Sinopse

A empreiteira Ângela Mahler (Patricia Pillar) abre as portas da sua mansão para uma festa que reúne negócios e interesses familiares, expectativas amorosas e financeiras, tensões e antagonismos. O principal deles, entre a anfitriã e seu sócio Carlos Braga Vidigal (Tony Ramos). Apesar de comemorarem a parceria em um negócio milionário, com falsa cordialidade, existe um ódio que incita grandes especulações.

No centro das atenções, está a jovem Duda (Sophie Charlotte), a “filha de coração” de Ângela. Até a chegada do ambicioso Bruno Ferraz (Daniel de Oliveira), que trabalhava para a empresa de Braga, mas pediu demissão por causa de uma ótima proposta financeira feita por Ângela. Em seu novo emprego na Mahler Engenharia, Bruno se envolve com Duda, protegida da empresária.

Bruno acumula outras conquistas na empresa ao ter um caso clandestino com a advogada Gilda (Cassia Kiss), casada com o também advogado Bernardo Rezende (José de Abreu), que trabalha para Braga. Ao trafegar pelas informações das empresas dos dois empreiteiros, Bruno influencia a vida de ambos. Cada um, à sua maneira e intensidade, se envolve com o rapaz de forma definitiva.

A noite cintilante da alta sociedade, regada a álcool, drogas e sexo, termina com um crime. Em meio à tempestade, um corpo aparece boiando na piscina. É Bruno Ferraz, misteriosamente assassinado durante a festa. O crime faz disparar uma trama de suspense. Quem matou? Foi acidente, suicídio ou assassinato? Algum convidado ou funcionário da casa está ligado à morte?

Com a descoberta do corpo, todos passam a ser suspeitos do crime: Oswaldo (Julio Andrade), um jornalista bipolar que tem uma crise durante o evento; Kiko (Pablo Sanábio), o esperto namorado da rica viúva Vic Garcez (Vera Holtz); o penetra Alan (Jesuíta Barbosa), de caso com Maria Angélica (Camila Morgado), filha de Vic; e a promoter Roberta Camargo (Mariana Lima), responsável pela lista de convidados.

Também são suspeitos Braga e Bernardo, que têm seus interesses contrariados, e os funcionários que fazem parte do staff do evento, sobretudo do buffet, formado por um grupo de ex-presos comandado pelo chef Piérre (Jean-Piérre Noher). Todos são interrogados na investigação policial comandada pelo delegado Nuno Pedroso (Marcos Palmeira) e sua assistente Rosa Nolasco (Dira Paes).

Globo – 23h
de 14 de julho a 12 de setembro de 2014
36 capítulos

novela de George Moura e Sérgio Goldenberg
baseada no original de Bráulio Pedroso
colaboração de Charles Peixoto, Flávio Araújo, Lucas Paraíso e Mariana Mesquita
direção de Paulo Silvestrini, Walter Carvalho e Luísa Lima
direção geral e núcleo de José Luiz Villamarim

Novela anterior no horário
Saramandaia

Novela posterior
Verdades Secretas

PATRÍCIA PILLAR – Ângela Mahler
SOPHIE CHARLOTE – Duda (Maria Eduarda)
DANIEL DE OLIVEIRA – Bruno Ferraz
TONY RAMOS – Carlos Braga da Costa
CÁSSIA KISS – Gilda Rezende
MARCOS PALMEIRA – Delegado Nuno Pedroso
DIRA PAES – Rosa Nolasco
JOSÉ DE ABREU – Bernardo Rezende
VERA HOLTZ – Vic Garcez
CAMILA MORGADO – Maria Angélica
JESUÍTA BARBOSA – Alan
JÚLIO ANDRADE – Oswaldo
MARIA FLOR – Camila
PABLO SANÁBIO – Kiko
BEL KOWARICK – Lídia
MARIANA LIMA – Roberta Camargo
LAURA NEIVA – Betina
BIANCA MULLER – Mirna
EUCIR DE SOUZA – Brandão
JEAN-PIERRE NOHER – Piérre
CÉSAR FERRARIO – Adão
ELEA MERCÚRIO – Ludmila
CLÁUDIO JABORANDY – Severino
VAL PERRÉ – Zé Maria
NIKOLAS ANTUNES – Fininho
ANTÔNIO FÁBIO – Nilo
ANNA COTRIN – Lourdes
CYRIA COENTRO – Marineide
RODRIGO RANGEL – Canetti
HOSSEN MINUSSI – Alfredo
MARCELO TORREÃO – Antenor
MICHEL NOHER – Antônio Gonzalez
NICOLA LAMA – Stephano Giorgio
MIGUEL ARRAES – Michel
OLÍVIA TORRES – Valentina
VINÍCIUS DE OLIVEIRA – Edu
NANDO BRANDÃO – HD
ANNA TOKIKO – Magda

e
AISHA JAMBO
ANNA GAMA
BERNADETE ARAÚJO – Júlia (filha de Pedroso e Ana Paula)
BETINA KOPP
BRUNO VALENTE – filho de Ângela nas cenas de flashback
CACÁ SANTINI
CACO BARESI – porteiro no prédio do escritório de Gilda
CÂNDIDO DAMM – psiquiatra de Oswaldo
CARLOS MAGNO RIBEIRO
CHICO EXPEDITO – delegado na prisão de Valentina e Jonas
DETO MONTENEGRO – Major Fred
DIANA BEHRENS
DIOGO GÉLIO
DYEGO MENEZES – João (filho de Pedroso e Ana Paula)
EDUARDO SALLES
HELENA MARQUES
FELIPE NIEMEYER
FELIPE SCHERR
FLÁVIA RUFINO
GABI COSTA
GUILHERME PRATES – Jonas
JADE PETRUCCELI
JÉSSICA CORES
JOÃO GUESSER
LOUISE MARIE
LUAR MARIA
LUCIANA BRITTES – Ana Paula (ex-mulher de Pedroso)
LUCIANA RODRIGUES
MARCELO MENEZES
MATHEUS LUCENA
NAIANA BORGES
NATASHA MELMAN
NECO IBANEZ – comparsa do major Fred
NICOLAS BAUER
RAFAEL NARDI
RAPHAEL MARTINS
RENATO CHAGAS
RICARDO RICCO
RODRIGO PAVON – Gabriel
ROGÉRIO BARROS
THIAGO BURLIM

– núcleo de ÂNGELA MAHLER (Patrícia Pillar), milionária dona de uma das maiores construtoras do país, a Mahler Engenharia. Após a morte do marido e dos dois filhos em um acidente de helicóptero, assumiu o comando da empresa e decidiu mudar suas parceiras de negócios com a Braga Engenharia, comandada pelo sócio e rival. Depois da tragédia familiar, Ângela se apegou à filha da governanta, morta também no acidente, e decidiu criá-la. Abre as portas da sua mansão para uma festa da alta sociedade que reúne negócios e interesses familiares. Um assassinato nessa festa dá início à história:
a filha adotiva DUDA (Sophie Charlotte), perdeu a mãe no mesmo acidente de helicóptero que matou o marido de Ângela e os filhos. Foi acolhida pela empresária e passou a participar de sua vida. No entanto, vive se desentendendo com a milionária, porque esta implica com suas amizades e relacionamentos. Contra a vontade de Ângela, teve um romance com um ambicioso profissional contratado por ela para espionar seu maior inimigo
a promoter ROBERTA CAMARGO (Mariana Lima), que organiza sua festa, comunicativa e competente, referência para empresários, artistas e celebridades
os seguranças: BRANDÃO (Eucir de Souza), era atirador de elite da Polícia Militar,
e ZÉ MARIA (Val Perré), que já teve um caso com uma sicialite amiga de sua patroa
a governanta LOURDES (Anna Cotrim), que passou a trabalhar na mansão após a morte da mãe de Duda
o motorista NILO (Antônio Fábio), era o homem de confiança do marido de Ângela até virar espião do inimigo dela por dinheiro. É casado e pai de uma filha, mas leva uma vida dupla. Está sendo extorquido por um garoto de programa com quem teve um caso
a vítima BRUNO FERRAZ (Daniel de Oliveira), encontrado morto na piscina durante a festa na mansão. Especialista em conquistar e manipular as pessoas, vive de vender informações. Pragmático, louco por dinheiro e poder, prestou serviços de Tecnologia da Informação para a Braga Engenharia, mas foi contratado por Ângela com o triplo do salário, para espionar os negócios do ex-patrão. Tentou fisgar Duda, porém, não conseguiu a aprovação do relacionamento por parte de Ângela, provocando uma guerra familiar.

– núcleo de CARLOS BRAGA VIDIGAL (Tony Ramos), dono da Braga Engenharia. Amigo do marido de Ângela, sempre foi parceiro dos Mahler, mas nunca gostou da mulher dele. Após a morte do amigo, é obrigado a manter sua empresa ligada a de Ângela em nome dos negócios. Com sede de poder e dinheiro, nunca teve medo de correr riscos e se envolver em negociatas. Esconde segredos com Bruno, seu ex-funcionário. Participa do esquema de licitações fraudulentas que Ângela pretende denunciar à Justiça e decide acabar com a milionária antes que ela acabe com ele:
a esposa LÍDIA (Bel Kowarick), mulher determinada, forte e companheira, que ajudou o marido a crescer e vencer na vida. Ela sabe que Braga tem amantes, mas prefere fazer vista grossa e gozar da boa vida que a fortuna proporciona.

– núcleo de GILDA REZENDE (Cássia Kiss), diretora jurídica da Mahler Engenharia. Passou a ser o braço direito de Ângela quando esta assumiu a presidência depois da morte do marido. Antes, quem ocupava o cargo era seu próprio marido, com quem ela mantém um casamento de aparências. Por conta disso, ela e o marido passaram a viver às turras e se tratam como inimigos nada cordiais. Ambos têm amantes. No caso de Gilda, a traição se dá com Bruno, o que a mantém em uma posição de rivalidade com Duda:
o marido BERNARDO REZENDE (José de Abreu), falador e beberrão, advogado que presta consultoria para Braga, de quem tornou-se amigo e parceiro de tramoias. Era o diretor jurídico da Mahler, mas com a morte do patrão, foi posto para escanteio por Ângela, que tinha mais afinidade com sua esposa Gilda. Embora seja casado, vive praticamente separado da mulher. Ambos têm relacionamentos extraconjugais e vivem uma intensa rivalidade
os filhos MICHEL (Miguel Arraes) e VALENTINA (Olívia Torres), que foi detida ao ser flagrada com um traficante.

– núcleo de VIC GARCEZ (Vera Holtz), amiga de Ângela, viúva alegre que “enterrou” dois maridos ricos. Herdeira de duas fortunas, ela se revelou uma bem-sucedida investidora de imóveis, mas nunca deixou de ser uma mulher extrovertida e animada, que gosta de festas e curtir a vida. Já teve um tórrido romance com Zé Maria quando ele foi seu segurança. Atualmente, Vic anda numa fase meio conturbada por conta do ciúme que sente do namorado anos mais jovem:
a filha MARIA ANGÉLICA (Camila Morgado), amiga de Duda, um furacão sexual, não sai da pista das boates mais badaladas. Reprova os relacionamentos da mãe, pois acha que ela é sempre usada por rapazes mais jovens que só querem dinheiro. Diversão sem compromisso é o seu lema
o namorado KIKO (Pablo Sanábio), charmoso e malandro, gosta de dinheiro e tudo que ele proporciona: conforto, poder e acima de tudo prazer. Amigo de Bruno, com quem divide uma casa, desfruta sem culpa de tudo que Vic pode lhe dar. O que quase ninguém sabe é que ele tem um amor secreto. Planeja conseguir verba para comprar e revender drogas e ganhar uma bolada de dinheiro
as amigas de Maria Angélica e Duda: BETINA (Laura Neiva), exibicionista e amante das redes sociais, trabalha para Roberta abastecendo as redes sociais com notícias em tempo real sobre os eventos. Seu celular é um acessório valioso,
e MIRNA (Bianca Muller), amante de Bernardo, divertida e cleptomaníaca.

– núcleo de ALAN (Jesuíta Barbosa), penetra da festa de Ângela Mahler que conseguiu o convite após roubar a bolsa de um homem. Sempre foi bom de bola, mas quando viu que já não tinha mais chance de ser um futuro craque, começou a se envolver com o crime. Almejando ações mais rentáveis, decide partir para o saque de mansões com seus parceiros de delito. Envolve-se com Maria Angélica:
a mãe MARINEIDE (Cyria Coentro), senhora humilde e trabalhadora. Sonhava que o filho se tornasse jogador de futebol, mas suas expectativas foram frustradas. Ela desconfia, mas prefere não admitir o lado marginal do filho. Vítima de uma doença grave, há meses espera por um transplante na fila do SUS
os amigos parceiros de crimes: EDU (Vinícius de Oliveira) e HD (Nando Brandão), que tem uma oficina especializada em atender motoboys.

– núcleo de OSWALDO (Júlio Andrade), jornalista primo de Lídia. Sofre de transtorno bipolar severo e toma fortes remédios controlados. Sem eles, é uma bomba-relógio. Durante os surtos, delira, fica com taquicardia e manias de perseguição, vendo imagens distorcidas e cenas ameaçadoras por toda parte. Embora a mulher não saiba, ele está desempregado, falido e ameaçado por agiotas:
a esposa CAMILA (Maria Flor), vive em função da doença do marido que sofre de bipolaridade severa. Mesmo muito culpada com a possibilidade de abandoná-lo, decidiu que não podia desperdiçar sua vida por causa dele. Carente, deixou se envolver por Kiko, mesmo sabendo que ele mantém um caso com Vic. Até a hora em que decide virar o jogo.

– núcleo de ANTONIO GONZALEZ (Michel Noher), campeão mundial de Fórmula 1 que fez um carreira meteórica no automobilismo. Solteiro e rico, é o garoto-propaganda do lançamento da plataforma de petróleo da Mahler & Braga Óleo e Gás e o ilustre convidado da festa. Ângela acha que ele é um bom partido para Duda:
o empresário STEFANO GIORGIO (Nicola Lama).

– núcleo do buffet de PIERRE (Jean Pierre Noher), chef de cozinha. Moderno, de personalidade forte e exigente, é dono de um restaurante considerado um dos três melhores do mundo. Só faz buffets na casa de ricos, como Ângela e Braga, com quem tem uma dívida de gratidão. Lidera um projeto que oferece oportunidade de reinserção social para ex-presidiários no mercado de trabalho através da culinária:
os cozinheiros: ADÃO (César Ferrario), amargurado, no passado, foi preso por um crime que envolve a família Mahler, que vitimou seu irmão mais novo. Ainda culpa o clã Mahler por suas desgraças,
FININHO (Nikolas Antunes), ex-presidiário, tinha uma pequena firma de exportação de pescado. Ambicioso, caiu numa armadilha e foi preso por traficar drogas junto com a carga de pescado
a namorada LUDMILA (Elea Mercurio), ajudante de cozinha. Muito sensual, embora emocionalmente carente, gosta de provocar os homens. Envolve-se com Fininho
o garçom SEVERINO (Cláudio Jaborandy), sujeito simpático, prestativo e falastrão, sempre contando piadas ou zombando dos outros com humor e versos de tradição repentista. Convivendo com esse nordestino divertido, ninguém imagina que seja um matador de aluguel: foi contratado por Braga para assassinar Ângela.

– núcleo do delegado NUNO PEDROSO (Marcos Palmeira), policial que investiga a morte de Bruno, incorruptível, corajoso e bom de briga. Desafia o poder sublinhado por sua luta constante contra os criminosos de colarinho branco e na defesa dos direitos humanos. Convocado para desvendar o assassinato e os demais crimes que passam a ocorrer na mansão de Ângela Mahler
a investigadora ROSA NOLASCO (Dira Paes), mulher de caráter, cética e obcecada pelo trabalho. Organizada, metódica e irônica, é uma policial de olhar detalhista, capaz de enxergar o que quase ninguém percebe. Viveu um intenso caso amoroso com Pedroso logo depois da separação dele
os policiais: CANETTI (Rodrigo Rangel), pavio curto, rápido no gatilho e destemido, policial respeitado pela coragem e determinação,
e ALFREDO (Hossen Minussi), bom de lábia, é do time dos policiais honestos, mas já teve sérios problemas com a bebida
o perito ANTENOR (Marcelo Torreão)
a ex-mulher ANA PAULA (Luciana Brittes), jornalista com quem teve dois filhos: JOÃO (Dyego Menezes) e JÚLIA (Bernadete Araújo).

Adaptação

Adaptação da novela original de Bráulio Pedroso, exibida pela Globo entre 1974 e 1975. Os autores leram os 112 roteiros de capítulos da novela original, mas só assistiram ao primeiro e ao 98º, os únicos que se salvaram do incêndio ocorrido nas dependências da emissora em junho de 1976.

Não se trata de um remake, mas de uma nova versão da história, com novas tramas e personagens. A estrutura da história criada por Bráulio Pedroso foi preservada pelos autores George Moura e Sérgio Goldenberg, que prometeram (e cumpriram), nas palavras de Moura, “uma versão reverente a ele, mas com uma recriação substancial”.

Narrativa

Algumas mudanças ficaram muito evidentes. Ziembinski estrelou o original como o protagonista Conrad Mahler, o anfitrião da festa na história. Patrícia Pillar ocupou desta vez o posto, como Ângela Mahler. Em 1974, Conrad tinha um “sobrinho”, Cauê, personagem de Buza Ferraz. Na nova versão, o parente próximo de Ângela coube a uma atriz, Sophie Charlotte, que viveu Duda.
A intenção, disse George Moura, foi “espelhar a força feminina no mundo atual”.

A ação, como no original, se passava em três tempos: a festa, o dia seguinte, com a investigação, e flashbacks mostrando o passado de cada personagem e suas possíveis motivações para matar.
“A narrativa é serializada, e construímos a ação de forma que o espectador também conte os minutos. Tudo muito ágil. No primeiro capítulo, o público já verá os personagens dançando depois de beber muito. Todo mundo virou aquilo que não era”, comentou George Moura.
A divisão entre as cronologias não tinha pesos iguais, como explicou Sérgio Goldenberg, parceiro de Moura na roteirização: “Quando a novela avança, o presente cresce.”

Essa construção narrativa foi vista pelos realizadores como algo mais fácil de ser compreendido pelo público hoje – acostumado a seriados americanos como Lost e 24 Horas – do que em 1974. Foi como resumiu o diretor José Luiz Villamarim:
O Rebu de hoje não é tão arriscado como o de 1974. Mas segue tão moderno quanto.”
Ele se referia à ação contida em pouco mais de 24 horas entre a descoberta do corpo da vítima e a conclusão da investigação.

Confusão no público

Ledo engano! Assim como em sua primeira versão, O Rebu não foi um sucesso popular. A novela terminou com média final de 15 pontos no Ibope da Grande São Paulo, a mesma de Saramandaia, a atração da faixa no ano anterior.

O motivo pode ter sido o mesmo da novela dos anos 1970: causou confusão no público, muito acostumado às tramas mastigadinhas das novelas convencionais e alheio a histórias policiais mais elaboradas. A narrativa não linear exigia atenção redobrada. Talvez, o formato telenovela, para este tipo de trama, não tenha funcionado. Depois de seus 36 capítulos, concluímos que O Rebu poderia ter sido ainda mais enxuta (na novela original, o mistério foi contado em 112 capítulos).

A grade variável também prejudicou: além de pular um dia da semana (quarta-feira não havia exibição), a trama começava mais cedo às segundas. A novela também perdeu muito de seu charme ao fazer da festa da trama um mero coadjuvante. Não era o que vendiam as chamadas. Teria sido um apelo a mais se a maior parte da ação tivesse acontecido durante a festa.

Na novela original, o ritmo era lento, embora normal para a época. A identidade do morto, por exemplo, só foi revelada no capítulo 50. O cadáver parecia ser de um homem, mas, soube-se depois, era uma mulher (Bete Mendes) que tinha participado de uma brincadeira na festa em que as mulheres vestiram roupas masculinas.
Na nova versão, o público soube logo no primeiro capítulo que o corpo que boiava na piscina era de Bruno Ferraz (Daniel de Oliveira). Portanto, desta vez, não houve o “quem morreu?”.

Em 1974, a motivação do crime foi passional e com uma insinuação de homossexualidade: Conrad Mahler, o assassino, matou por ciúmes do “sobrinho”.
Após tantas modificações criadas pelos autores na nova versão, o público foi surpreendido no último capítulo, quando foi revelado que o assassino também era Mahler, Ângela, motivada pelo ciúme que sentia da relação de sua “protegida” Duda com Bruno. Ou seja, os autores mantiveram a essência do final da história de Bráulio Pedroso.

O Rebu se firmou como um produto de alta qualidade da Globo, técnica e artística. Com direção e edição criativas, fotografia cinematográfica e trilha sonora de qualidade, a novela foi mais uma tentativa da emissora em experimentar novos caminhos para a telenovela, aproximando-a da narrativa seriada da TV americana e da estética do cinema. Valeu como experimentação e como uma opção diferenciada e de qualidade.

Elenco

O elenco, escalado a dedo, que misturava rostos conhecidos do grande público com outros nem tanto, proporcionou grandes momentos, com destaque para as atuações de Patrícia Pillar (Ângela Mahler), Tony Ramos (Braga), Cássia Kiss (Gilda), Sophie Charlotte (Duda), Camila Morgado (Maria Angélica), Jesuíta Barbosa (o “bandidinho” Alan), Júlio Andrade (o “maluco” Oswaldo), César Farrario (o cozinheiro Adão) e Cláudio Jaborandy (o garçon falastrão Severino).

O delegado Nuno Pedroso, que desvendou o “Quem matou?” da história – papel de Marcos Palmeira -, teve este nome em homenagem a Bráulio Pedroso, o autor da novela original. Na trama de 1974, o delegado chamava-se Xavier e foi interpretado pelo ator Edson França.

Por seus trabalhos na novela O Rebu e na minissérie Amores Roubados, Cássia Kiss e José Luiz Villamarim foram eleitos pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), respectivamente, a melhor atriz e o melhor diretor na televisão em 2014.

Locações, cenografia e produção de arte

A equipe de O Rebu foi para Buenos Aires, na Argentina, para gravar cenas da novela, em locações como o Palácio Sans Souci – de arquitetura francesa inspirada no Palácio de Versalhes -, que serviu de fachada para a mansão de Ângela Mahler, onde ocorreu a festa. O lugar, segundo o conceito da novela, “traduzia poder e elegância”, com uma fachada monumental, com pilastras imponentes e pé direito altíssimo. O elenco gravou por mais de um mês lá.

Na história, a casa onde a ação se passava ficava na fictícia Serra do Sossego, perto do Rio. Villamarim afirmou que o lugar “é um personagem, um signo, uma representação da ideia de suspensão, de glamour”.
Esse universo paralelo de fortuna e poder ganhou tratamento estetizado pelas lentes do diretor de fotografia Walter Carvalho. O fotógrafo, parceiro de Villamarim nas minisséries O Canto da Sereia e Amores Roubados, também dirigiu alguns capítulos de O Rebu.
Como em Amores Roubados, O Rebu foi gravada com uma câmera F55, com qualidade de cinema. Havia poucas interrupções nas tomadas. Villamarim procurava, assim, extrair dos atores maior emoção.
“Quanto mais a gente faz num plano só, mais eles ficam inteiros. E nessa produção a coisa é meio catártica, os personagens bebem, traem, se divertem muito.”
Perguntado se cogitou gravar com o elenco tendo bebido de verdade, disse que a ideia ocorreu, mas foi logo descartada.

A produção de O Rebu contou com 15 mil pequenas flores douradas de tecido, 2 mil taças de vidro, sofás ao ar livre forrados com veludo bordô e 20 tipos diferentes de comida, além de figurinos sofisticadíssimos.
As 15 mil flores forravam a “sala das flores”, na mansão de Ângela Mahler (Patrícia Pillar), onde aconteceu a festa da história. O cenário foi assumidamente inspirado no “mundo da moda e as superproduções de seus desfiles temáticos”, segundo a Globo. Mais especificamente no desfile promovido em 02/07/2012 pela Dior, em Paris, quando a grife forrou cinco ambientes de uma mansão com 1 milhão de flores naturais, em um trabalho de montagem que consumiu quatro dias.

Como a maior parte da trama se desenvolvia durante uma festa, houve menos figurinos e poucos cenários. A Globo caprichou então nos detalhes e no acabamento. Para vestir o elenco e os 250 figurantes argentinos que participam da festa, os figurinistas Cao Albuquerque e Natália Duran levaram para Buenos Aires um caminhão de 15 metros com mais de 350 figurinos de noite e 80 de dia.

A anfitriã, Ângela Mahler, usava um vestido feito em veludo preto azulado, para dar um “ar de monarquia” e “transmitir exclusividade”. Sua casa era uma junção de diferentes lugares.
Em estúdio, no Rio de Janeiro, foi reproduzida a “sala das flores”, onde Ângela recebia seus convidados, e o salão principal, onde ocorreu a festa. Ele ocupava um cenário de 620 metros quadrados, uma área gigantesca para o padrão das telenovelas.

Para evitar desgastes com o monta e desmonta, o cenário ficou intocável durante todo o período de gravação.
“A cenografia se preocupou muito com a continuidade, já que temos cenas começando na externa, entrando no estúdio e depois saindo para a externa de novo. Esse projeto exige uma cenografia muito bem acabada”, afirmou Fábio Rangel, que assinou a cenografia ao lado de Alexandre Gomes.
Para reforçar o “conceito de riqueza”, a cenografia investiu em veludo vermelho bordô para forrar os sofás e as otomanas (poltronas sem encosto) que ficavam expostas na galeria de arte a céu aberto da mansão.
“O veludo transmite essa ideia de riqueza, pelo brilho e textura”, explicou Rangel.

Cuidados foram tomados com a comida, todas refinadas (e reproduzidas às centenas, porque as gravações atravessam semanas). Na festa, foi servida uma musse de maracujá em forma de coração com caviar dentro de uma caixinha, como se fosse uma joia.

Abertura

A abertura exibia uma profusão de flashes em cores frias da mansão onde se passava a trama, durante e depois da festa. Tudo sob uma ótica nebulosa, em referência a um estado alterado de consciência, como em um sonho ou em estado de bebedeira ou entorpecimento. Instigante e misteriosa, assim como a história, a estética, extremamente bem cuidada, convergia no final com a visão submersa de um cadáver boiando na piscina. (André Luiz Sens, blog Televisual)

A música-tema era um instrumental sofisticado que crescia com as imagens, culminando com o logotipo, simples e requintado.

Streaming

O Rebu foi a primeira novela da Globo em uma plataforma streaming on demand: foi disponibilizada no Now, para assinantes da Net, a partir de outubro de 2014, um mês após a exibição do último capítulo. Só no ano seguinte (2015) a Globo lançou a sua própria plataforma streaming, o Globoplay.

A novela foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming do Grupo Globo) em 22/01/2024, dentro do Projeto Originalidade.

Músicas relacionadas no site da novela

AMOR MEU GRANDE AMOR – Ângela Ro Ro
BANDITISMO POR UMA QUESTÃO DE CLASSE – Chico Science e Nação Zumbi
BEM QUE SE QUIS – Marisa Monte
BIZARRE LOVE TRIANGLE – New Order
CAIS – Milton Nascimento
EU TE AMO – Chico Buarque
FEELINGS – Caetano Veloso
MÃE – Gal Costa
MAGRELINHA – Luiz Melodia
PARIS – Jay-Jay Johanson
PAULA E BEBETO – Milton Nascimento
POR TRÁS DA PORTA – Elis Regina
SUA ESTUPIDEZ – Roberto Carlos
THE WAY YOU LOOK TONIGHT – Gloria Estefan
WON´T THEY TALK TO ME? – Tame Impala

Demais músicas executadas na novela

AMANTE AMADO – Jorge Benjor
BOYS DON´T CRY – The Cure
DON´T LET ME BE MISUNDERSTOOD – Santa Esmeralda
FEELING GOOD – Nina Simone
FRANCISCO – Milton Nascimento
I FOUND YOU – Alabama Shakes
LET´S GET IT ON – Marvin Gaye
MICHELANGELO ANTONIONI – Caetano Veloso
MONÓLOGO AO PÉ DO OUVIDO – Chico Science e Nação Zumbi
NE ME QUITTE PAS – Maysa
TAPA NA CARA – Waldick Soriano
TATUAGEM – Elis Regina
TEARS DRY ON THEIR OWN – Amy Whinehouse
ZUMBI – Jorge Benjor

Trilha sonora internacional lançada no streaming

01. ADORE (instrumental) – Brad Hatfield Orchestra
02. AFTER HOURS (instrumental) – Edgard Jaude Project
03. ALL ALONG – Jeff Meegan
04. ALL I AM – Sophia
05. ALLUMER (instrumental) – Toni Pinto
06. ASK WHY – Gravel Pit
07. BETRAY (Jaude Remix) – Edgard Jaude
08. BOSSA BABOIAN – John Baboian
09. BOSSA TRIO (instrumental) – Bossa Trio
10. BOSTON BOSSA (instrumental) – Brad Hatfield
11. CAI O SOL – Teresa Inês
12. COME ON OVER (instrumental) – Bobbi Tammaro
13. THE DAY I LOST MY LOVER – Maria De Angelis
14. DIVINE – Michael Kisur
15. DON´T DO ME ANY FAVOURS – Pat Hodges
16. FAR APART – Larry May
17. FEAR OF MAKING SENSE – The Sheila Divine
18. FORSAKEN LANDS (remix) – Teradox
19. GET THE GOOD STUFF – Scarbrough & Benner
20. I SAY HUSH – Jeff Meegan
21. I´M SWINGING THE BLUES AWAY – Brad Hatfield Trio
22. IT WAS LAST NIGHT – Gaye Tolan Hatfield
23. L´AIR DU JARDIN – Maria De Angelis
24. LIFE´S A PARTY – Greco Heist
25. MOONRISE SAVING MY LIFE – Yongen
26. NOUS VIVONS – Toni Pinto
27. PALOMINO – Curtain Society
28. THE PARTY´S ON – Piece Of Funk
29. SHE´S SO REAL – Michael Kisur
30. STANDART SWING (instrumental) – Brad Hatfield
31. STRUT – Errol Windham & Gerry Williams
32. TANGO 2 RIO (instrumental) – Brad Hatfield
33. HOUSE STREET – Ron Wasserman
34. GIMME SOME HOPE – Aleesha

Trilha sonora instrumental: música original de Eduardo Queiroz

01. Doze Suspeitos (featuring Felipe Alexandre)
02. Angela Mahler (instrumental)
03. Young Hearts (featuring Felipe Alexandre)
04. A Piscina (instrumental)
05. Carbono (featuring Guilherme Rios)
06. Entrega (instrumental)
07. Imperador (featuring Felipe Alexandre)
08. Perfume (featuring Felipe Alexandre)
09. Ultimato (featuring Felipe Alexandre)
10. Many Bubles (instrumental)
11. Bullet (instrumental)
12. Out Order (featuring Felipe Alexandre)
13. Rosa (instrumental)
14. O Baile (featuring Felipe Alexandre)
15. Angela Mahlar (instrumental)
16. Broken Glass (featuring Felipe Alexandre)
17. Ciúmes (featuring Guilherme Rios)
18. Perturbado (instrumental)
19. Heat Than Hot (featuring Guilherme Rios)
20. Doze Suspeitos (featuring Felipe Alexandre) [Versão Estendida]
21. Mahler House (instrumental)
22. Malícia (instrumental)
23. La Calle (featuring Felipe Alexandre)
24. Imaterial (instrumental)
25. Cristal (instrumental)
26. Pele (featuring Guilherme Rios & Clara Cornejo)
27. Pequena Fuga Em G Menor (instrumental)
28. Evidências (instrumental)
29. Cúmplices (featuring Guilherme Rios)
30. Cicuta (featuring Felipe Alexandre)
31. Decoy (featuring Felipe Alexandre)
32. Destino (instrumental)
33. Faith (featuring Guilherme Rios)
34. Le Chef (instrumental)
35. Footprints (featuring Felipe Alexandre)
36. Jet Set (featuring Felipe Alexandre)
37. Mergulho (featuring Felipe Alexandre)
38. Oculto (featuring Guilherme Rios)
39. Penhasco (instrumental)
40. Neblina (instrumental)
41. Wolf (instrumental)

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