Sinopse

O rico empresário Dom Lázaro Venturini, sócio majoritário da Venturini Designers, é obrigado a conviver com Ricardo Miranda, que detém trinta por cento das ações da empresa e é o fruto do adultério de sua falecida mulher. Ricardo mantém um caso secreto com Isadora Venturini, apesar de todos acharem que eles se odeiam. Ela é a viúva do filho de Dom Lázaro e nunca teve a simpatia do velho. Além de Dom Lázaro, outras pessoas têm motivos de sobra para odiar Ricardo e Isadora.

Ricardo foi o responsável pela ruína de Felipe Melo, ao negar-se a livrá-lo da condenação por uma falcatrua. A filha de Felipe, Patrícia, planeja vingança seduzindo e se envolvendo com Ricardo, mesmo sendo bem mais jovem que ele. Para tanto, ela se torna amiga de sua problemática filha, Jéssica. Porém, Patrícia não contava que fosse se apaixonar de verdade por Ricardo Miranda.

Contra Isadora se juntam a socialite Mimi Toledo e a manicure Berenice. Mimi fora apaixonada por Cláudio, o falecido marido de Isadora, e preterida por ela. E Berenice quer vingar a filha, Fernanda, da humilhação sofrida por Isadora, que não aceitou a jovem como namorada do filho dela, o retraído Marco Antônio. Essa vingança coloca em cena Doca, um pobretão que se infiltra na alta sociedade na pele do falso milionário Eduardo Costabrava, para seduzir a filha de Isadora, Vitória.

Globo – 20h30
de 29 de outubro de 1990
a 18 de maio de 1991
173 capítulos

novela de Cassiano Gabus Mendes
escrita por Cassiano Gabus Mendes, Maria Adelaide Amaral e Djair Cardoso
colaboração de Luís Carlos Fusco
direção de Paulo Ubiratan, Reynaldo Boury e Ricardo Waddington
direção geral de Paulo Ubiratan e Marcos Paulo

Novela anterior no horário
Rainha da Sucata

Novela posterior
O Dono do Mundo

SILVIA PFEIFER – Isadora Venturini
JOSÉ MAYER – Ricardo Miranda
LIMA DUARTE – Dom Lázaro Venturini
CÁSSIO GABUS MENDES – Doca / Eduardo Costabrava
LÍDIA BRONDI – Fernanda
MARCOS PAULO – André Manfrini
YONÁ MAGALHÃES – Valentina Venturini
THALES PAN CHACON – Henrique
LIZANDRA SOUTO – Vitória
ADRIANA ESTEVES – Patrícia
ARMANDO BÓGUS – Felipe Melo
NÍVEA MARIA – Berenice
LUCIANA BRAGA – Dirce
FÁBIO ASSUNÇÃO – Marco Antônio
MYLLA CHRISTIE – Jéssica
ARICLÊ PEREZ – Rosa Maria / Rose Marie Costabrava
ZILDA CARDOSO – Elza
JORGE DÓRIA – Emílio
GUILHERME KARAN – Porfírio
VERA ZIMMERMANN – Magda
MILA MOREIRA – Bianca
MONIQUE ALVES – Luciana
FRANÇOISE FORTON – Marcela
SÔNIA CLARA – Angelina
SÉRGIO VIOTTI – Toledo
MARIA ESTELA – Gigi (Gisela)
EDSON FIESCHI – João Manoel
MARCELO GALDINO – Jorge
HUGO GROSS – Zé Guilherme
STÊNIO GARCIA – Argemiro
ÍSIS DE OLIVEIRA – Mimi Toledo
LUMA DE OLIVEIRA – Ana Maria Batista

e
ADELAIDE PALETTE (ADELAIDE CONCEIÇÃO)
AGNES FONTOURA – Maria Elisa (amiga de Isadora)
ALEXANDRE ARRAES – office-boy na Venturini Designers
ALEXANDRE CARDOSO
ALEXANDRE CASTRO – mordomo dos Venturini
AURICÉIA ARAÚJO – Dona Noemi (carola da paróquia do Belenzinho, vizinha de Elza e Emílio)
BIANCA BLONDE – Neide (empregada de Felipe)
CARMEM MELLO – secretária de André
CASTRO GONZAGA – delegado que investiga o assassinato de Ana Maria
CHICO EXPEDITO – comparsa de Argemiro
CLÁUDIA MAGNO – Eulália (amiga de Dirce)
CLAUDIONEY PENEDO – porteiro no prédio onde Ricardo tem seus encontros secretos com Isadora
CRISTINA BITTENCOURT – Roberta (filha de Gigi)
DANTE RUY – Rubem Miranda (pai de Ricardo, ex-sócio de Dom Lázaro, em flashbacks)
DARSON RIBEIRO
DARY REIS – amigo de Emílio
DEBORAH SECCO
EDSON SILVA – Rômulo (gerente do banco no qual que Gigi tem conta)
ELIANA ROCHA – mãe de Dirce (a voz)
ELIAS GLEIZER – Genaro Chipolina
ELY REIS
EMERSON VANELLI
FÁBIO JUNQUEIRA – detetive
FÁBIO VILLA VERDE – Bira
FELIPE CARONE – Seu Benedito (vizinho de Elza)
FELIPE WAGNER – advogado da Patrícia
FLÁVIA CAVALCANTI – Ana Maria (substituiu Luma de Oliveira na cena da morte da personagem)
GEORGE OTTO – Joãozinho (namorado de Jéssica no início, com quem ela planejava fugir)
GIOVANNA ALBUQUERQUE – secretária de Valentina
GUSTAVO OTTONI – funcionário da Venturini Designers
HENRIQUE CÉSAR – Aguinaldo (chefe de Felipe no banco)
HENRIQUETA BRIEBA – Dona Pequenina (carola da paróquia do Belenzinho, vizinha de Elza e Emílio)
HERSON CAPRI – Cláudio Venturini (marido de Isadora, filho de Dom Lázaro, morre no início)
IVAN CORRÊA
JOÃO CAMARGO – detetive contratado por Valentina para seguir Henrique
JOÃO LUIZ FIANI – Ivan Márcio (advogado de Ricardo Miranda)
JOSÉ STEIMBERG – Fausto
JÚLIO BRAGA – Ananias
JUSSARA CALMON – Kátia (empregada dos Venturini)
LÍCIA MAGNA – Dona Lulu (carola da paróquia do Belenzinho, vizinha de Elza e Emílio)
LUÍS WASHINGTON
LUIZ SANTIAGO
MARIA GLADYS – Eusébia
MATHEUS NACHTERGAELE – cliente em um bar (figuração)
MAURO MENDONÇA – Padre Francisco (da paróquia do Belenzinho)
MILTON ANDRADE – médico
MILTON MORAES – Couto
MÍRIAN PIRES – Matilde
NELSON DANTAS – Denilson (amigo de Emílio)
PAULO FIGUEIREDO – Padre Celso (da paróquia do Belenzinho, substituto do Padre Francisco)
PAULO REZENDE
PAULO UBIRATAN – paquera de Bianca, no final
ROBERTO MORAES
ROUPA NOVA como eles mesmos, fazendo um show em uma casa noturna
RUTÍLIO DE OLIVEIRA
SILVANA BUGARELLI – designer
TATHEENA REZENDE
THELMA RESTON – Zoraide (cartomante que acompanha Emílio a um baile)
TURÍBIO RUIZ – Seu Rodrigues (vizinho de Elza que a acompanha a um baile)
VANESSA – recepcionista
VERA LÚCIA RIBEIRO
WALDEMAR BERDITCHEVSKY – membro da paróquia de Belenzinho
ZAÍRA ZAMBELLI – moça no salão de beleza em que Berenice trabalha
Alberto (advogado do setor jurídico da Venturini)
Bernadete (empregada na casa de Bianca)
Horácio (marido de Gigi)
Lúcia (amiga de Ana Maria)
Marcos (dono do boteco, patrão de Jorge)
Menezes (traficante envolvido com Ana Maria)
Tamandaré (assassino dos cães do Belenzinho)
Zico (menino de rua adotado por Bianca)

– núcleo de RICARDO MIRANDA (José Mayer), homem odiado por muitos, pela personalidade autoritária e prepotente, e amado pelas mulheres, pela fama de sedutor. A morte de sua mulher é um mistério que gera especulações. É sócio na Venturini Designers, empresa que leva com pulso firme, inclusive peitando os demais sócios:
a filha problemática JÉSSICA (Mylla Christie), que insiste em saber sobre a sua mãe, que não conheceu;
a mulher MARCELA (Françoise Forton), dada como morta, na verdade estava internada por problemas psicológicos. Restabelece-se, volta à cena e luta pelo casamento;
a governanta ANGELINA (Sônia Clara), ajudou a criar Jéssica. Mantinha Marcela na clínica em segredo.

– núcleo de ISADORA VENTURINI (Silvia Pfeifer), também sócia da Venturini Designers. Mulher chique e arrogante, tenta controlar a vida dos filhos. O marido morre no início. É obrigada a conviver com o sogro, que a detesta, e o sentimento é recíproco. Mantem um caso velado com Ricardo, apesar de, na frente de todos, demonstrarem que se odeiam:
o sogro DOM LÁZARO VENTURINI (Lima Duarte), fundador e sócio majoritário da Venturini Designers. Odeia Ricardo, pois ele é filho de sua falecida mulher, Maria Helena, fruto de uma traição. Também odeia a nora, pois sabe que ela trai o seu filho;
os filhos MARCO ANTÔNIO (Fábio Assunção), rapaz tímido e dominado pela mãe;
e VITÓRIA (Lizandra Souto), garota de personalidade forte, o oposto do irmão;
a irmã de Dom Lázaro, VALENTINA (Yoná Magalhães), mulher elegante, volta da Europa para trabalhar na empresa da família;
o marido CLÁUDIO (Herson Capri), filho de Dom Lázaro, morre no início;
o amigo ANDRÉ MANFRINI (Marcos Paulo), executivo da Venturini Designers, apaixonado por ela, com quem acaba se casando por contrato. Como era de se esperar, o casamento fracassa, já que ela não o ama;
a melhor amiga de Vitória, MAGDA (Vera Zimermann), assídua frequentadora da mansão Venturini, garota provocante e sonsa;
o secretário de Dom Lázaro, PORFÍRIO (Guilherme Karan), apaixonado por Magda, a chama de “Divina Magda”. Vive assediando ela com cantadas obscenas.

– núcleo de DOCA (Cássio Gabus Mendes) rapaz inteligente e pobretão. É pago para se envolver com Vitória, como parte de um plano de vingança contra Isadora, mãe dela. Para isso, infiltra-se na alta sociedade como o falso milionário EDUARDO COSTABRAVA:
a mãe ROSA MARIA (Ariclê Perez), costureira, mulher simples e delicada. É apresentada na alta roda como a socialite ROSE MARIE COSTABRAVA, a mãe de Eduardo Costabrava. Confundida por Dom Lázaro com a mulher dele, Maria Helena, por causa da semelhança física;
a avó ELZA (Zilda Cardoso), aposentada, sem papas na língua, não leva desaforo para casa. Vai trabalhar como enfermeira de Dom Lázaro quando ele sofre um derrame;
a namoradinha suburbana DIRCE (Luciana Braga), apaixonada por ele, mas assediada por Marco Antônio, com quem se casa no final;
o amigo JORGE (Marcelo Galdino), que trabalha no bar onde ele trabalhava, apaixonado por Dirce.

– núcleo de FERNANDA (Lídia Brondi), garota batalhadora, de origem humilde. Ex-namorada de Marco Antônio, foi humilhada por Isadora por ser pobre. Envolveu-se com André, mas, ao final, acabou apaixonada por Doca, com quem brigava muito no início:
a mãe BERENICE (Nívea Maria), manicure, queria vingar-se de Isadora por ela ter humilhado sua filha, por isso ajuda a criar a farsa de Eduardo Costabrava usando Doca;
o avô EMÍLIO (Jorge Dória), aposentado, desbocado, chegado numa bebida. Vive às turras com a vizinha Elza, avó de Doca, com quem trava brigas homéricas;
o pai ARGEMIRO (Stênio Garcia), ex-presidiário que sai da cadeia disposto a infernizar a sua vida. Volta a praticar crimes e acaba morto pela polícia.

– núcleo de FELIPE MELO (Armando Bógus), executivo que é processado por uma falcatrua que cometeu. Ricardo era o único que podia livrar a sua cara, mas não o fez, por isso ele o odeia. Envolve-se com Berenice:
os filhos JOÃO MANOEL (Edson Fieschi), um playboy irresponsável, odeia Berenice por ela ser pobre. Namorado de Vitória no início, não se conforma por ter sido preterido por Eduardo Costabrava, por isso o persegue
e PATRÍCIA (Adriana Esteves), para vingar-se de Ricardo – que indiretamente prejudicou seu pai – ficou amiga da filha dele, Jéssica, e o seduziu. Mas acabou perdidamente apaixonada por ele;
o amigo de João Manoel, ZÉ GUILHERME (Hugo Gross), dá em cima de Fernanda.

– núcleo da socialite MIMI TOLEDO (Ísis de Oliveira), antiga paixão de Cláudio Venturini, foi preterida por Isadora, por isso ela a odeia. Planejou com Berenice uma vingança contra sua rival: as duas criam o personagem Eduardo Costabrava, um falso rico, personificado por Doca, para seduzir Vitória, filha dela. No meio da trama, abandona seu plano de vingança e o marido para fugir para a Europa com um amante mais jovem:
o marido TOLEDO (Sérgio Viotti), homem bem mais velho que ela, milionário adepto das artes, meio desligado das coisas práticas do mundo. Aceita na boa a fuga da mulher;
a amiga GISELA (Maria Estela), a ajuda em seu plano e dá continuidade quando ela foge para a Europa.

– núcleo de HENRIQUE (Thales Pan Chacon), um boa-vida que se envolve com Valentina por interesse, com quem acaba se casando:
a irmã BIANCA (Mila Moreira), secretária de Ricardo na Venturini Designers, ama o chefe platonicamente;
a amiga LUCIANA (Monique Alves), apaixonada por ele, divide um apartamento com Bianca, trabalha na Venturini Designers como secretária de Isadora;
a garota de programa ANA MARIA (Luma de Oliveira), por quem ele se apaixona. Era paga por Isadora para se envolver com Ricardo. Acaba assassinada por Valentina quando ela descobre o caso dela com Henrique. No final, Valentina é presa pelo crime.

Autor realocado

Cassiano Gabus Mendes, novelista conhecido por sucessos da faixa das 19 horas da Globo, era, pela segunda vez, realocado para o horário das oito da noite. Em 1983, escreveu Champagne para as 20 horas, substituindo Janete Clair, deslocada para o horário das dez (no qual ela escreveu Eu Prometo).

Em 1990, Dias Gomes escreveria a novela substituta de Rainha da Sucata, às oito da noite. Entretanto, com o sucesso inesperado de Pantanal na TV Manchete, a Globo preferiu Dias para bater de frente com a concorrente, às 21h30, e lançou Araponga (escrita por Dias, Lauro César Muniz e Ferreira Gullar). Enquanto isso, Cassiano foi acionado às pressas para a nova novela das oito.

No início, por pouco mais de um mês, Meu Bem Meu Mal enfrentou a expectativa da reta final de Pantanal, mesmo não concorrendo diretamente com ela. A Manchete já não esperava mais terminar a novela das oito da Globo para iniciar a sua. O capítulo de Pantanal começava antes justamente para prejudicar a audiência da adversária. Só depois do término da atração da Manchete (em dezembro de 1990), é que a Globo respirou aliviada.

Puro folhetim

Meu Bem Meu Mal foi uma coprodução da TV Globo e da Tycoon, produtora com a qual a emissora assinara um contrato de três anos para a produção de programas. (Site Memória Globo)

Poder-se-ia esperar que, após a inovadora Que Rei Sou Eu? (1989), Cassiano viesse com mais novidade. Porém, o próprio novelista avisou que não criaria nada de novo. E assim foi. Meu Bem Meu Mal não passou do mais puro folhetim. Entretanto, Cassiano sabia como segurar a atenção dos telespectadores com os esgarçados e irresistíveis clichês da telenovela, aqui usados à exaustão.

A história de Meu Bem Meu Mal tinha referências em duas novelas de sucesso da TV Tupi do tempo em que Cassiano Gabus Mendes era executivo dessa emissora. A trama da doença de Dom Lázaro (Lima Duarte), patriarca de uma rica família que sofre um derrame, remete à novela O Direito de Nascer (1965). E o personagem Doca (Cássio Gabus Mendes) é uma reedição do Beto Rockfeller (1968-1969), vivido por Luis Gustavo: pobretão que se passa por rico e engana a alta sociedade, assediado por três mulheres de classes sociais diferentes.

Amor e Ódio foi o primeiro título pensando para Meu Bem Meu Mal. Em 2001, o SBT lançou uma novela com esse nome.

Atriz demitida

Ísis de Oliveira, que interpretava a socialite Mimi Toledo, uma personagem importante para a trama da novela, se desentendeu com a produção deixando-a na metade. Ísis faltou às gravações de fim de ano (dezembro de 1990) e seu contrato foi rescindido. Nunca mais atuou em novelas da Globo.

O autor mandou uma indireta à atriz na fala do personagem Toledo (Sérgio Viotti), seu marido na trama, que disse que sua mulher, que partira para a Europa para não mais voltar, “havia sido demitida por excesso de faltas ao trabalho”.

Luma de Oliveira, irmã de Ísis que estava no elenco, também deixou a novela antes do prazo, logo após a demissão de Ísis. Sua personagem, Ana Maria, acabou assassinada. Luma sequer chegou a gravar a cena da morte da personagem: foi substituída pela Miss Brasil 1989 Flávia Cavalcanti, parecida fisicamente com ela. A imprensa noticiou à época que Luma pediu para sair da novela por causa de sua gravidez. (revista Contigo, 12/01/1991, pesquisa Sebastião Uellington Pereira)

Meu Bem Meu Mal sofreu um desfalque com a saída de Ísis de Oliveira. Sem Mimi Toledo à frente de seu plano de vingança, a trama central desandou. Mimi deixou a vingança nas mãos de Berenice (Nívea Maria) e Toledo (Sérgio Viotti), tipos bonzinhos demais, forçados a levarem adiante um plano cruel contra Vitória (Lizandra Souto) para atingir a mãe dela, Isadora (Silvia Pfeifer). Uma total incoerência com relação aos perfis dos personagens (Berenice e Toledo). O próprio Doca/Eduardo (Cássio Gabus Mendes), que usou a moça, era, no fundo, gente boa. Quer dizer, gente boa ou não de acordo com a necessidade do roteiro.

Cassiano Gabus Mendes sempre deixou claro que escreveria um dramalhão. Foi o que fez. E, diante das adversidades (saída das irmãs Ísis e Luma), mandou às favas a coerência. De resto, sobrou um folhetim assumido com um elenco afiado em ótima produção.

Eu quero melão!

Uma das cenas mais marcantes de nossa Teledramaturgia: a enfermeira Elza (Zilda Cardoso), que vai preparar o café do acamado Dom Lázaro Venturini (Lima Duarte), impossibilitado de falar e se locomover, pergunta se ele prefere mamão ou melão, quando ele – inesperadamente – responde: “Eu quero melão!”

Dom Lázaro recuperou a fala. No período em que esteve mudo, o personagem foi testemunha de segredos de outros personagens e da tentativa de assassinato pela nora, Isadora (Silvia Pfeifer).

O Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional enviou nota à imprensa desaconselhando o uso de bolas de borracha em tratamentos fisioterápicos, como o que era feito com o personagem Dom Lázaro, que sofreu um derrame ao longo da trama e ficou preso a uma cadeira de rodas.

Elenco

Última novela de Lídia Brondi, que encerrou sua carreira de atriz após esta. Lamentavelmente, na pior de suas personagens em televisão. Fernanda passou a maior parte da novela sem função alguma na história. Não tinha um par romântico fixo e era desajustada emocionalmente. Só ao final, Fernanda e Doca se entenderam, um par romântico sob medida para o casal da vida real, Lídia e Cássio Gabus Mendes, que assumiu uma relação após o término da novela, vindo a se unir definitivamente logo depois.

Primeira novela da ex-modelo Silvia Pfeifer – bastante criticada na época, por sua interpretação. Anteriormente ela havia atuado na minissérie Boca do Lixo, de Silvio de Abreu, exibida naquele mesmo ano, 1990. Apesar das críticas iniciais, Silvia mostrou um crescimento ao longo da novela e ficou para sempre marcada por sua personagem, Isadora Venturini.

Também a estreia em novelas dos então jovens atores Fábio Assunção e Mylla Christie.

Zilda Cardoso e Jorge Dória viveram uma engraçada dupla de humor – Dona Elza e Seu Emílio -, bastante alheia à trama central. Os dois viviam às turras, trocando ofensas.
Também fez sucesso o jogo sensual e debochado entre Porfírio (Guilherme Karan) e a “Divina” Magda (Vera Zimermann), outro casal marcante da novela.

Em entrevista ao canal de internet All TV, em novembro de 2003, Guilherme Karan revelou que Cassiano Gabus Mendes tinha um carinho especial por seu personagem Porfírio:
“No último dia de gravação, uma atriz, que eu não posso revelar o nome, se aproximou de mim e disse que todas as declarações que Porfírio havia feito à Divina Magda durante a novela, ela havia ouvido na vida real do Cassiano. Eu descobri que havia vivido o alter-ego do autor!”

Stênio Garcia entrou para o elenco de Meu Bem Meu Mal em sua metade, para viver o ex-marido de Berenice (Nívea Maria), que saía da cadeia. Porém, o ator foi escalado para a atração seguinte no horário, O Dono do Mundo, e teve de deixar a novela de Cassiano Gabus Mendes antes do final.

Quando Meu Bem Meu Mal já estava no ar, Marcos Paulo, que atuava vivendo o personagem André Manfrini, acumulou a função de diretor na trama, em substituição a Paulo Ubiratan. (Site Memória Globo)

Primeira novela de Maria Adelaide Amaral, que atuou como colaboradora de Cassiano Gabus Mendes, aceitando a um convite seu. Anteriormente, ela havia tido uma única experiência na televisão, em 1979, ao colaborar com Lauro César Muniz na novela Os Gigantes – experiência esta que a própria Maria Adelaide não conta como válida.

Locações

Como a história era ambientada em São Paulo, vários pontos da cidade serviram de locação: o restaurante La Tambouille, a sorveteria Swensen’s, o São Paulo Golf Clube, a casa de espetáculos Palace, a danceteria Aeroanta e a Vila Maria Zélia, conjunto de casas no bairro do Belenzinho, na Zona Leste, onde ficava o núcleo pobre.

Os moradores do Belenzinho protestaram porque acharam que o bairro estava sendo mostrado de forma depreciativa e pejorativa na novela, como sinônimo de pobreza e mau gosto.

Caracterizações

Silvia Pfeifer esbanjou charme e sofisticação com sua Isadora Venturini. A figurinista Helena Gastal foi a Nova York montar o guarda-roupa da personagem, que vestia Giorgio Armani e Claude Montana e usava bolsas Chanel. A tiara e a faixa larga que ela usava no cabelo ganharam as ruas.

O corte de cabelo de Lídia Brondi, no papel de Fernanda – tipo “cuia”, curto, batido atrás, com franja reta – já era moda na época. Foi o mesmo usado por Demi Moore no filme Ghost, do Outro Lado da Vida (1990), de Jerry Zucker.

Abertura

Os objetos vistos na bela abertura (pulseira, caneta, vidro de perfume, abajur de parede, chaleira e telefone) eram todos criação do designer Hans Donner, então responsável pelas aberturas dos programas da TV Globo.

Hans revelou a Flávio Ricco e José Armando Vannucci, para o livro “Biografia da Televisão Brasileira”:
“Como a protagonista da novela seria uma designer, Boni me deu carta branca para criar o que quisesse, desde que fosse algo impactante. E fui desenhando móveis, telefones, canetas, joias, frascos de perfume. Construindo tudo em tamanho gigante. Esta foi a chance que tive de realizar o sonho de fazer desenho industrial.”

“Em vinte dias produzimos tudo, gravamos os casais [que aparecem na abertura, em meio aos objetos], fizemos aquele frasco de perfume explodir, jorrando óleo de carro – que, pela cor dourada e pela consistência, ficava parecendo perfume mesmo”, relatou Donner em seu livro “Hans Donner e seu Universo”.

Exibição

Meu Bem Meu Mal foi reapresentada no Vale a Pena Ver de Novo, entre 12/08 e 22/11/1996.

Também exibida no Viva (canal de TV por assinatura pertencente ao Grupo Globo), entre 21/03 e 08/10/2016, às 14h30 (com reprise à 1 da manhã).

A novela foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming do Grupo Globo) em 28/09/2020.

Trilha sonora nacional

01. MEU BEM MEU MAL – Marcos André (tema de abertura)
02. SETEMBRO – Ivan Lins (tema de Fernanda)
03. ESSE TAL DE REPI EN ROLL – Roupa Nova (participação especial Commodores) (tema de Vitória)
04. AMOR VIRA-LATA – Wando (tema de Doca)
05. MORENO MORENO – Lúcia Helena (tema de Patrícia)
06. TANTO QUERER – Beth Carvalho (tema de Felipe e Berenice)
07. VALENTINA – Roger Henri (tema de Valentina)
08. SEPARAÇÃO – Milton Guedes (tema de Ricardo)
09. ILEGAL, IMORAL OU ENGORDA – Léo Jaime (tema de Jéssica)
10. VOCÊ PRA MIM – Fernanda Abreu (tema de Ana Maria)
11. AMOR CLANDESTINO – João Mineiro e Marciano (tema de Dirce)
12. AMOR E ÓDIO – Rosa Maria (tema de Isadora)
13. DREAMING – Roger Henri (tema de André)
14. METRÓPOLE – Nova Era (tema geral)

Sonoplastia: Guerra Peixe Filho
Direção musical: Mariozinho Rocha
Produção musical: Roger Henri

Trilha sonora internacional

01. BEING BORING – Pet Shop Boys (tema de Porfírio e Magda)
02. TOM’S DINER – DNA (featuring Suzanne Vega) (tema de Jéssica)
03. I’M NOT IN LOVE – Will to Power (tema de Vitória)
04. BLUE SAVANNAH – Erasure
05. WE – Malcolm Forest (tema de Marco Antônio e Dirce)
06. WHERE ARE YOU BABY? – Betty Boo (tema de Bianca)
07. UNCHAINED MELODY – Righteous Brothers (tema de Isadora)
08. PIANONEGRO – Pianonegro (tema de locação: São Paulo)
09. HAVE YOU SEEN HER – M.C. Hammer (tema geral)
10. LOCO MIA – Loco Mia (tema de locação)
11. BY MY SIDE – INXS (tema de Fernanda)
12. SUCH A LOVELY NIGHT (I’M CRAZY TO LEAVE YOU) – William Pitt (tema de Patrícia)
13. BASTARDO AMORE – Fred Bongusto
14. STRANGERS – Rick Melch (tema romântico geral)

Gerente de produto: Toninho Paladino
Seleção de repertório: Sérgio Motta

Tema de abertura: MEU BEM MEU MAL – Marcos André

Você é meu caminho
Meu vinho, meu vício
Desde o início estava você

Meu bálsamo benigno
Meu signo, meu guru
Porto-seguro onde eu vou ter

Meu mar e minha mãe
Meu medo e meu champagne
Visão do espaço sideral

Onde o que eu sou se afoga
Meu fumo e minha yoga
Você é minha droga
Paixão e carnaval

Meu bem, meu zen, meu mal…

Veja também

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Brega e Chique

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