Sinopse

Em Recife, uma coincidência, cujos efeitos serão sentidos por muito tempo, une quatro pessoas de origens diferentes, presas na mesma noite, condenadas cada uma a sete anos de reclusão. As razões pelas quais foram julgadas culpadas são questionáveis. Não pelos crimes em si, mas pelos caminhos que percorreram até o banco dos réus.

Elisa (Débora Bloch) não é capaz de superar a morte da filha Isabela (Marina Ruy Barbosa), assassinada a tiros pelo noivo Vicente (Jesuíta Barbosa) quando ele flagrou a amada nos braços do ex-namorado. O relacionamento de Elisa com Heitor (Cássio Gabus Mendes), reitor da universidade onde trabalha, até lhe ajuda a seguir a vida, mas o desejo de vingança não sai de sua cabeça e ela insiste com a ideia de fazer justiça com as próprias mãos. Já Vicente, que fica sete anos enclausurado, dorme todos os dias com a culpa e o arrependimento do crime que cometeu e tem como objetivo de vida conseguir o perdão de Elisa.

Fátima (Adriana Esteves) trabalha como doméstica na casa de Elisa. Ela vive com o marido Waldir (Ângelo Antônio) e os filhos pequenos Jesus e Mayara em um sítio na periferia. O cachorro do vizinho atazana a família até que morde Jesus e Fátima perde a cabeça, matando o cão. Para se vingar, o policial Douglas, dono do cão, incentivado pela namorada Kellen (Leandra Leal), ‘planta’ drogas no jardim da vizinha e ela é presa por sete anos. Neste tempo, a família se dispersou: Waldir morreu, Jesus (Tobias Carrieres) passou a viver nas ruas praticando pequenos delitos, e Mayara (Júlia Dalavia) virou garota de programa por intermédio da cafetina Kellen.

Rose (Jéssica Ellen) é filha da empregada da casa de Débora (Luisa Arraes), sua amiga desde sempre, e a distinção de cor e classe social nunca existiu na relação das duas. Em um luau no aniversário de Rose, elas compram drogas no quiosque de Celso (Vladimir Brichta) para serem consumidas também pelos amigos, quando são surpreendidas por uma batida policial. Apenas Rose é revistada por Douglas e vai presa, enquanto Débora passa impune, já que não teve coragem de dividir a culpa. Após sete anos atrás das grades, Rose reencontra a amiga e descobre que ela se tornou uma mulher fragilizada após sofrer um estupro. Juntas, elas decidem encontrar o criminoso.

Maurício (Cauã Reymond) é casado e apaixonado pela bailarina Beatriz (Marjorie Estiano). A felicidade do casal é abalada quando ela é atropelada por Antenor (Antonio Calloni), amante de Kellen, um político corrupto que dá um golpe na empresa de ônibus da qual é sócio e torna-se rico às custas dos outros, inclusive do parceiro de negócios Euclydes (Luiz Carlos Vasconcelos), pai de Vicente. Após o acidente, Beatriz fica tetraplégica e implora que seu marido cometa eutanásia. Maurício fica preso durante sete anos por ter matado a amada. Quando sai da cadeia, começa a colocar em prática seu plano de vingança contra Antenor, que fugiu sem prestar socorro após o atropelamento.

Globo – 22h30
de 22 de agosto a 23 de setembro de 2016
20 capítulos

minissérie de Manuela Dias
colaboração de Mariana Mesquita, Lucas Paraizo e Roberto Vitorino
direção de Luísa Lima, Walter Carvalho, Isabella Teixeira e Marcus Figueiredo
direção artística de José Luiz Villamarim

segunda-feira
JESUÍTA BARBOSA – Vicente
DÉBORA BLOCH – Elisa
MARINA RUY BARBOSA – Isabela
CAMILA MÁRDILA – Regina
CÁSSIO GABUS MENDES – Heitor
PRISCILA STEINMAN – Sara
LUIZ CARLOS VASCONCELOS – Euclydes
PEDRO LAMIM – Otto
CLÁUDIO FERRARIO – Silas
ILYA SÃO PAULO – Daniel
FABIANA FERREIRA – Bela (Isabela, filha de Vicente e Regina)
GIULIO LOPES – Amâncio (bibliotecário da faculdade onde Elisa leciona que arranja um trabalho para Vicente)
RÉGIS DE SORI – coveiro do cemitério onde Isabela está enterrada

terça-feira
ADRIANA ESTEVES – Fátima
ENRIQUE DIAZ – Douglas
LEANDRA LEAL – Kellen
JÚLIA DALAVIA – Mayara / Suzy
TOBIAS CARRIERES – Jesus
JÚLIO ANDRADE – Firmino
CLARISSA PINHEIRO – Irene
ÂNGELO ANTÔNIO – Waldir
LETÍCIA BRAGA – Mayara (criança)
BERNARDO BERRUZO – Jesus (criança)
GLAUBER ROCHA – Jeferson
NICHOLAS BAUER – Hans (cliente gringo de Suzy)

quinta-feira
JÉSSICA ELLEN – Rose
LUÍSA ARRAES – Débora
VLADIMIR BRICHTA – Celso
IGOR ANGELKORTE – Marcelo
PEDRO WAGNER – Osvaldo
FERNANDA VIANNA – Lucy
TECA PEREIRA – Zelita
NATALY ROCHA – Poltergeist
LEANDRO LÉO – Dez Porcento
ALEX PATRÍCIO FILHO – Igor
MÁRCIO FECHER – Falcão
KARINE TELLES – Cristina (diretora da escola que demite Débora depois dela abandonar as crianças na sala de aula)
ROBERTA SANTHIAGO – Eunice (presidiária amiga de Rose que pede para ela entregar sua filha bebê para Poltergeist)
DIANA HERZOG – atendente do restaurante que discrimina Rose por ela ser negra
DANIEL DIAS DA SILVA – gerente do restaurante que tenta consertar a situação de racismo passada por Rose
MAGDALE ALVES – Cátia (assistente social que recebe Débora e Marcelo)
STELLA RABELO – Elvira (assistente social que vai à casa de Debora e Marcelo, mas só ele está presente)

sexta-feira
CAUÃ REYMOND – Maurício
MARJORIE ESTIANO – Beatriz
ANTÔNIO CALLONI – Antenor
DRICA MORAES – Vânia
PEDRO NERCESSIAN – Téo
GIOVANA ECHEVERRIA – Vanessa
MAYARA MILLANE – Tânia
JOANA GATIS – Lovilace
MARIAH TEIXEIRA – Ariel
MOHANA UCHOA – Kika
ALBERT TENÓRIO – Serge (cliente gringo da sauna)
CRISTHIAN MONASSA – Bruno (amigo de Téo na faculdade)
CHICO MELLO – segurança da faculdade que arromba a porta do banheiro em que Vanessa está trancada
CHARLES FRICKS – médico que opera Beatriz e dá as explicações de seu estado para Mauricio

Sucesso

Sucesso de público e crítica, Justiça foi uma das melhores produções da TV brasileira dos últimos tempos. Por não cair no lugar comum e na previsibilidade do clichê fácil, tão comum nas novelas, a série/minissérie revelou-se um trabalho muito rico no conteúdo – sua maior qualidade -, suscitando reflexões ao discutir a linha tênue que separa a justiça subjetiva da vingança.

A autora Manuela Dias contou como surgiu a ideia de Justiça:
“A partir de um caso verídico: a moça que trabalhava na minha casa me pediu ajuda porque o marido estava preso por ter matado o cachorro do vizinho. Aquilo me deu um estalo sobre a esfera pessoal da questão das leis e punições. Observar a vida daquela mulher à beira da devastação depois desse acontecimento jurídico me mobilizou e acendeu a chama da minissérie.”

Tramas independentes

A cidade de Recife foi o palco em que quatro histórias diferentes se interligavam em determinados momentos, sendo cada dia da semana dedicado a uma delas – exceto às quartas-feiras, quando a atração não foi exibida. A trama acompanhou a vida de quatro personagens que foram condenados, passaram sete anos na prisão e tentavam retomar suas vidas. A protagonista de segunda-feira podia ser uma coadjuvante na terça, uma figurante na quinta e ter uma aparição relâmpago na sexta.

A história não se propunha a narrar a rotina dos tribunais nem questionar a aplicação das leis ou processos jurídicos, mas sim abordar o conceito de justo sob o ponto de vista ético e moral. Perdão, vingança e arrependimento foram alguns dos assuntos em pauta. Foi uma obra que, de maneira humana, fazia refletir sobre o justo na prática, no cotidiano dos personagens envolvidos.

A autora Manuela Dias explicou: “Não é uma minissérie sobre o sistema penal, tratamos sobre o que é justo. São histórias ligadas por um tema e por uma cidade”
O diretor artístico, José Luiz Villamarim completou: “Não é uma discussão forense. É uma provocação para o público. Saber o que é justo é uma questão particular”

As tramas de Justiça caminharam independentes e paralelamente. Porém, quanto mais o espectador se aprofundava nelas, mais se tornava capaz de entender as sutilezas de suas conexões. Um novo fato em uma das quatro tramas podia, por mais que parecesse corriqueiro à primeira vista, se tornar uma pista importante no contexto de outro personagem.

Dessa forma, a narrativa se complementou entre protagonistas e coadjuvantes, que mudavam de posição conforme a trama do dia. “Toda semana há um grande evento que une todas as histórias”, afirmou Manuela Dias.
Às segundas-feiras, por exemplo, Elisa (Débora Bloch) era patroa de Fátima (Adriana Esteves), que, às terças, teve seu caminho tranquilo barrado por Douglas (Enrique Diaz), o policial que, às quintas-feiras, prendeu Rose (Jéssica Ellen).

Esse emaranhado de ligações foi reforçado pela autora, que amarrou a trama com cenas que se repetiam ao longo da exibição, mas sempre revelando pontos de vista de diferentes personagens. E, assim, foi possível passear por cada drama e experimentar as várias sensações que a reflexão sobre o que é justo podia trazer.
“Criei uma trama no sentido de ter vários fios, que cercassem a percepção do justo. São histórias conectadas por um tema e uma cidade”, complementou a autora.

“A ideia é fazer do formato um atrativo e não uma dificuldade. A cada dia, a cada cena conjunta que une personagens das quatro tramas, o público vai ganhar um presente: uma mesma situação será vista por vários pontos de vista. E a cada repetição de cena, o público vai perceber algum detalhe novo”, explicou Villamarim.

“Nessa minissérie, forma é conteúdo. A ideia do formato e a ideia das histórias nasceram juntas. O que é justo depende do ponto de vista em que vemos a questão. Por isso, contar a história sob diversos pontos de vista é uma questão estrutural que explora o conteúdo trazendo uma nova forma narrativa”, complementou Manuela Dias.

Pontas soltas

O roteiro instigante de Justiça veio acompanhado de uma direção artística primorosa (de José Luiz Villamarim), com cenários reais de Recife, fotografia de Walter Carvalho e uma trilha sonora empolgante. Foram diferenciais e tanto, principalmente na intenção de afastar-se do eixo Rio-SP e de auferir o máximo de naturalismo na narrativa.

A única crítica ficou por conta de algumas pontas soltas no roteiro, que exigiram mais do que boa vontade do telespectador. Pairou no ar a dúvida com a relação à temporalidade da ação, que foi do atropelamento de Beatriz (Marjorie Estiano) à prisão de Maurício (Cauã Reymond). Em uma mesma noite aconteceu: o atropelamento, a vinda do socorro, a internação, o diagnóstico médico de que ela estava tetraplégica, a decisão dela de morrer, a eutanásia em si, a chegada da polícia, a prisão e a ação na delegacia.

Elenco

O elenco todo fez bonito, com destaque às interpretações de Débora Bloch, Jesuíta Barbosa, Camila Márdila, Adriana Esteves, Enrique Diaz, Leandra Leal, Julia Dalavia, Luísa Arraes, Jessica Ellen, Antônio Calloni e Drica Moraes. Ainda as participações rápidas e especiais de Marina Ruy Barbosa e Marjorie Estiano.

Marina Ruy Barbosa praticamente emendou um trabalho no outro. Mal terminou as gravações da novela das sete Totalmente Demais (em que vivia a protagonista), a atriz foi gravar suas cenas em Justiça, como Isabela, vítima de um assassinato. Marina afirmou que o convite para viver a personagem era irrecusável, por causa da importância do projeto.

Jéssica Ellen e Priscila Steinman, do elenco de Totalmente Demais, também deixaram a novela e entraram em Justiça.

Caracterizações, cenografia e locações

A equipe trabalhou desde maio de 2016 nas gravações, que começaram no Recife e seguiram nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro.

Caracterizados com roupas que traduziam o espírito de Recife, das ruas, das pessoas que circulam pelo centro da cidade, os atores passaram por um processo de desconstrução. A encomenda foi de Villamarim, que pediu para deixar fora do set qualquer artifício que afastasse os personagens da realidade. Por isso, a equipe trabalhou com o mínimo de maquiagem e um figurino sem glamour. Nem mesmo as unhas das atrizes foram pintadas, à exceção das que trabalhavam no Snack Night Club.

Lu Moraes, a responsável pela caracterização dos atores, contou que antes de propor qualquer caminho, fez um levantamento para evitar que seus personagens se assemelhassem com antigos trabalhos dos atores envolvidos. Foi assim que nasceu a ideia de clarear os cabelos de Julia Dalavia e Vladimir Brichta, por exemplo. Lu abraçou o desafio proposto por Villamarim e passou a olhar para o elenco buscando o que é simples. “Aqui não há brilho, tampouco cabelos com cara de festa, tem gente com olheiras por noites mal dormidas. A história é fictícia, mas o que se sente ao conhecer os personagens é crível, humano, visceral”, esclareceu.

Das locações usadas em Recife aos cenários erguidos no Rio, a ordem também foi criar ambientes reais. Em Pernambuco, muito pouco foi mexido nos locais escolhidos como cenários. Após sair da prisão, Vicente (Jesuíta Barbosa) foi viver em um apartamento simples, bem diferente de sua realidade antes de ser preso.

O local escolhido foi um dos apartamentos do edifício Holiday, arquitetura colossal muito conhecida na cidade. Fábio Rangel, cenógrafo da minissérie, reforçou que a equipe entrou no apartamento, onde vivia uma família, e não mexeu em quase nada. “Não tiramos nada do lugar. Eu fiquei bastante impressionado ao ver os atores circulando naquele cenário. É muito realista”, disse.


01. Contrastes
02. Doors (featuring Felipe Alexandre)
03. Último Suspiro (featuring Bibi Cavalcante)
04. Justice (featuring Felipe Alexandre)
05. Elisa (featuring Guilherme Rios)
06. Quatro Caminhos
07. Waves (featuring Filipe Mendonça)
08. Memorial
09. Pilares (featuring Bibi Cavalcante)
10. Pina
11. Vicente (featuring Felipe Alexandre)
12. Liberdade (featuring Felipe Alexandre)
13. Antenor
14. Efants
15. Luz (featuring Guilherme Rios)
16. Afeto (featuring Filipe Mendonça)
17. Mangue Streets
18. Borboletas (featuring Felipe Alexandre)
19. Tracking
20. Heitor (featuring Felipe Alexandre)
21. Refraction (featuring Filipe Mendonça)
22. Sem Paredes (featuring Guilherme Rios)
23. Lunar (featuring Filipe Mendonça)
24. Areial (featuring Filipe Mendonça)
25. Contra Todos (featuring Felipe Alexandre)
26. Arquivo Morto (featuring Guilherme Rios)
27. Scapes (featuring Felipe Alexandre)
28. Avenger (featuring Felipe Alexandre)
29. Dark Wheels (featuring Filipe Mendonça)
30. Entrelaços
31. Frestas (featuring Filipe Mendonça)
32. Hook (featuring Guilherme Rios)
33. Mayara (featuring Bibi Cavalcante)
34. Peculiar (featuring Guilherme Rios)
35. Recifes (featuring Filipe Mendonça)
36. Selfie (featuring Bibi Cavalcante)

Música original de Eduardo Queiroz

Ainda
ACABOU CHORARE – Novos Baianos
AMOR PERFEITO – Roberto Carlos
CANDY – Iggy Pop
CHÃO DE GIZ – Zé Ramalho
CRUA – Otto
DONA DA MINHA CABEÇA – Geraldo Azevedo
É O AMOR – Zezé Di Camargo e Luciano
EXTRA – Gilberto Gil
FUI FIEL – Pablo
GENTE ABERTA – Erasmo Carlos
HALLELUJAH – Rufus Wainwright
O QUE SERÁ (À FLOR DA PELE) – Milton Nascimento e Chico Buarque (também a gravação com Caetano Veloso)
PEDAÇO DE MIM – Chico Buarque e Zizi Possi
PENSE EM MIM – Johnny Hooker e Eduardo Queiroz
REVELAÇÃO – Fagner
RISOFLORA – Elba Ramalho
ÚLTIMO ROMANCE – Los Hermanos
VAMOS FUGIR – Gilberto Gil

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