Sinopse

Os “intrusos” da cidade grande chegam à pacata Divineia, no interior do Mato Grosso, com uma missão: desviar o curso do rio Jurapori, que corta a cidade, e instalar uma hidrelétrica. A consequência disso seria o desaparecimento de Divineia, submersa nas águas. Chefiando a equipe de técnicos responsáveis pela obra, está Diogo Gonzaga, um dos maiores interessados no progresso que a barragem irá trazer à região.

O irmão de Diogo, Pedro Azulão, é um conhecido morador da cidade, respeitado e admirado pela população, que não aceita a imposição do progresso em detrimento da natureza. Os dois cresceram separados: ao perderem os pais em um desastre, Pedro ficou com a tia Nara e o beato Juliano, enquanto Diogo foi para o Rio de Janeiro com o milionário Heitor Gonzaga. As complicações não paravam por ai.

Nara tivera com Heitor uma filha, Bárbara, que foi criada pelo pai no completo desconhecimento de sua mãe. Bárbara, moça rica e problemática, chega a Divineia com Diogo e não entende por que Nara está sempre ao seu lado, com aquele jeito arredio de índia, característico da população local. A moça sofre de crises nervosas que lhe provocam cegueira momentânea, consequência do trauma sofrido ao ser afastada da mãe.

Pedro e Diogo, além do conflito causado pela hidrelétrica, entram em disputa pelo amor da indomável Chica Martins. A princípio namorada de Pedro, a moça de temperamento ardente acaba se rendendo a Diogo, encantada com seus modos finos e condição social, tão diferente do rústico Pedro. Este, por sua vez, arrebatado por Bárbara, liga-se cada vez mais a ela e os dois acabam se casando.

Enquanto isso, prossegue o conflito entre o progresso indiscriminado e a preservação da terra. Depois de tentar, em vão, convencer Diogo a desistir da usina, Pedro Azulão incentiva o povo de Divineia a pegar em armas em defesa da cidade. Porém, vítima de uma tocaia, é preso acusado de tentativa de homicídio. O líder camponês livra-se das acusações e chega à conclusão de que é inútil resistir ao poder do progresso.

Pedro decide então ser tragado pelas águas – seu derradeiro protesto. No último momento surge Bárbara, pedindo-lhe que abandone a casa, pois ela espera um filho dele. A paternidade emociona Pedro, que sai feliz, abraça a todos e não percebe que lá dentro ficou Nara, também decidida ao sacrifício final. Os diques abrem-se, as águas invadem Divineia e Nara desaparece na enxurrada. E o progresso vence finalmente.

Globo – 20h
de 6 de maio de 1974 a 4 de janeiro de 1975 (Rio)
de 8 de maio de 1974 a 4 de janeiro de 1975 (SP)
209 capítulos

novela de Janete Clair
direção de Walter Avancini, Gonzaga Blota e David Grimberg
direção geral de Walter Avancini
supervisão de Daniel Filho

Novela anterior no horário
O Semideus

Novela posterior
Escalada

JUCA DE OLIVEIRA – Pedro Azulão
REGINA DUARTE – Bárbara Gonzaga
DINA SFAT – Chica Martins (Débora)
JARDEL FILHO – Diogo Gonzaga
JAIME BARCELOS – Heitor Gonzaga
FÚLVIO STEFANINI – Gustavo de Almeida
NEUZA AMARAL – Nara
SÔNIA BRAGA – Brisa
MARCOS PAULO – André de Melo
HERVAL ROSSANO – Arthur Braga
EDSON FRANÇA – Nilo Gato
GILBERTO MARTINHO – Zé Martins
ÊNIO SANTOS – Beato Juliano
DARY REIS – Tonho Madeira
IDA GOMES – Frida
GESSY FONSECA – Celeste
ARACY CARDOSO – Lisa
ISAAC BARDAVID – Salim
TAMARA TAXMAN – Jamile
FRANÇOISE FORTON – Estrada-de-Ferro
GERMANO FILHO – Quebra-Galho (Expedito Santos de Matos)
DARCY DE SOUZA – Ivone
LÉA GARCIA – Tiana
JOSÉ MIZIARA – Amadeu
TONY FERREIRA – Delegado Amaro
LÍCIA MAGNA – Isabel
LURDINHA BITTENCOURT – Sueli
ROBERTO BONFIM – Saul
EDSON SILVA – Kalin
IVAN DE ALMEIDA – Moura
MARY DANIEL – Dona Hilda Maria

as crianças
ROSANA GARCIA – Vivi
RICARDO GARCIA – Ônibus
ISABELA GARCIA – Rodoviária
Aeroplano
Automóvel
Escada Rolante
Estação
Pedestre
Trator
Trem

e
ABEL PÊRA – Vigário Luis
ADA CHASELIOV – Maria Paula
ALDO DELANO – Juca
AMELIN FIANNI – Lindalva
ANALY ALVAREZ – Rita
ANTÔNIO VICTOR – Lucena
CARAPANÃ – Tamaê
CLEYDE BLOTA – Mirtes
DARTAGNAN MELLO – Bicho-Brabo
EXPEDITO DE MATTOS – capanga
GENY DO AMARAL – Zoraide
HELIO ARY – Custódio
IVO GIFFONI – hippie
JORGE CÂNDIDO – Ismael
JORGE CHERQUES – Coronel João Aires de Brito
JOTA BARROSO – dono do restaurante
MARIA ZILDA – Márcia
MOACYR BASTOS – Jairo
MONIQUE LAFOND – Judi
NILTON MARTINS – Januário
PEPA RUIZ – Isolina
PHYDIAS BARBOSA – Vicente
REGINA LINHARES – Mimi
ROBERTO VIEIRA – Cabo Anacleto
TENEN RESENDE – Argentino
VINÍCIUS SALVATORE – Bruno

– núcleo de PEDRO AZULÃO (Juca de Oliveira), boiadeiro, criado no campo, é impulsivo, valente, simplório, religioso e bondoso. Dono de quase todas as terras da região de Divineia, vive unicamente para cuidar da cidade. É o líder do lugar. Tem um irmão que não vê há trinta anos, pois foram separados na infância. Tenta, de todas as maneiras, evitar a construção de um canal que inundará sua cidade e a tirará do mapa, substituída por uma usina hidroelétrica:
a tia de criação NARA (Neuza Amaral), de origem indígena, mulher introspectiva, perspicaz e observadora. Sofre por nunca mais ter tido contato com a filha que lhe foi tirada dos braços ao nascer
o pai de criação BEATO JULIANO (Ênio Santos), piloto do avião acidentado no qual morreram seus pais biológicos. Por sentimento de culpa, dedicou-se à religião com fanatismo, abandonando a família na capital e assumindo a criação de Pedro, sendo seu mentor e cuidando dele como um pai.

– núcleo de DIOGO GONZAGA (Jardel Filho), homem culto, engenheiro bem-sucedido, enérgico e dinâmico. Tem uma filha pequena. Sente-se culpado pela morte da mulher, que cometeu suicídio após a separação do casal. Irmão de Pedro Azulão, os dois foram criados separados. É o engenheiro responsável pela construção da hidroelétrica que destruirá Divineia, entrando em choque com o irmão que não via desde criança:
o pai adotivo HEITOR GONZAGA (Jaime Barcelos), presidente da construtora responsável pela hidroelétrica que substituirá Divineia. No passado viveu na cidadezinha e envolveu-se com Nara, com quem teve uma filha. Levou embora para o Rio de Janeiro a filha recém-nascida e Diogo, então criança, responsabilizando-se pela criação e educação dos dois
a mãe adotiva CELESTE (Gessy Fonseca), milionária, filha de família tradicional paulista. Mulher fina, viajada e bondosa. Como não pôde ter filhos biológicos, adora os que adotou
a irmã de criação BÁRBARA (Regina Duarte), filha legítima de Heitor e Nara, com quem ele teve um envolvimento no passado. Heitor a tomou de Nara e a levou embora, para criá-la com a mulher, Celeste. Bárbara não conhece sua mãe biológica. Cheia de problemas existenciais, insatisfeita, tem uma grande necessidade de afirmação. Vítima de uma cegueira psicológica, que a domina quando não consegue controlar uma crise nervosa. Apaixona-se por Pedro Azulão quando o conhece
o advogado GUSTAVO ALMEIDA (Fúlvio Stefanini), amigo da família Gonzaga, trabalha para a construtora. Protetor de Bárbara, é apaixonado por ela
o amigo ANDRÉ DE MELO (Marcos Paulo), engenheiro recém-formado, trabalha na construtora da família Gonzaga. Bom caráter, dinâmico, não tem problemas, exceto os sentimentais. Passa a morar em Divineia e envolve-se com os problemas locais
a prima LISA (Aracy Cardoso), sobrinha de Celeste, tem uma paixão secreta por ele. Viúva, rica e fina. Médica psiquiatra, acompanha de perto as crises de Bárbara
a filha pequena VIVI (Rosana Garcia), menina esperta e voluntariosa
o mordomo MOURA (Ivan de Almeida).

– núcleo de CHICA MARTINS (Dina Sfat), namorada de infância de Pedro Azulão. Tem vergonha da origem humilde e odeia a pobreza e o próprio nome, por isso gosta de ser chamada de DÉBORA, por achar mais “chique”. Exuberante e de temperamento ardente, sonha em ser uma moça da cidade grande. Interessa-se por Diogo, quando ele chega a Divineia, e com a possibilidade de sair daquele lugar e ser rica na capital. Os dois irmãos passam a disputá-la:
o pai ZÉ MARTINS (Gilberto Martinho), homem forte e agressivo. No passado, matou a mulher por ciúmes, deixando as filhas órfãs de mãe
a madrasta TIANA (Léa Garcia), nova mulher de Zé Martins
a irmã BRISA (Sônia Braga), ao contrário dela, é extremamente responsável. Filha exemplar, cuida do pai com carinho. Apegada e tímida, é dominada pela irmã mais velha. Apaixona-se por André.

– núcleo de QUEBRA-GALHO (Germano Filho), como é conhecido EXPEDITO SANTOS DE MATOS. Ganhou o apelido pela sua magreza. Tem cara de esfomeado. Tem várias profissões, retratista, bombeiro, mecânico, pedreiro, e vai vivendo como pode. Tem dez filhos, cada um com um nome curioso:
a mulher IVONE (Darcy de Souza), a mártir personificada. Trabalha na lavoura de erva-mate
a filha mais velha ESTRADA-DE-FERRO (Françoise Forton), revolta-se com o pai porque ele que dar-lhe em casamento para o filho de um amigo
os demais filhos, crianças: ÔNIBUS (Ricardo Garcia), RODOVIÁRIA (Isabela Garcia), AEROPLANO, AUTOMÓVEL, ESCADA ROLANTE, ESTAÇÃO, PEDESTRE, TRATOR e TREM.

– núcleo de NILO GATO (Edson França), nordestino, chega na cidade para trabalhar na lavoura de erva-mate. Bom, puro e simples, revolta-se com o regime de trabalho da fazenda. Foge e passa a viver acuado, assaltando para comer:
a protetora ISABEL (Lícia Magna), rústica e amargurada, perdeu um filho com vinte anos e transfere para ele o amor do filho falecido. Trabalha na lavoura de erva-mate e acaba seguindo com ele pela vida errante do banditismo.

– núcleo de SALIM (Isaac Bardavid), mascate, chegou ao Brasil ainda menino, vindo da Síria. Do tipo espertalhão, engana a freguesia vendendo coisas usadas como novas. Mas é um grande sujeito, gozador e falante. Quando fica nervoso, enrola a língua e xinga todo mundo em árabe:
a filha JAMILE (Tamara Taxman), boa moça, esperta e sabida. Leva as novidades de São Paulo para as moças de Divineia.

– demais personagens:
ARTHUR BRAGA (Herval Rossano), filho de coronel do interior, déspota, dominador e mau-caráter. Antagonista de Pedro Azulão, que não aceita suas imposições. Acha interessante a ideia das águas da barragem invadirem Divineia, já que sua fazenda está num local a salvo e seria beneficiada
TONHO MADEIRA (Dary Reis), farmacêutico e prefeito da cidade. Bonachão, contador de histórias. Um dos fundadores de Divineia
FRIDA (Ida Gomes), alemã, dona do hotel da cidade
AMADEU (José Miziara), assistente de André, carioca, meio esquentado. Técnico de engenharia de construções
AMARO (Tony Ferreira), delegado de Vila Velha, a cidade mais próxima a Divineia. Chamado com frequência para resolver casos policiais.

Defesa da natureza

Janete Clair começava a mostrar uma força maior, não se preocupando apenas em entrelaçar os personagens. A autora retomava a linha do drama rural de Irmãos Coragem (1970-1971) e abordava um tema social rico em emoção e conflitos: o homem do campo, cheio de preconceitos com relação ao progresso, que não aceita abandonar suas terras e se desvincular de suas raízes, procurando impedir, de todas as maneiras, o progresso da região.

A princípio, parecia que a novela adotava o ponto de vista do progresso, criticando o homem do campo. Na verdade, o efeito foi o oposto, com o público identificando-se com os moradores de Divineia (cidadezinha fictícia onde a trama era ambientada). Em vez da aceitação do progresso indiscriminado, o que ficou marcante foi a defesa da natureza, a preocupação ecológica que se iniciava no Brasil.

Uma cena marcante: no final, a barragem é inaugurada e as águas do rio Jurapori invadem a pequena Divineia, tragando em suas torrentes a personagem Nara (Neuza Amaral), que preferiu morrer a abandonar a cidade.

Clichês e excesso de fantasia

Fogo Sobre Terra registrou bom Ibope. Na época, a TV Globo já dominava a audiência de norte a sul do país.

Entretanto, a autora não conseguiu escapar dos clichês de sua obra na época, rejeitada pela crítica pelo excesso de fantasia de seus textos, pelas coincidências absurdas que recheavam suas tramas, pelo romantismo exacerbado com que desenvolvia um enredo. (“Janete Clair, a Usineira de Sonhos”, Artur Xexéo)

Sinopse vetada

A sinopse da novela havia sido vetada pela censura um ano antes – seu título original era Cidade Vazia. Janete então escreveu O Semideus para que no ano seguinte Fogo Sobre Terra pudesse ser liberada.

Daniel Filho mencionou em seu livro “Antes que me Esqueçam”:
“Até agora não sei porque Fogo Sobre Terra foi proibida (…) O Governo não gostou e cassou a produção sem dó nem piedade, talvez por enxergar semelhanças entre a história e a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, que estava em pleno andamento.”

Censura

Um dos diretores de produção assim definiu a batalha que foi a gravação de Fogo Sobre Terra: “Fizemos três novelas em uma só: uma que foi escrita, outra que foi realizada e uma terceira que foi ao ar.”
As dificuldades advieram da interferência da Censura Federal, descontente com os rumos que a história tomara. Vários capítulos tiveram de ser regravados e outros tantos reescritos até que as autoridades ficassem satisfeitas.

O pivô da celeuma era o protagonista Pedro Azulão (Juca de Oliveira), que liderava os moradores de Divineia contra a construção da hidrelétrica. Os censores não gostaram de seu comportamento e exigiram que ele se emendasse. A autora pensou em dar uma morte heroica para Azulão, mas as autoridades preferiam que, em vez de mártir, ele se tornasse um cidadão cordato.

Contou Janete em entrevista, queixando-se veladamente da censura:
“É preciso dizer que não tem sido fácil escrever Fogo Sobre Terra. Por vezes o telespectador deve ter achado um capítulo sem nexo, truncado, e deve ter imaginado que eu enlouqueci. Não é fácil dizer a verdade. E, às vezes, ela vai ao ar mutilada por mil injunções. Em Fogo Sobre Terra, de uma só vez, tive que rasgar 12 capítulos. E muitas cenas saíram de minha máquina e não chegaram ao vídeo.” (“Janete Clair, a Usineira de Sonhos”, Artur Xexéo)

E em outra entrevista, em 1980:
Fogo Sobre Terra não chegou a acontecer. Foi uma novela escrita com carinho, com boa vontade, mas que não rendeu aquilo que eu esperava. (…) Foi minha novela mais prejudicada pela censura, porque, apesar de Selva de Pedra ter sido vetada em cerca de 20 capítulos, depois eu consegui engrenar de uma maneira muito feliz e sem outras amolações. Com Fogo Sobre Terra, tive problemas com a censura do início ao fim da novela.”

Elenco

Um grande destaque para Dina Sfat, como a irreverente Chica Martins, mesmo atuando grávida de sua terceira filha, Clara Kutner.
Por sua atuação, Dina foi premiada com o Troféu Imprensa de melhor atriz de 1974. Juca de Oliveira levou o prêmio de “destaque masculino” da televisão naquele ano.

Outro problema enfrentado por Janete Clair em Fogo Sobre Terra foi a rejeição do público à personagem que criara para Regina Duarte, a pedido da atriz – uma mulher forte, contestadora, o inverso das mocinhas doces e românticas que ajudaram a construir a imagem de Namoradinha do Brasil com a qual Regina ficou conhecida. A novelista criou então Bárbara, que no começo da novela de fato correspondia aos anseios da atriz. Porém, parte do público rejeitou a “namoradinha” em um papel que “não lhe convinha”, e Janete foi convertendo Bárbara em uma mocinha mais tradicional – muito também para encontrar caminhos a seguir devido à ação da censura. (“Novela, a Obra Aberta e Seus problemas”, Fábio Costa)

Regina Duarte havia dado à luz a filha Gabriela há apenas 45 dias quando começou a gravar Fogo Sobre Terra. Para dar conta do trabalho e das obrigações de mãe – ela tinha que amamentar a criança de três em três horas –, a atriz se mudou para o prédio em frente à emissora, no Jardim Botânico, onde eram gravadas as cenas de estúdio. (Site Memória Globo)

Título

Além de Cidade Vazia, título original da novela, outro cogitado foi As Muralhas de Jericó.

O nome Fogo Sobre Terra foi decidido de uma forma inusitada. Daniel Filho conta que ele e Boni combinaram de jogar o I-Ching e batizar a novela com os elementos que aparecessem nos hexagramas. O resultado mostrou os elementos “fogo” e “terra”. (Site Memória Globo)

Porém, a trama abordava o desparecimento de uma cidadezinha que seria inundada pelas águas de uma hidrelétrica. Não seria mais lógico batizá-la de Água Sobre Terra?

Cidade cenográfica

A cidade cenográfica foi construída no interior do Rio de Janeiro, em Barra de Maricá, que, na época, era apenas uma vila de pescadores com pouco mais de 30 casas.

A cidade de mentirinha acabou se tornando uma atração turística, recebendo visitantes nos finais de semana. Ao fim da novela, a região onde foram realizadas muitas cenas da trama adotou o nome da cidade fictícia e passou a se chamar Divineia. (Site Memória Globo)

Trilha sonora

A dupla Toquinho e Vinícius – que já havia assinado as trilhas sonoras das novelas O Bem-Amado (no ano anterior) e Nossa Filha Gabriela (da TV Tupi, em 1971) – foi convidada para compor a trilha de Fogo Sobre Terra. Porém, com sua agenda lotada não houve tempo hábil para criar todas as músicas. Toquinho declarou ao livro “Teletema, a História da Música Popular Através da Teledramaturgia Brasileira”, de Guilherme Bryan e Vincent Villari:
“Naquela época, nos apresentávamos em todo o Brasil e no exterior. Então não tivemos fôlego para fazer o disco todo. Entramos com seis músicas. (…) Mas foi uma trilha criada mais às pressas, com menos carinho do que a de O Bem-Amado. Tanto que a repercussão foi bem menor.”

Para completar a trilha, a solução encontrada foi encaixar cinco músicas do cantor e compositor Ruy Maurity e uma música de Guga de Oliveira e Getúlio de Oliveira.

Na pressa para lançar o disco, uma música de Ruy Maurity ficou fora da primeira tiragem, “O Verde é Maravilha”, mas entrou nas demais, apesar de a capa do LP dar a entender que a música entrou em substituição a outra, “Passarinhada”.

E mais

Durante a exibição da novela, as crianças brincaram de “língua do P” – falada pelas irmãs Brisa e Chica Martins (Sônia Braga e Dina Sfat) na trama -, que consiste em falar um “p” antes da sílaba de cada palavra.

Texto narrado na apresentação das cenas do próximo capítulo (prática comum na época):
“A fibra dos indomáveis. O mesmo amor! Determinação, a eterna luta do homem! Fogo Sobre Terra!”

Trilha sonora nacional (*)

01. AS CORES DE ABRIL – Toquinho e Vinicius de Moraes
02. A SENHA DO LAVRADOR – Ruy Maurity
03. UMA ROSA EM MINHA MÃO – Marília Barbosa (tema de Chica)
04. CALMARIA E VENDAVAL – Djavan
05. PELE DE OURO – Ruy Maurity (tema de Pedro)
06. FOGO SOBRE TERRA – Coral Som Livre (tema de abertura)
07. COM LICENÇA – Ruy Maurity
08. DIVINEIA – Eustaquio Sena (tema de locação: Divineia)
09. PLANTA BAIXA – Betinho (tema de Diogo)
10. AI QUEM DERA – Instrumental
11. O VERDE É MARAVILHA – Ruy Maurity *
12. PASSARINHADA – Ruy Maurity
13. FOGO SOBRE TERRA – MPB-4 & Quarteto En’Cy (tema de encerramento)

Músicas: Toquinho e Vinícius de Moraes, Ruy Maurity, Guga de Oliveira e Getúlio de Oliveira
Coordenação geral: João Araújo
Produção musical: João Mello e Eustáquio Sena

Trilha sonora internacional

01. LA CHANSON POUR ANNA – Free Sound Orchestra (tema de Bárbara)
02. IT’S ALL IN THE GAME – Tyrone Davis
03. MACHINE GUN – The Commodores
04. SEASONS IN THE SUN – Jerry Jacks (tema de Brisa e André)
05. SLEEPIN’ – Diana Ross
06. TIC-TAC – Alarm Clock
07. I WON’T BE FOLLOWING YOU – B.J. Thomas
08. DON’T BE DOWN – Papi (William Hammer **) (tema de Chica e Diogo)
09. RHAPSODY IN WHITE – Barry White
10. CAN WE LIVE FOREVER – The Whispers
11. SON OF SAGITTARIUS – Eddie Kendricks
12. BITE YOU – Bo Diddley
13. I’LL LOVE YOU TENDERLY – King Lou (tema de Bárbara e Pedro)
14. BLACK & ROLL – Max B.

(*) Na pressa para lançar o disco, uma música ficou fora da primeira tiragem, “O Verde é Maravilha”, mas entrou nas demais, apesar de a capa do LP dar a entender que a música entrou em substituição a outra, “Passarinhada”.
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(**) Em algumas edições do disco, o cantor Papi foi creditado como William Hammer (“Teletema, a História da Música Popular Através da Teledramaturgia Brasileira”, Guilherme Bryan e Vincent Villari)

Tema de abertura: FOGO SOBRE TERRA – Coral Som Livre

A gente às vezes tem vontade de ser
Um rio cheio prA poder transbordar
Uma explosão capaz de tudo romper
Um vendaval capaz de tudo arrasar
Mas outras vezes tem vontade de ter
Um canto escuro onde poder se ocultar
Um labirinto onde poder se perder
E onde poder fazer o tempo parar

A dor de saber que na vida
É melhor de saída
Ser um bom perdedor
Amor, minha ponte perdida
Vem curar a ferida
De mais um sonhador…

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