Sinopse

Nina, uma jovem professora do interior, emprega-se em um dos mais tradicionais colégio de São Paulo, onde a moral da década de 1920 está instalada em todos os seus conceitos. Ao saber que a escola havia rejeitado a matrícula da menina Isadora porque ela é filha de artistas, a professora manifesta-se contra a decisão.

A partir daí, a trama se desenrola contrapondo os ideais de Nina aos dos personagens conservadores. Por meio de seu liberalismo, ela enfrentará obstáculos intransponíveis, principalmente com a família do barão Antônio Torres Galba, membro ativo do PRP, o Partido Republicano Paulista.

Sua luta para impor novas idéias e o seu amor pelo italiano Bruno di Fiori são duramente contestados, pelos costumes da época em relação à sua posição, e por Arlete, filha do barão, na disputa por Bruno. Ele é um imigrante italiano que administra os bens da família Galba. Arlete se apaixona pelo homem de confiança de seu pai e faz o possível para conquistá-lo.

Todavia, um crime abala a rotina do colégio. Uma aluna é assassinada e a culpa recai sobre a professora Nina, que passa a lutar por sua inocência.

Globo – 22h
de 27 de junho de 1977
a 13 de janeiro de 1978
142 capítulos

novela de Walter George Durst
roteiro final de Walter Avancini
direção de Fábio Sabag
direção teatral (Lyra das Mimosas) de Klaus Vianna
supervisão de Walter Avancini

Novela anterior no horário
reprise de O Bem-Amado

Novela inédita anterior no horário
Saramandaia

Novela posterior
O Pulo do Gato

REGINA DUARTE – Nina
ANTÔNIO FAGUNDES – Bruno di Fiori
ROSAMARIA MURTINHO – Arlete
MÁRIO LAGO – Barão Antônio Torres Galba
MARIA FERNANDA – Mariana
JOSÉ AUGUSTO BRANCO – Lourival
REGINA VIANNA – Marta
ELZA GOMES – Madame Naná
MARIA CLÁUDIA – Doralda
MARCOS PAULO – Miguel
OSMAR PRADO – Morungaba
JOSÉ LEWGOY – Professor Frazão (Protógenes de Oliveira Frazão)
ARY FONTOURA – Fialho
MARIA ZILDA – Mimi
FÁBIO JÚNIOR – Anjo (Alvinho)
CARLOS GREGÓRIO – Nélio
LÚCIA ALVES – Chiquinha
MARIA HELENA VELASCO – Geni
ANA MARIA NASCIMENTO E SILVA – Iracema
MARÍLIA BARBOSA – Mazinha
MÁRIO CARDOSO – João Cláudio
KÁTIA D’ANGELO – Maria Clara
SÔNIA REGINA – Ana Cândida
CRISTINA MULLINS – Maria Eugênia
LAURO GÓES – Clemente
PAULO RAMOS – Afrânio
VANÍSIO MELLO – Clóvis
FERNANDO JOSÉ – Fonsequinha (Anacleto Fonseca)
SÔNIA OITICICA – Angélica
ARACY CARDOSO – Dalva
MARIA POMPEU – Clorinda
NORMA SUELY – Sagrada
BRANDÃO FILHO – Simão
ROSITA TOMAZ LOPES – Marcolina
LÚCIA MELLO – Tetéia
PAULO GONÇALVES – Arturo
REGINA MACEDO – Dona Antonela
TELMO AVELAR – José Alípio Sá
FERREIRA LEITE – Sinésio
CHICA XAVIER – Escolástica
ROSANA PENNA – Rosário
LINA ROSSANA

a menina ISABELA GARCIA – Isadora

e
ANA ARIEL – Haydée
CLÁUDIO CAVALCANTI – Grimaldi (advogado de defesa de Nina)
FERNANDO GONÇALVES – Godofredo
FLÁVIO SANTHIAGO – inspetor
KLAUS VIANNA – Seu Juca
LUIZ ARMANDO QUEIRÓZ – Dr. Agripino (promotor no processo contra Nina)
MIÉLE AMADO – carcereira
MÍRIAN PIRES – Dona Nicota
NEUZA AMARAL – Doralice
PATRÍCIA FIGUEIREDO – Dulce
SILVIO MARTINS – Meio-Quilo
VINICIUS SALVATORE – Salvatore

– núcleo de NINA (Regina Duarte), jovem professora que luta contra o conservadorismo em um dos mais tradicionais colégios de São Paulo. Seu comportamento, autêntico e íntegro, entra em choque com a moral da época:
seu amor BRUNO (Antônio Fagundes), imigrante italiano, administrador dos bens da família Galba, um homem leal e sóbrio
a mãe de Bruno, DONA ANTONELA (Regina Macedo)
a dona da pensão onde Nina mora, TETÉIA (Lúcia Mello)
a empregada da pensão ESCOLÁSTICA (Chica Xavier).

– núcleo do BARÃO ANTÔNIO TORRES GALBA (Mário Lago), homem conservador, membro do Partido Republicano Paulista (PRP). Não acredita na capacidade de sua família para continuar os negócios, por isso apóia-se em Bruno, seu administrador:
as filhas ARLETE (Rosamaria Murtinho), solteira, mulher sensível e inteligente, apaixonada por Bruno, disputa-o com Nina,
MARIANA (Maria Fernanda), viúva, mulher altiva e orgulhosa, herdou o comportamento aristocrático da família,
e MARTA (Regina Vianna), toda a sua capacidade é anulada pelo marido, o que a deixa frustrada. Com isso, projeta na filha as suas aspirações
o genro LOURIVAL (José Augusto Branco), marido de Marta, um homem conservador e oportunista. Dirige o colégio onde Nina leciona e se torna um dos maiores perseguidores da professora
os netos: JOÃO CLÁUDIO (Mário Cardoso), filho de Mariana, rapaz simpático. Apesar de ter sido educado para ser o sucessor ao avô, não se interessa pelos negócios da família,
MARIA CLARA (Kátia D’Angelo), filha de Mariana, moça bonita e ambiciosa, tem gosto pelas artes,
e ANA CÂNDIDA (Sônia Regina), filha de Marta e Lourival, objeto de todas as atenções da mãe.

– núcleo da MADAME NANÁ (Elza Gomes), atriz decadente, comanda um teatro mambembe e vive das lembranças do passado. Mantém relações estreitas com fazendeiros, jornalistas e os Mordedores, que compõe grande parte de seu público frequente. Dirige um grupo de vedetes chamado Lyra das Mimosas:
as Mimosas: DORALDA (Maria Cláudia), moça de personalidade forte, primeira atriz do grupo. Semianalfabeta, precisa que outras pessoas leiam suas falas para que possa interpretar seus personagens. Torna-se amiga de Nina,
CHIQUINHA (Lúcia Alves), GENI (Maria Helena Velasco), MAZINHA (Marília Barbosa) e IRACEMA (Ana Maria Nascimento Silva)
o “ponto” do teatro SINÉSIO (Ferreira Leite), quem sussurra o texto para as atrizes em cena.

– núcleo dos Mordedores, frequentadores do teatro de Madame Naná, vivem de aplicar pequenos golpes:
MIGUEL (Marcos Paulo), rapaz carente e incapaz de suportar a rotina de um trabalho diário, preferindo viver de expedientes e pequenos artifícios
MORUMGABA (Osmar Prado), típico malandro, trabalha na seção de encomendas dos Correios, onde limita-se a bater o ponto. Ao descobrir que Naná guarda uma valise cheia de dinheiro, arma um plano para roubá-la fingindo estar apaixonado por ela
NÉLIO (Carlos Gregório), trabalha no cartório, mas deseja ser artista, apesar de não ter qualquer talento. Sonha em participar dos primeiros filmes que começam a ser feitos
ALVINHO, conhecido como ANJO (Fábio Jr.), rapaz sonso, tem uma expressão angelical da qual se valem os amigos para os mais variados golpes.
o pai de Miguel, SIMÃO (Brandão Filho), funcionário público, um homem feio, porém bem-sucedido entre as mulheres, seu ponto fraco. Não reconhece o filho, que mora em sua casa como hóspede
a mulher de Simão, MARCOLINA (Rosita Tomaz Lopes), conselheira da vila em que moram. Reclama frequentemente das atividades dos Mordedores.

– núcleo dos professores do colégio dirigido por Lourival:
ANACLETO FONSECA (Fernando José), ANGÉLICA (Sônia Oiticica), DALVA (Aracy Cardoso), SAGRADA (Norma Suely) e CLORINDA (Maria Pompeu).

– núcleo dos estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco:
CLEMENTE (Lauro Góes), defensor ardoroso do recém-criado Partido Democrático
AFRÂNIO (Paulo Ramos), lidera o grupo ligado ao Partido Republicano Paulista
CLÓVIS (Vanísio Mello), líder da terceira facção do diretório, pertence ao Partido da Mocidade.

– demais personagens:
PROFESSOR FRAZÃO (José Lewgoy), viúvo, pai de uma menina, ex-integrante de uma famosa dupla de bailarinos. Atualmente, sem a mesma agilidade de outrora, é obrigado a dar aulas de dança de salão. Quer matricular a filha no colégio de Lourival, atendendo a um pedido da mãe da menina, feito pouco antes de morrer
ISADORA (Isabela Garcia), filha de Frazão, tem sua matrícula no colégio negada por Lourival, tornando-se o pivô de uma das principais discussões da trama
FIALHO (Ary Fontoura), apresenta-se como bacharel e cineasta, mas, na verdade, aplica golpes atraindo incautos com a promessa de participações em grandes filmes
MIMI (Maria Zilda), comparsa de Fialho em seus golpes
ARTURO (Paulo Gonçalves), membro da conservadora União Operária, se opõe ao trabalho de Bruno
JOSÉ ALÍPIO SÁ (Telmo Avelar), fazendeiro em Itu, visita com frequência a capital
MARIA EUGÊNIA (Cristina Mullins), aluna do colégio misteriosamente assassinada, a culpa recai sobre Nina e ela é presa.

Novela censurada

Na segunda metade de 1976, Walter George Durst preparava para a Globo a novela substituta de Saramandaia na faixa das 22 horas: Despedida de Casado. A produção estava adiantada, com capítulos gravados e editados e chamadas de estreia no ar, quando foi vetada pelos censores do Regime Militar, que julgaram o tema – separação de casais – impróprio. Durst teve de, às pressas, preparar uma trama substituta.

Enquanto a Globo colocou no horário uma reprise de O Bem-Amado como tapa-buraco, o autor começou a escrever Nina, que aproveitava boa parte da equipe e elenco de Despedida de Casado.
Situação semelhante à que acontecera no ano anterior (1975), quando Roque Santeiro foi censurada, a Globo providenciou a reprise de Selva de Pedra como tapa-buraco, e Janete Clair foi acionada às pressas para escrever a novela substituta, Pecado Capital, aproveitando o mesmo elenco e equipe.

Pouca repercussão

Um dos mais apurados trabalhos de criação dos que tiveram acesso à televisão até então. Porém, mesmo apurado, não motivou o grande público.

Uma mudança na história, a partir do assassinato de uma aluna no colégio (no capítulo 73), deu início a uma nova fase: Nina, à la Garçonne, assim intitulada devido ao corte de cabelo que a personagem foi obrigada a fazer.
Mesmo assim, a novela continuou muito prejudicada pela ação da censura, que quase deixava impraticável o seguimento da ação. (“Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes)

A pouca repercussão de Nina, juntamente com as das duas tramas seguintes – O Pulo do Gato e Sinal de Alerta –, ajudou a sepultar a faixa das 22 horas para novelas da Globo, que acabou extinta em 1979.

Apesar de não ter sido um sucesso de público, Nina foi aplaudida pela crítica, tendo recebido os seguintes prêmios da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) referentes à edição de 1977: melhor roteiro de novela, para o autor, Walter George Durst; melhor ator, para Antônio Fagundes e Mário Lago (juntamente com Lima Duarte, por Espelho Mágico, e Carlos Augusto Strazzer, por O Profeta); e melhor atriz, para Rosamaria Murtinho (juntamente com Nicette Bruno, por Éramos Seis).

Interferência da censura

De acordo com os scripts enviados para a apreciação da Censura Federal, a personagem Nina, a princípio, seria uma religiosa, e o liceu onde ela lecionava, um colégio de freiras. De acordo com o pesquisador Cláudio Ferreira no livro “Beijo Amordaçado – A Censura às Telenovelas Durante a Ditadura Militar”:

“(…) mais uma substituição confirmada, desta vez num dos ambientes da estória: o colégio religioso tinha se transformado num colégio leigo e particular e o tratamento dos professores (entre eles Nina, personagem de Regina Duarte) mudaria de ‘irmã’ para ‘dona’.”

Elenco

Estrelada por Regina Duarte, no papel-título, afastada havia três anos e meio de novelas, Nina começava a apagar da atriz a imagem de “namoradinha do Brasil” – o que se consolidou definitivamente em 1979, com a série Malu Mulher.

Primeira novela do ator-cantor Fábio Júnior e das atrizes Ana Maria Nascimento e Silva e Sônia Regina.

Cláudio Marzo, que integrava o elenco de Despedida de Casado, gravou vinte capítulos de Nina e saiu. Seu personagem, Miguel, foi repassado a Marcos Paulo. Marzo, inclusive, passou um tempo fora da Globo – fez uma novela na TV Tupi (Roda de Fogo) – e retornou em 1979 (para a novela Olhai os Lírios do Campo).

Lyra das Mimosas

O palco do teatro da Escola de Arte Dramática Martins Pena, no Rio de Janeiro, serviu para as gravações dos shows da Lyra das Mimosas, grupo de vedetes da novela, comandadas na trama por Madame Naná (Elza Gomes). O som vinha do conjunto formado por Abel Ferreira, no clarinete, Zé da Velha, no trombone, Arnaldo Martines Vieira, no piano, Plínio de Araújo, na bateria, Enedyr dos Santos Araújo, no contrabaixo, e Teófilo Alves Pereira.

O coreógrafo Klauss Vianna orientava teatralmente as atrizes Maria Cláudia, Lúcia Alves, Marília Barbosa, Maria Helena Velasco e Ana Maria Nascimento e Silva, enquanto o diretor Fábio Sabag cuidava das gravações. Embora a direção musical da novela ficasse a cargo do maestro Júlio Medaglia, quem comandava a música por trás da Lyra das Mimosas era Abel Ferreira. (Jornal Última Hora, 19/07/1977, TV-Pesquisa PUC Rio)

Gravações no Rio e em São Paulo

As cenas externas de época foram gravadas na Estação da Luz, na capital paulista; em Bananal, limite dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo; e em Santa Teresa, Praça Mauá, Centro e Alto da Boa Vista, na cidade do Rio de Janeiro.

Logotipo

Para o logotipo de Nina, o designer gráfico Hans Donner usou o alfabeto que havia criado anos antes, com sua então mulher Sylvia Trenker, no qual, em cada letra, aparecia o rosto de uma melindrosa.

A colunista social do jornal O Globo, Nina Chaves, correspondente na Europa, usava o mesmo alfabeto, que havia comprado na França, como sua marca registrada. A jornalista exigiu que a Globo mudasse o logotipo da novela, ou lhe pagasse pela utilização das letras, até que conheceu o criador do alfabeto e teve de voltar atrás em seu pedido. (“Hans Donner e seu Universo”, Hans Donner)

E mais

Não confundir Nina com Gina, novela exibida no ano seguinte (1978), às 18 horas, escrita por Rubens Ewald Filho, com Christiane Torloni no papel-título. Uma trama nada tem a ver com a outra.

Trilha sonora nacional

01. VAMOS DEIXAR DE INTIMIDADE – João Nogueira
02. PACIENTE – César Costa Filho
03. BREJEIRO – A Cor do Som
04. EU DEI – Marília Barbosa (tema da Lyra das Mimosas)
05. NÊGO VÉIO QUANDO MORRE – Os Originais do Samba
06. APANHANDO PAPEL – Luiz Ayrão
07. PRIMEIRO AMOR – Altamiro Carrilho (tema de abertura)
08. QUEM É – Sônia Santos e Grande Otelo (tema de Morungaba e Naná)
09. ATRAENTE – Os Turunas da Paulicéia
10. HÁ UMA FORTE CORRENTE CONTRA VOCÊ – Os Frajolas
11. CHORO E POESIA – Altemar Dutra
12. URUBU MALANDRO – Netinho e Seu Conjunto
13. FLOR AMOROSA – Maria Marta (tema de Nina)
14. O ALMOFADINHA – Ivon Cury

Direção musical: Júlio Medaglia
Sonoplastia: Paulo Ribeiro
Direção de produção: Guto Graça Mello
Pesquisa de repertório: Arnaldo Schneider
Assistente de produção: Yara Vidal
Arregimentação: João Pinheiro
Arranjos: Radamés Gnatalli, Pachequinho e José Briamonte

Trilha sonora internacional

01. CHARLESTON – Enoch Light & The Light Brigade
02. WHISPERING – Bing Crosby
03. YES SIR, THAT’S MY BABY – The Good Old Times
04. SWANEE – Al Jolson
05. 12TH STREET RAG – Jerry Smith
06. MARIE – Enoch Light & The Light Brigade
07. BABY FACE – The Gatsby Brothers
08. EDELWEISS – Myron Floren
09. BLUE SKIES – Frank Sinatra & Tommy Dorsey Orchestra
10. SWEET GEORGIA BROWN – Traditional Jazz Band
11. IT HAD TO BE YOU – Sammy Kaye
12. ON THE SUNNY SIDE OF THE STREET – Louis Armstrong
13. ’29 – Ralph Richardson
14. MALA FEMMENA – Giacomo Rondinella (tema de Nina e Bruno)
15. I’M ALONE – Fleming
16. COME BACK PLEASE – Danny Davis

Veja também

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Gabriela (1975)

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Despedida de Casado

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Carga Pesada (1979)