela)
02. DIA DE FOLGA – Ronnie Von
03. SONHO ENCANTADO – Quarteto Maior (tema de abertura e tema de Cid Balu)
04. QUERO VOCÊ – Vanusa
05. TEMPO DE ACORDAR – Ronnie Von (tema de Cinderela)
06. CINDERELA E O ANJO (DOIS AMORES) – Vera Lúcia e Marcos (tema de Cinderela e Anjo)
07. APOCALIPSE – Neuber
08. O REI DAS ABÓBORAS – Quarteto Maior (tema de Lupércio Baluarte)
09. QUEM É VOCÊ (THE ONE’S FOR YOU) – João Luiz
10. O MAGO DE PORNOIS – Vanusa
11. EU ERA HUMANO E NÃO SABIA – Ronnie Von (tema de Cid Balu)
12. CANÇÃO DE CINDERELA (DIA FELIZ) – Vera Lúcia (tema de Cinderela)

Sonoplastia: Claudionor Zechin
Direção artística: Cayon Gadia
Produção e direção de Estúdio: Ary Tell

Tema de abertura: SONHO ENCANTADO – Quarteto Maior

Estamos longe da floresta
Fadas não existem mais
Semelhança ainda resta
Nas distâncias tão iguais
O passado é o presente
Disfarçado em tempo antigo
Deixe que eu encontre o riso
Neste teu sorriso que me faz sonhar

Eu sou o cavaleiro herdeiro
De um grande reino que não tem amor
Nessa dança, a dança é minha
Tu serás rainha, eu serei senhor

Já botei a fantasia
De um sonho encantado
Refletidas no espelho
Vi imagens do passado
Novamente se repetem
Cenas de um reino antigo
Deixem que as crianças cantem
Sem tomar sentido que tudo mudou

Eu sou o cavaleiro herdeiro
De um grande reino que não tem amor
Nessa dança, a dança é minha
Tu serás rainha, eu serei senhor…

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Roda de Fogo (1978)