Sinopse

Século 19, Vila de Santana, Vale do Paraíba, Rio de Janeiro.

O ex-mascate Higino Ventura enriqueceu com negócios escusos. Comprou a fazenda Morro Alto para se aproximar de sua antiga paixão, Helena, moradora da fazenda vizinha, a Ouro Verde, agora casada com o Barão Henrique Sobral. Ele está disposto a tudo para ter Helena, inclusive comprar a Ouro Verde e obter o título de nobreza e o mesmo status do barão. Helena, apesar de amar o marido e desprezar Higino, sofre nas mãos de Henrique, pois ele sabe que Abelardo, que criou como seu filho, é na verdade filho de Higino.

O filho mais velho, Inácio, legítimo do casal, não se conforma com o tratamento cruel que o pai dá à mãe e vai embora para a corte. Lá, ele apaixona-se pela bela cortesã Ester Dellamare. Porém, a morte da mãe faz com que volte à fazenda para ajudar o pai e o irmão. Além disso, separa-se de Ester devido a intrigas armadas contra os dois por Idalina, sua avó, que não aceita o envolvimento do neto com uma moça de classe social inferior. Entretanto, ninguém na família Sobral desconfia que Ester é uma cortesã.

O tempo separou Inácio de Ester, mas ele nunca esqueceu sua paixão. Henrique e Ester acabaram se conhecendo, se envolveram amorosamente e se casaram. Só após a união sacramentada é que ela descobre que ele é o pai de Inácio e os três morarão na mesma fazenda, sem que o barão desconfie que a sua nova mulher é o grande amor de seu filho. Inconformado com o fato de Ester não aceitar abandonar o barão para viver ao seu lado, Inácio casa-se com Alice, a mimada filha de Higino Ventura.

Enquanto isso, Higino luta para conseguir o baronato e comprar a Ouro Verde, com o intuito de humilhar Henrique. Apaixona-se por Olívia, uma escrava branca procurada pela polícia e que ama o jovem médico Mariano Xavier. Desprezado pela moça, Higino a denuncia e a compra para servir-lhe em sua fazenda. Começa então o inferno de Olívia, que não consegue fugir das garras de Higino Ventura, mesmo ajudada pelo namorado e seus amigos, entre eles, Inácio e Ester.

Enquanto isso, um crime abala a Vila de Santana: o Barão Henrique Sobral é misteriosamente assassinado durante uma festa, na mesma noite em que Inácio e Ester fogem para viver juntos. A polícia local se mobiliza então para prender Inácio, o principal suspeito da morte de seu pai.

Globo – 18h
de 10 de maio de 1999
a 29 de janeiro de 2000
226 capítulos

novela de Gilberto Braga e Alcides Nogueira
escrita com Sérgio Marques, Lílian Garcia, Eliane Garcia, Filipe Miguez e Márcia Prates
colaboração de Marília Garcia
direção de Carlos Araújo, João Camargo e Fabrício Mamberti
direção geral de Marcos Paulo e Mauro Mendonça Filho
núcleo Marcos Paulo

Novela anterior no horário
Pecado Capital

Novela posterior
Esplendor

MALU MADER – Ester Dellamare (Ester de Sampaio)
FÁBIO ASSUNÇÃO – Inácio Sobral
REGINALDO FARIA – Barão Henrique Sobral
PAULO BETTI – Higino Ventura
CLÁUDIA ABREU – Olívia
MARCELO SERRADO – Mariano Xavier
NATHÁLIA TIMBERG – Idalina Menezes de Albuquerque Silveira
LAVÍNIA VLASAK – Alice Ventura
SELTON MELLO – Abelardo Sobral
DENISE DEL VECCHIO – Bárbara Ventura
LOUISE CARDOSO – Guiomar
DANIEL DANTAS – Bartolomeu Xavier
CLÁUDIO CORRÊA E CASTRO – Leopoldo Silveira
JÚLIA FELDENS – Juliana Xavier
ANDRÉ BARROS – Trajano Cantuária
JOSÉ LEWGOY – Conselheiro Felício Cantuária
SÉRGIO MENEZES – Jesus
ANA CARBATTI – Zulmira
CHICA XAVIER – Rosália
ANTÔNIO GRASSI – Vitório
CHICO DIAZ – Clemente
ISABEL FILLARDIS – Luzia
MARCO RICCA – Conde Pedro Afonso
OTÁVIO AUGUSTO – Dr. Eurico Navarro
HELENA FERNANDES – Clara Toledo de Mendonça
DIRA PAES – Palmira
YAÇANÃ MARTINS – Socorro
NELSON DANTAS – Dr. Xavier
ROSITA TOMAZ LOPES – Fabíola Xavier
JAYME PERIARD – Padre Osvaldo
ABRAHÃO FARC – Padre Olinto
CLEMENTE VISCAÍNO – Inspetor Bustamante
ALEXANDRE MORENNO – Cristóvão
NILL MARCONDES – Zelito
DELMA SILVA – Diva
COSME DOS SANTOS – Quirino
VINÍCIUS MARQUES – Valdir
LUÍS MAGNELLI – Gaspar
MARCELO VÁRZEA – Ubaldo
ANTÔNIO FRAGOSO – Isidoro
RANIERI GONZALEZ – Reinaldo
LUCIANA AZEVEDO – Ivete

as crianças
ÉLIDA MUNIZ – Marta
SAMUEL MELLO – Dário

e
ALEXANDRE DACOSTA – Eliseu (pago por Alice para se passar por médico e atestar a perda de seu bebê)
ALEXANDRE ZACCHIA – Calixto (bandoleiro que Mariano contrata para resgatar Olívia da fazenda de Higino)
ANDRÉ VALLI – Lourival Arruda (jornalista que vendeu sua parte em um jornal a Queiroz)
ÂNGELO PAES LEME – Rodrigo (pretendente de Alice)
BRUNO GARCIA – Lauro (amigo golpista de Olívia e do Comendador Queiroz)
CARLOS ALBERTO – juiz no julgamento de Ester
CARLOS EDUARDO DOLABELLA – Comendador Belisário Queiroz (amigo de Ester, frequentador de seu salão)
CARLOS GREGÓRIO – Lineu Barcelos (cliente do salão de Ester que morre antes de fugir com Florinda)
CARLOS MACHADO – Estácio
CLÁUDIO MAMBERTI – Domingos de Castro Magalhães (falso comprador do café de Sobral mancomunado com Higino)
CLEMENTINO KELÉ – Matias (escravo em fuga que recebe ajuda de Jesus)
DARY REIS – Albano (detetive contratado por Ester para encontrar Inácio)
DAVID HERMAN – Capitão Stanley (do navio negreiro de onde Mariano e Olívia pretendem fugir do país)
ELAINE MICKELY – Hermínia Montez (famosa cortesã por quem Queiroz se apaixona)
ELIANA GUTTMAN – Laura (verdadeira mãe de Alice)
FABIANA AVELAR
FÁBIO SABAG – Breno Rangel (rico ourives que propõe a Ester comprá-la para ter exclusividade)
FELIPE WAGNER – Herculano (comprador do café do Barão Henrique Sobral)
FERNANDA LOBO – mulher de Américo Bragança, se incomoda com a presença de Ester no parque
FLÁVIO GALVÃO – Nereu (fazendeiro moralista amigo de Sobral, interessa-se por Guiomar)
GIOVANNA ANTONELLI – Violeta (cortesã do salão de Ester)
GLÓRIA PORTELLA – Florinda (cortesã do salão de Ester)
GUTO BITTENCOURT – Silveirinha (ator que se passa por Hermínia para enganar Queiroz)
HEBE CABRAL – Solange (uma das senhoras que, juntamente com Clara, hostilizam Ester na igreja)
HELDER AGOSTINI – Manoel (falso filho de Olívia e Lauro, no golpe que eles aplicam na noite de jogatina no salão)
HENRIQUE CÉSAR – Marquês de Boaventura
HENRIQUE TAXMAN – Dr. Humberto (médico amigo de Mariano)
HOSSEN MINUSSI – Juvêncio Santos (jagunço de Higino interrogado por Bustamante)
IDA GOMES – dona da livraria onde Ester vai comprar livros, mas é insultada por ela
IVENS GODINHO – Américo Bragança (cliente do salão de Ester, a encontra no parque quando está com sua mulher)
JOSÉ AUGUSTO BRANCO – Epaminondas (dono de uma confeitaria, deserda o filho que fugiu para casar com Clarissa)
JOSÉ DE ABREU – Seu Pereira (português proprietário de um empório em Santana, depois comprado por Idalina)
JÚLIO BRAGA – sacristão da igreja de onde Idalina e Alice roubam o livro de casamentos
KADU KARNEIRO – Pedro (escravo do Barão Henrique Sobral, marido de Zulmira, morre no início)
LILIANA CASTRO – Ana de Toledo (irmã de Clara)
LINNEU DIAS – Luciano (leiloeiro das obras de arte e do mobiliário do Barão Henrique Sobral)
LUCAS BOREL – Otávio
LUIS CHACAL – Januário (escravo da fazenda Ouro Verde)
LUIZ GUILHERME – Fábio Carrazedo (homem influente na corte apresentado a Ester)
MARCELO ESCOREL – Santoro (mercador de escravos que indica a Jesus a pessoa que saberia do destino de Marta)
MÁRCIA DEL ANILLO – Noêmia (cortesã do salão de Ester)
MARIANA XIMENES – Ângela (interesse romântico de Trajano no último capítulo)
MÁRIO LAGO – Dr. Teodoro (falso médico viciado em jogo)
MAURÍCIO GONÇALVES – escravo com quem Cristóvão conversa sobre as fugas para o quilombo
MILHEM CORTAZ – capanga de fora da Morro Alto contratado para sequestrar a Olívia
MIRA PALHETA – mulher de Ramalho que o flagra entre cortesãs no salão de Ester
MURILO ROSA – Eugênio Cardoso (amigo de Inácio com quem ele vai morar na corte, no início)
NEUZA AMARAL – Anita (diretora do hospital onde nasceu Alice)
OTÁVIO MÜLLER – Ferdinando (arrombador de cofres, amigo de Guiomar)
OTHON BASTOS – promotor no julgamento de Ester
PAULO REIS – Pastor (mercador de escravos)
PRETTO DE LINHA – Olavo (mordomo no salão de Ester)
RONALDO REIS – jornalista a quem Higino conta sua história com Helena revelando ser pai de Abelardo
RONNIE MARRUDA – Raimundo (escravo de Higino, foge do cativeiro e quase violenta Alice)
SILVIO FERRARI – meirinho no julgamento de Ester
SÔNIA BRAGA – Baronesa Helena Silveira Sobral (primeira mulher do Barão Henrique, morre de pneumonia)
SÔNIA SIQUEIRA – Hortência (escrava dos Castro Rebello, agora na casa do Conselheiro Felício)
STEPAN NARCESSIAN – Ernani Corrêa (falsificador)
THEREZA PIFFER – Dora (ex-senhora e irmã de Olívia)
TIÃO D’ÁVILA – Humberto Soares (comerciante de escravos que resgata Marta, que havia sido vendida)
VICTOR FASANO – Nicolau Prado (pretendente de Alice, na verdade um golpista)
VIVIANNE VICTORETTE – Clarissa (cortesã do salão de Ester que se casa com o filho do dono da confeitaria)
XANDO GRAÇA – leiloeiro de escravos, vende Jesus a Ester, no início
Damião (velho escravo de Higino espancado até a morte)
Elias (técnico que atesta a devastação do cafezal na fazenda Ouro Verde)
Joana (recepcionista da pensão onde Ester e Inácio se hospedam na corte após a morte de Sobral)
Léia (escrava que cuida das roupas de Alice e confirma a Inácio que as regras dela não descem há meses)
Madame Rebelo (modista que faz o vestido de noiva de Ester para casar com Inácio)
Ramalho (proprietário do prédio onde funcionava o salão de Ester)
Romão (homem que Valdir usa para atrair Felício)
Solange (cortesã do salão de Ester)
Suzete (mulher que procura Bartolomeu por conta de um anúncio de Guiomar)
Teresa (ama de Otavinho)

– núcleo ESTER DELLAMARE (Malu Mader), bela cortesã, dona de um dos salões mais luxuosos da corte do Rio de Janeiro. Disputada pelos homens, apenas administra seu salão, dispensando as várias propostas que recebe dos homens interessados nela. Mulher inteligente, determinada, justa. Viverá um grande amor, mas intrigas farão com que se decepcione:
a amiga GUIOMAR (Louise Cardoso), sua confidente, ajuda-a a administrar o salão. Alcoviteira, esperta e pragmática, de atitudes nem sempre muito éticas. Quando muda-se para a Vila de Santana, tenta levar hábitos de uma Europa que finge conhecer, sem nunca ter posto os pés lá
o escravo JESUS (Sérgio Menezes), que ela mesma alforria mais tarde. Seu homem de confiança, é um rapaz digno, valente e bom-caráter.

– núcleo do BARÃO HENRIQUE SOBRAL (Reginaldo Faria), dono da Fazenda Ouro Verde, poderoso produtor de café na região de Vila de Santana. Austero e autoritário, é um fazendeiro de tendências liberais para a época, tendo simpatia pelo movimento abolicionista, o que nada combina com a forma quase medieval com que trata a esposa, resultado de um coração endurecido por conta da traição da mulher. Com a morte da esposa, conhece Ester na corte, apaixona-se e casa-se com ela, levando-a para morar em sua fazenda. É misteriosamente assassinado no decorrer da trama:
a mulher HELENA (Sônia Braga), bonita, bondosa e querida por todos. Teve um caso com o outro homem mesmo sendo casada, o que faz o barão puni-la constantemente, tratando-a com crueldade. Henrique aceitou criar o filho bastardo como se fosse seu legítimo, mas este é um segredo apenas dividido pelo casal. De saúde frágil, morre no início da trama, vítima de uma pneumonia
os filhos: INÁCIO (Fábio Assunção), o mais velho. De temperamento forte, vive em conflito com o pai por causa da maneira como ele trata sua mãe. Ao partir para estudar na corte, conhece e se apaixona por Ester. O casal está prestes a se casar, mas é separado por causa de intrigas. Mais tarde, após a morte da mãe, fica transtornado quando descobre que o pai casara-se com sua amada. Ester se casa com Henrique sem saber que ele era pai Inácio. Os dois não resistem e vivem um amor proibido na Ouro Verde. Decidem fugir, mas, na noite da fuga, Henrique é assassinado, o que muda seus planos e seus destinos. Inácio torna-se o principal suspeito do assassinato do pai e luta para provar sua inocência,
e ABELARDO (Selton Mello), filho de Helena com o homem com quem ela traiu o marido no passado. Foi criado por Henrique com o mesmo carinho que seu irmão. Rapaz de temperamento doce, voz baixa, semblante passivo. Tem adoração pelo pai e tenta a todo momento provar sua capacidade, porque veladamente sente-se rejeitado e disputa a atenção dele com seu irmão. Amante de cavalos e montaria, após um acidente passa parte da trama impossibilitado de montar
os pais de Helena, sogros de Henrique: LEOPOLDO (Cláudio Correa e Castro), homem bom, refinado, paciente, simpático e agradável. Tem a amizade do genro, mas fica a todo tempo contornando as situações embaraçosas provocadas pela mulher. Encanta-se por Ester quando a conhece,
e IDALINA (Nathália Timberg), mulher arrogante, interesseira, ardilosa, inescrupulosa e dissimulada, capaz de atrocidades para alcançar seus objetivos. Sua família foi a mais poderosa da região, mas está falida e vive de favor na fazenda do genro, a quem detesta e contra quem conspira. Não se conforma de Ester ter-se tornado senhora da Ouro Verde e faz o possível para desmoralizá-la. Descobre a verdade sobre o passado de Ester e passa a chantageá-la
o feitor CLEMENTE (Chico Diaz), homem rude e cruel no trato com os escravos. Mancomunado com Idalina, faz todo o serviço sujo para ela
os escravos: ROSÁLIA (Chica Xavier), responsável pelos serviços na casa grande. Mulher mais velha, sábia e bondosa, tem a confiança de seus senhores. É hostilizada por Idalina, que a considera autoconfiante demais,
LUZIA (Isabel Fillardis), jovem e bela, esperta, sonsa e dissimulada. Amante de Clemente. Para tirar proveito das situações, usa sua melhor arma: o corpo. Ao longo da trama, conquista sua alforria,
ZULMIRA (Ana Carbatti), moça doce e bondosa, da confiança de seus senhores. Enviuvou no início da trama. Foi mucama de Helena, penou nas mãos de Clemente, que sempre a desejou, depois tornou-se mucama de Ester. Sofre por ter tido a filha vendida à sua revelia e sonha recuperá-la. Apaixona-se por Jesus quando ele vai morar na fazenda,
CRISTÓVÃO (Alexandre Morenno), valente, forte e bom-caráter. Afeiçoado a Abelardo, por quem sente amizade,
e QUIRINO (Cosme dos Santos), da confiança de Idalina
os filhos pequenos de Zulmira: MARTA (Élida Muniz), que foi vendida por Clemente com a anuência de Idalina, e DÁRIO (Samuel Costa)
o advogado DR. EURICO NAVARRO (Otávio Augusto), que defende Inácio quando ele é acusado do assassinado de seu pai.

– núcleo de HIGINO VENTURA (Paulo Betti), ex-mascate de Santana que deixou a cidade no passado e retorna muito rico. De caráter vil, enriqueceu às custas de negócios escusos. Seu maior sonho é conseguir o título de barão e tornar-se o todo-poderoso da região. Compra a Fazenda Morro Alto, vizinha da Ouro Verde, para rivalizar com o Barão Henrique Sobral, a quem detesta e pretende destruir. No passado, foi apaixonado por Helena e tenta tê-la de volta, confrontando Henrique. Não sabe que Abelardo é seu filho biológico. No decorrer da trama, fica obcecado por uma escrava branca:
a mulher BÁRBARA (Denise Del Vecchio), expansiva demais e sem refinamento, é uma mulher deslumbrada com a possibilidade de tornar-se baronesa. Contrata Guiomar para ser sua professora de boas maneiras. Acata as ordens do marido, que a engana constantemente. Ao final, revela-se ser a autora dos assassinatos que ocorrem durante a trama
a filha ALICE (Lavínia Vlasak), jovem linda e alegre, parece boa moça, mas é sonsa e desprovida de caráter. Apaixonada por Inácio desde que o conheceu, alia-se a Idalina para tentar conquistá-lo, não hesitando em usar, para tal, o amor puro que Abelardo sente por ela
a escrava branca OLÍVIA (Cláudia Abreu), que se torna alvo do desejo doentio de Higino. Esperta, trambiqueira, vivida, sempre se virou aplicando golpes, escondendo de todos a marca no corpo que revela sua condição de escrava. Chega incógnita a Santana, fugindo de uma armação na corte em que foi desmascarada. Torna-se amiga de Ester e Guiomar, que nada podem fazer para ajudá-la quando é descoberta e Higino a compra para servi-lo
o administrador de sua fazenda VITÓRIO (Antônio Grassi), seu pau-mandado, homem cruel e sádico
o capanga VALDIR (Vinícius Marques)
os escravos domésticos ZELITO (Nil Marcondes), que tem um caso com Luzia, e DIVA (Delma Silva), que gosta de Zelito.

– núcleo da família Xavier:
o DR. XAVIER (Nelson Dantas), médico que atende a região de Vila de Santana. Homem ético, justo, benquisto por todos. Passa por dificuldades financeiras. Acaba misteriosamente assassinado
MARIANO (Marcelo Serrado), filho do Dr. Xavier. Médico recém-formado, chegado de um estágio na Europa. Rapaz íntegro e ético, seguindo os passos do pai. Apaixona-se por Olívia quando a conhece e luta para salvá-la das garras de Higino Ventura
BARTOLOMEU (Daniel Dantas), sobrinho do Dr. Xavier. Jornalista, proprietário e editor do modesto jornal Gazeta de Santana. É liberal, nacionalista, abolicionista e republicano, contrariando os poderosos conservadores da região, que boicotam seu jornal, sempre em dificuldades para manter-se. Vive um grande antagonismo com a europeizada Guiomar, por quem, na verdade, sente-se bastante atraído.
JULIANA (Júlia Feldens), moça órfã, neta do Dr. Xavier. Extremamente tímida e reservada, ama platonicamente Abelardo, que apenas a vê como uma amiga. Sabe que Alice não ama Abelardo e, com a ajuda de Olívia, tentará abrir os olhos dele
FABÍOLA (Rosita Tomaz Lopes), irmã do Dr. Xavier. Solteirona, mora com o irmão e os sobrinhos. Mulher racional, dedicada ao lar e à família
UBALDO (Marcelo Várzea), funcionário do jornal de Bartolomeu, rapaz um tanto relapso, mas de pensamento prático.

– núcleo de TRAJANO (André Barros), neto do único banqueiro de Vila de Santana, trabalha no banco da família. É um rapaz bom-caráter e honesto, amigo de Inácio e Abelardo. Apaixonado por Juliana, sabe que ela ama seu melhor amigo:
o avô CONSELHEIRO FELÍCIO CANTUÁRIA (José Lewgoy), dono do único banco da cidade. Membro da associação comercial da região. Amigo do Barão Henrique Sobral
o funcionário do banco ISIDORO (Antônio Fragoso), amigo de Ubaldo.

– demais personagens:
PALMIRA (Dira Paes), moça de origem indígena, sensual, rústica e sem instrução. Trabalha na estalagem de Vila de Santana. Ingênua, sonha com uma vida melhor. No início da trama, é amante do Barão Henrique Sobral, que a deixa quando se casa com Ester
REINALDO (Ranieri Gonzalez), atendente e garçom na estalagem, colega de trabalho de Palmira
SOCORRO (Yaçanã Martins), mulher sórdida, interesseira e mal-intencionada. Chantageia Juliana
GASPAR (Luís Magnelli), o principal barbeiro da cidade. Reacionário, bajulador dos ricos e fofoqueiro
PADRE OLINTO (Abraão Farc), pároco de Vila de Santana, religioso conservador, de moral rígida. Acaba misteriosamente assassinado
PADRE OSVALDO (Jayme Periard), substitui o Padre Olinto após sua morte. Mais jovem e mais flexível que seu antecessor
IVETE (Luciana Azevedo), funcionária do principal empório de Vila de Santana, que Idalina comprou. Tem medo de sua patroa e de perder o emprego
CLARA TOLEDO DE MENDONÇA (Helena Fernandes), dama da sociedade que chega a Vila de Santana para uma temporada. Rivaliza com Guiomar na disputa por Bartolomeu
CONDE PEDRO AFONSO (Marco Ricca), nobre que chega à cidade com Clara, interessa-se por Ester
INPECTOR BUSTAMANTE (Clemente Viscaíno), investiga os assassinatos em Vila de Santana.

Novela de época

Tentativa de alavancar o horário das 18 horas com o gênero que o marcou: a novela de época. Salomé, em 1991, havia sido a última. O objetivo era também aproveitar o sucesso de outra trama de época, a minissérie Chiquinha Gonzaga, exibida naquele ano, 1999. A cidade cenográfica foi, inclusive, reaproveitada em Força de um Desejo, para as cenas da corte. Em seguida, o horário nobre estreou Terra Nostra, também uma produção de época.

A Globo enxergou em Gilberto Braga o autor ideal. O novelista foi um dos mais importantes no período em que as novelas de época do horário das seis foram implantas, nos meados da década de 1970. Gilberto adaptou com sucesso romances clássicos de nossa literatura: Helena, Senhora e Escrava Isaura (entre 1975 e 1977).

Antecedentes

A emissora buscou uma sinopse de Alcides Nogueira, que, a essa altura (1998), colaborava com Sílvio de Abreu em Torre de Babel, e entregou-a a Gilberto Braga para que a desenvolvesse juntamente com ele. Alcides declarou ao blog “Eu Prefiro Melão”:

“A história da sinopse já é uma novela em si. Eu a escrevi, tomando como plot um livro muito pouco conhecido do Visconde de Taunay – ‘A Mocidade de Trajano’ – e adaptei da maneira mais livre possível. Entreguei a sinopse ao Paulo Ubiratan. Ele morreu [em 1998] (…) e a sinopse sumiu. Tempos depois, o Marcos Paulo achou a própria e mandou para a Marluce Dias da Silva (que comandava a emissora na época). Eu estava com o Silvio e o Bosco Brasil em Torre de Babel. Para resumir a ópera, a sinopse foi parar nas mãos do Gilberto, que gostou bastante dela (…) e propôs um segundo tratamento, a quatro mãos. Foi assim que nasceu a novela (…)”

O primeiro título pensado para a novela foi Amor Perfeito (“Almanaque da TV”, Bia Braune e Rixa), usado 24 anos depois (em 2023) para outra novela do horário das seis.

Baixa audiência, mas prestígio

Força de um Desejo teve 227 capítulos, quase o dobro de muitas produções. Não foi um grande sucesso, pois fechou com 24,4 pontos de média geral no Ibope da Grande São Paulo, a menor dos anos 1990 na faixa das 18 horas. Na verdade, já era o sinal de uma nova era na televisão brasileira, com uma concorrência maior. Em 1995, nesse horário, a Globo tinha 60% do público, enquanto Força de um Desejo atingiu 39,8 de share. (“Biografia da Televisão Brasileira”, Flávio Ricco e José Armando Vannucci)

Daniel Filho narrou em seu livro “O Circo Eletrônico”:
“A novela foi esticada tremendamente: 227 capítulos, mas começou e terminou com amor. Não foi um sucesso, mas também nenhum fracasso retumbante; foi cansativo para o autor, Gilberto Braga, e toda a equipe que trabalhou com ele (…) Era muito bem feita, muito bem representada. Em momento algum houve desarmonia em seu elenco, nem no elenco principal, nem no coadjuvante, nem nos estreantes”.

Ao livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo”, de André Bernardo e Cíntia Lopes, Gilberto Braga fez um balanço da novela:
“De certa forma, eu me senti rebaixado quando me escalaram para o horário das seis. Para piorar a situação, Força de um Desejo não atingiu a audiência que a emissora queria. (…) Mesmo assim, eu assistia à novela com prazer. O falecido Evandro Carlos de Andrade [então diretor de jornalismo da Rede Globo] era fã da novela. Ele não gostava de Terra Nostra [a novela das nove da época] e pedia para sua equipe gravar os capítulos de Força de um Desejo para assistir depois.”

Elenco

Depois da bondosa Celina de Vale Tudo (1988), e da megera Constância Eugênia de O Dono do Mundo (1991), finalmente Nathália Timberg ganhou de Gilberto Braga uma verdadeira vilã para interpretar: a perversa Idalina Menezes de Albuquerque Silveira. Uma das sequências mais lembradas da novela é quando Ester (Malu Mader), depois muito tempo chantageada e humilhada pela megera, a expulsa de casa, mandando a escrava fazer uma fogueira com todos os seus vestidos caros.

Destaque para a relação senhor-escravo entre Higino Ventura e Olívia, personagens de Paulo Betti e Cláudia Abreu. Betti interpretou com grande desenvoltura seu personagem-vilão, enquanto Cláudia – mesmo com Olívia sofrendo maus-tratos – não a deixou cair no dramalhão previsível e lacrimejante. Ambos não eram totalmente bons ou maus. Olívia era trapaceira e de caráter duvidoso, enquanto Higino mostrava momentos de sensibilidade.

Em uma participação nos primeiros capítulos, Sônia Braga voltou a atuar em uma novela depois de 19 anos afastada. Sua última havia sido Chega Mais, em 1980.

Isabel Fillardis, que fora chamada para viver a Clarice de Suave Veneno (1999), viu esse papel ser-lhe retirado sem maiores explicações. Escalada para Força de um Desejo, a atriz teve a oportunidade de interpretar uma das melhores personagens da novela, a divertida escrava Luzia.

Um workshop de duas semanas foi realizado com o elenco, incluindo quatro palestras ministradas por professores universitários, tendo como temas o Brasil Imperial, o cotidiano das fazendas de café e senzalas, e o período do Romantismo. Alguns atores tiveram aulas de esgrima, equitação, caligrafia e trabalhos de corpo e voz para se adaptarem ao linguajar e aos costumes da época retratada na novela.

Estreia na televisão dos atores Júlia Feldens, Sérgio Menezes, Ana Carbatti e Ranieri Gonzalez. Primeira novela na Globo dos atores Marcelo Várzea e Nill Marcondes.

Produção de arte, figurinos e cenografia

Foram levantadas 700 páginas de informações iniciais pela pesquisadora Clarisse Fuckelman, pelo historiador Bruno Barreto Gomide e pelo escritor e dramaturgo Chico Maciel.
Por meio do núcleo dos escravos, os aspectos da cultura banto, de origem africana, foram explorados pela primeira vez em uma novela.
Foi utilizada uma média de 60 figurantes em cada dia de gravação dos primeiros capítulos.
Em três semanas de gravação, cerca de mil velas já haviam sido consumidas na iluminação das cenas de interior.

Os filmes O Leopardo (1963), de Luchino Visconti, e Barry Lyndon (1975), de Stanley Kubrick, serviram de referência para retratar o Romantismo na novela.
Os filmes A Dama das Camélias (1936), de George Cukor, e Os Brutos Também Amam (1953), de George Stevens, foram a referência para a produtora de arte Denise Carvalho, que reconstituiu desde a redação de um jornal até todos os objetos usados nas casas da época.

O figurino de Ester (Malu Mader) foi inspirado nas roupas de Sissi, imperatriz da Áustria (1837-1898), que foi uma mulher com profundo senso de liberdade e modernidade.

A figurinista Beth Filipecki trouxe peças, tecidos e materiais importados para a confecção das roupas de época da novela. Muitas delas foram feitas em ateliês fora da TV Globo. Os figurinos consumiram 3 mil metros de tecidos diversos, como linho, tafetás de seda pura e adamascados ingleses e fibras naturais, usadas nas roupas dos escravos. (Site Memória Globo)

Para a ambientação da trama, a emissora criou a cidade cenográfica de Vila de Santana a partir de detalhes arquitetônicos encontrados nas cidades históricas de Minas Gerais, como Ouro Preto e Tiradentes.
Fazendas centenárias de Minas, Rio de Janeiro e São Paulo serviram como referências para os cenários das fazendas Ouro Verde, do barão Henrique Sobral (Reginaldo Faria), e Morro Alto, de Higino Ventura (Paulo Betti).

Uma estação de trem antiga, situada próximo a Teresópolis, foi adaptada para a época e serviu de cenário nas gravações da inauguração da estrada de ferro Rio-Vassouras. (Site Memória Globo)
Ainda cenas gravadas na praia de Grumari, no Alto da Boa Vista e no Forte São João, na Urca, Rio de Janeiro.

Tema de abertura

Para o tema da abertura, o produtor Daniel Filho usou uma valsa inédita de Tom Jobim (falecido em 1994), feita para sua mulher.

Daniel contou no livro “O Circo Eletrônico”:
“Liguei para a Ana e disse: ‘Sei que Tom tem várias músicas inéditas, ele sempre fazia uma valsinha e deixava escondido. Você tem alguma?’ Ela disse: ‘Tenho uma escrita para mim, chama-se Tema de Ana’.”
Para a novela, a música foi gravada por Jorge Morelenbaum.

Repetecos

Ao ser reapresentada no Vale a Pena Ver de Novo (entre 26/09/2005 e 10/02/2006), Força de um Desejo foi a primeira novela da emissora a usar o recurso “closed caption”. O processo permite a deficientes auditivos captarem em forma de legendas o que não se ouve na tela.

A novela também foi reprisada no Viva (canal de TV por assinatura pertencente ao Grupo Globo) entre 24/10/2022 e 15/07/2023, às 15h30, com reprise às 23h45.

Força de um Desejo foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming do Grupo Globo) em 14/08/2023.

01. O AMOR PRA MIM – Daniela Mercury (tema de Abelardo e Juliana)
02. DONO DE MIM – Sandra de Sá (tema de Zulmira e Jesus)
03. ROSAS DO SUL – André Rieu
04. VALSA DO DESEJO – Simone (tema de Inácio e Ester)
05. DOCE PRISÃO – Fafá de Belém (tema de Olívia e Mariano)
06. VIDA DE ARTISTA – André Rieu
07. SERENATA – Orquestra de Filadélfia
08. A VIAGEM DO CAFÉ – Roger Henri
09. VALSA EM DÓ SUSTENIDO MENOR, OP. 64, Nº 2 – Orquestra de Filadélfia (tema de Helena)
10. AS TERRAS DO BARÃO – Roger Henri
11. MIMAR VOCÊ – Virgínia Rodrigues (tema de Zulmira)
12. EMPEROR VALSE, OP. 437 – Orquestra Filarmónica de Viena
13. POLCA DE ANA (ANNEN POLKA) – Orquestra Filarmónica de Viena
14. TEMA DE ANA – Jaques Morelenbaum (tema de abertura)

Sonoplastia: Aroldo Barros e Haroldo Sá
Produção musical: Roger Henri
Direção musical: Mariozinho Rocha

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