Sinopse

A jovem italiana Giuliana imigra com a família para o Brasil no início do século 20. Seus pais morrem no navio durante a viagem, vítimas de peste. Contudo a moça não está sozinha. Conhece e se apaixona por Matteo, outro imigrante, que encontra em Giuliana a mulher de sua vida. Ao desembarcar no porto de Santos, os dois se separam no meio da multidão e se perdem um do outro.

Giuliana é recebida por Francesco Maglianno, um imigrante italiano que há anos vive no Brasil e tem uma situação econômica estável. Grande amigo dos pais de Giuliana, ele a protege em nome dessa amizade. Seu filho Marco Antônio é um bon vivant que muda seu comportamento ao se apaixonar pela moça. Porém, a mulher Janete, que casou contra a vontade, despreza os italianos e faz o possível para evitar o romance entre o filho e a bella ragazza.

Enquanto Giuliana se estabelece na mansão dos Maglianno, na Avenida Paulista, em São Paulo, Matteo é levado com outros italianos para trabalhar como colono nas plantações de café do fazendeiro Gumercindo Aranha. Com o fim da escravidão, Gumercindo ficou sem mão-de-obra para as lavouras e contratou imigrantes, que substituem os escravos. Casado com a submissa Maria do Socorro, é pai de duas filhas: a impetuosa Rosana e a tímida Angélica.

Angélica sonha ser freira, mas é obrigada a se casar com o advogado Augusto, um rapaz que ama a política e as mulheres. Augusto mora com a esposa na fazenda e mantem uma casa em São Paulo para a amante, a bela italiana Paola. Ao descobrir esse relacionamento, Angélica põe um fim no caso e fica amiga de Paola. A partir daí, Angélica torna-se uma mulher forte e decidida, destacando-se na administração da fazenda de seu pai.

Já Rosana não resiste ao charme de Matteo e, inventando uma gravidez, obriga o rapaz a casar-se com ela, apesar de ele repudiá-la e sonhar em reencontrar Giuliana. Os dois se casam, têm um filho, mas são infelizes nessa união. Matteo abandona a mulher e parte para São Paulo no encalço do verdadeiro amor de sua vida.

Contudo, Matteo nem desconfia que Giuliana espera um filho seu e que casou-se com Marco Antônio por não ter mais esperança de encontrá-lo. Ela dá à luz um menino que, para sua infelicidade, lhe é tomado dos braços na noite do parto por Janete, que não aceita um neto italiano. Desesperada e sem o filho, Giuliana rompe com os Maglianno e sonha em reencontrar Matteo e seu bebê.

Globo – 20h
de 20 de setembro de 1999
a 3 de junho de 2000
221 capítulos

novela de Benedito Ruy Barbosa
colaboração de Edmara Barbosa e Edilene Barbosa
direção de Marcelo Travesso
direção geral de Jayme Monjardim e Carlos Magalhães
núcleo Jayme Monjardim

Novela anterior no horário
Suave Veneno

Novela posterior
Laços de Família

THIAGO LACERDA – Matteo
ANA PAULA ARÓSIO – Giuliana
RAUL CORTEZ – Francesco Maglianno
MARIA FERNANDA CÂNDIDO – Paola
ANTÔNIO FAGUNDES – Coronel Gumercindo Aranha
DÉBORA DUARTE – Maria do Socorro
ÂNGELA VIEIRA – Janete
MARCELLO ANTONY – Marco Antônio
CAROLINA KASTING – Rosana
PALOMA DUARTE – Angélica
GABRIEL BRAGA NUNES – Augusto
ANTÔNIO CALLONI – Bartollo
LU GRIMALDI – Leonora
CLÁUDIA RAIA – Hortência
FÁBIO DIAS – Amadeo
JACKSON ANTUNES – Antenor
ADRIANA LESSA – Naná
LOLITA RODRIGUES – Dolores
TÂNIA BONDEZAN – Mariana
JUAN ALBA – Josué
MÁRIO CÉSAR CAMARGO – Anacleto
DÉBORA OLIVIERI – Inês
ELIAS GLEIZER – Padre Olavo
ODILON WAGNER – Altino Neves Marcondes
ROBERTO BONTEMPO – Delegado Eriberto
JOSÉ DUMONT – Batista
GÉSIO AMADEU – Damião
BIANCA CASTANHO – Florinda
DANTON MELLO – Bruno
FERNANDA MUNIZ – Luísa
TARCIANA SAAD – Matilde
RAYMUNDO DE SOUZA – Renato
PAULO DE ALMEIDA – Toninho
SÔNIA ZAGURY – Antônia
ADHENOR DE SOUZA – Juvenal

as crianças
ANDRÉ LUIZ MIRANDA – Tiziu
GUILHERME BERNARD – José Alceu
JOÃO MARCOS – Juanito (1 ano)
MAXWELL BASTOS – Juanito (3 anos)
AGATHA LANDOWSKI – Rosinha
LUANA FERNANDES – Aurora
BEATRIZ SALLES – Aurora
DANIELLA SOBRAL – Marialina
MÁRIO MANZZINI JR. – Gumercindo Jr.

e
ALBERTO PEREZ – sócio de Francesco
ANTÔNIO ABUJAMRA – Coutinho Abreu
ANTÔNIO GALEÃO – funcionário da hospedaria
ARLETE SALLES – Irmã Tereza
BETE MENDES – Ana (mãe de Giuliana, morre no início)
CARLOS LANDUCCI – funcionário da alfândega
CHICO ANYSIO – Josué Medeiros
DILL COSTA – mãe de Naná
DUDA MAMBERTI – sócio de Francesco
EDUARDO ARBEX – alfaiate
EGBERTO OLIVETTI – Rafael
FELIPE WAGNER – sócio de Francesco
FERNANDO PEIXOTO – funcionário da alfândega
FRANCISCO CARVALHO – charreteiro
GIANFRANCESCO GUARNIERI – Giulio (pai de Giuliana, morre no início)
GILBERTO TORRES – Léo Graville
HENRIQUE TAXMAN – Francesco (jovem)
ILVA NIÑO – Irmã Letícia
JORGE FERRUTTI – Januário
JOSÉ AUGUSTO BRANCO – Dr. Amorim (médico do navio onde viajavam os imigrantes)
KRISTAL HEINE SCHNEEWEISS – Paola (adolescente)
LAFAYETTE GALVÃO – Cesquim
MARA MANZAN – costureira do vestido de noiva da Giuliana
NICOLAS PRATTES – garotinho que Giuliana cogita ser o filho que ela procura
OSMAR DI PIERI – capelão do navio onde viajavam os imigrantes
PAULO FIGUEIREDO – comandante do navio onde viajavam os imigrantes
REINALDO RENZO – oficial do navio onde viajavam os imigrantes
ROBERTO BONFIM – agente Justino
ROBERTO FROTA – diretor da Santa Casa
RONALDO TORTELLI – médico que informa Giuliana da morte de Juanito
SERAFIM GONZALEZ – padre que celebra o casamento de Giuliana e Marco Antônio
SÉRGIO VIOTTI – Dr. Ivan Maurício

– núcleo dos imigrantes italianos que viajam para o Brasil no início da trama. Eles fogem da crise econômica no seu país para tentar a sorte no Brasil, que naquele momento precisava de mão de obra para substituir o trabalho escravo nas plantações de café:
MATTEO (Thiago Lacerda), jovem que não tem ninguém no mundo, mas é empreendedor e tem muita esperança de começar uma nova vida
GIULIANA (Ana Paula Arósio), bela ragazza que Matteo conhece no navio. Os dois se apaixonam mas acabam separados e perdem o contato assim que chegam em terras brasileiras, seguindo destinos diferentes. Ela fica grávida de seu amado
os pais de Giuliana, GIULIO (Giafrancesco Guarnieri) e ANA (Bete Mendes), que acabam mortos durante a viagem, vítimas de uma peste que se alastrou pelo navio
o casal amigo BARTOLO (Antônio Calloni) e LEONORA (Lu Grimaldi), que dá a luz durante a viagem.

– núcleo do coronel GUMERCINDO ARANHA (Antônio Fagundes), proprietário de uma fazenda de café que no início encontra-se em decadência com o fim da escravidão, tendo que substituir escravos por imigrantes italianos. É para sua fazenda que Matteo, Bartolo e Leonora são mandados para trabalhar na colheita de café:
a esposa MARIA DO SOCORRO (Débora Duarte), submissa ao marido, sofre por não ter conseguido lhe dar um filho homem. Engravida durante a trama. Torna-se amiga de Leonora
as filhas ROSANA (Carolina Kasting), moça atirada, porém romântica, apaixona-se perdidamente por Matteo, que se vê envolvido em sua rede de sedução. Apesar de ele nunca ter esquecido Giuliana, os dois acabam casando, já que Rosana ficou grávida. O casamento fracassa,
e ANGÉLICA (Paloma Duarte), que sonhava em ser freira, mas casou-se obrigada com um político, descobrindo então sua forte veia política
o capataz ANTENOR (Jackson Antunes), fiel ao patrão
a escrava NANÁ (Adriana Lessa), com quem tivera um filho, JOSÉ ALCEU (Guilherme Bernard). Ela une-se a Antenor
o menino TIZIU (André Luís), fica muito amigo de Matteo.

– núcleo de FRANCESCO MAGLIANNO (Raul Cortez), imigrante italiano qe enriqueceu no Brasil. Amigo de Giulio, ficou responsável por receber a ele e sua família quando chegassem ao Brasil. Consternado com a morte do amigo, recebe Giuliana com carinho:
o filho MARCO ANTÔNIO (Marcello Antony), bon-vivant irresponsável que se modifica ao apaixonar-se por Giuliana. Quando a moça descobre que Matteo se unira a outra mulher, aceita o pedido de casamento dele, que lhe promete assumir o filho que ela espera. Com o fracasso dessa união, ele acabará envolvendo-se com Rosana
a esposa JANETE (Ângela Vieira), mulher arrogante e soberba, filha de brasileiros aristocratas. Não aceita a presença de Giuliana em sua casa como uma hóspede, por ela ser de uma classe social inferior. Faz de tudo para impedir o casamento do filho com a italiana. Quando o bebê de Giuliana nasce, ela rapta a criança e a deixa na roda dos enjeitados, para que Marco Antônio não assuma o bastardo. Giuliana então se separa do marido e passa a lutar para encontrar o filho desaparecido
a governanta MARIANA (Tânia Bondezan), fiel à patroa Janete
as empregadas LUIZA (Fernanda Muniz) e ANTÔNIA (Sônia Zagury)
o cocheiro DAMIÃO (Gésio Amadeu)
o novo cocheiro JOSUÉ (Juan Alba), com quem Janete vai ter um caso amoroso.

– núcleo de AUGUSTO (Gabriel Braga Nunes), advogado com pretensões políticas. Casa-se com Angélica, apesar de manter uma amante. Descobre que a esposa é uma exímia política. Os dois vão se tornar adversários nas eleições locais:
o pai ALTINO NEVES MARCONDES (Odilon Wagner), viúvo, fazendeiro amigo de Gumercindo
a empregada FLORINDA (Bianca Castanho), que vai ser sua nova amante após o casamento
o cocheiro JUVENAL (Adhenor Souza).

– núcleo da bela imigrante italiana PAOLA (Maria Fernanda Cândido), amante de Augusto no início. Torna-se amiga de Angélica e a relação com Augusto termina. É quando conhece Francesco Maglianno, bem mais velho que ela. Os dois vão viver um sólido romance:
os pais ANACLETO (Mário César Camargo) e INÊS (Débora Oliveira), imigrantes italianos.

– núcleo da espanhola HORTÊNCIA (Cláudia Raia), trabalha com a mãe DOLORES (Lolita Rodrigues), dona de uma pensão:
o marido AMADEO (Fábio Silva), líder operário, torna-se amigo e aliado de Matteo.

– demais personagens:
PADRE OLAVO (Elias Gleizer)
DELEGADO ERIBERTO (Roberto Bontempo)
BATISTA (José Dumont), dono da venda na fazenda de Gumercindo onde os imigrantes são obrigados a comprar alimentos
TONINHO (Paulo de Almeida), atendente na venda de Batista.

Barriga

A princípio um sucesso, Terra Nostra empolgou a audiência, alcançando picos de 58 pontos no Ibope da Grande São Paulo em seu primeiro mês de apresentação. Entretanto, com o passar do tempo, a trama foi cansando o público. Devido à “barriga” (período em que nada acontece na história), sua média final fechou em 44 pontos.

Terra Nostra foi eleita pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a melhor novela de 1999. Débora Duarte ganhou o prêmio de melhor atriz, e Lu Grimaldi, a revelação do ano na TV.
A novela também foi premiada com todos os Troféus Imprensa que concorreu: melhor novela, ator (Raul Cortez), atriz (Ana Paula Arósio) e revelação do ano na TV (Maria Fernanda Cândido).

Os imigrantes

Terra Nostra trazia muitos pontos em comum com outra novela do autor, Os Imigrantes, produzida pela TV Bandeirantes, entre 1981 e 1982, com a mesma temática e ambientação histórica. Como nesta novela, Benedito Ruy Barbosa pretendia dividir a trama de Terra Nostra em períodos: foi planejada para ter três fases, com a história chegando ao fim no ano 2000 (fim do século 20 e fim do milênio). Porém, com o sucesso e a boa aceitação dos personagens principais, o autor decidiu encerrar a trama sem saltos no tempo.

O autor teve a ideia de escrever a novela em 1982, após concluir Os Imigrantes, devido a milhares de cartas que recebeu de telespectadores comovidos com a história relatando suas experiências e lembranças.

Em uma cena dos primeiros capítulos de Terra Nostra, um casal de imigrantes a bordo do navio na viagem para o Brasil (personagens de Antônio Calloni e Lu Grimaldi) viveu o drama de ter a filha dada como morta pela peste. A criança seria lançada ao mar se a mãe não relutasse em entregá-la. Quando tentaram tirar o bebê dos braços da mãe, ele chorou. Benedito Ruy Barbosa retirou essa sequência da carta de uma telespectadora que contava ter vivido a história: ela era a criança doente. (livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, Projeto Memória Globo)

Terra Nostra 2

Terra Nostra não terminou com um tradicional “Fim”, mas com a frase “Essa história não termina aqui”, como gancho para uma suposta continuidade à trama.

Em 2002, Benedito pensou em escrever a continuação da saga dos descendentes de Matteo e Giuliana. Porém, acabou optando por uma nova trama sobre imigrantes, Esperança, em outro momento histórico. Ao ser vendida para a Itália, Esperança recebeu o título de Terra Nostra 2, apesar de as histórias serem diferentes.

Elenco

Muitos foram os destaques no elenco: Raul Cortez, Antônio Fagundes, Débora Duarte, Paloma Duarte, Ângela Vieira, Antônio Calloni, e outros. Thiago Lacerda virou astro da noite para o dia, e Ana Paula Arósio defendeu bem a sua Giuliana, uma personagem difícil e de grande carga dramática (Giuliana chorava capítulo sim, o outro também!)

Estreia em novelas das atrizes Bianca Castanho e Tarciana Saad e dos atores Juan Alba e André Luiz Miranda (então com 12 anos, no papel do menino Tiziu).

Primeira novela na Globo de Ana Paula Arósio (que já havia protagonizado a minissérie Hilda Furacão, no ano anterior); Lu Grimaldi (destaque na novela como Leonora, uma perfeita italiana); Maria Fernanda Cândido (que fez sucesso como a bela e sensual italiana Paola); Débora Olivieri e Tânia Bondezan.
Maria Fernanda Cândido já era conhecida por ter estrelado a abertura da novela A Indomada, em 1997. Por causa de sua repercussão em Terra Nostra, a atriz foi eleita, por meio de uma votação popular realizada pelo Fantástico, “a mulher brasileira mais bonita do século 20”.

Na sinopse original, a personagem de Débora Duarte, Maria do Socorro, morria no parto. Porém, a empatia do público com ela era tão grande que o autor resolveu poupá-la e Maria do Socorro seguiu até o fim da trama.

Taís Araújo foi a primeira cogitada para viver a escrava Naná. A atriz chegou a gravar a cena do parto em que Naná dava à luz o filho de Gumercindo (Antônio Fagundes). A mesma cena foi refeita depois por Adriana Lessa, que levou o papel. Taís foi considerada muito nova para viver a personagem.

Atriz possessa

Cláudia Raia entrou na novela com a trama adiantada, como a espanhola Hortência. A promessa do autor Bendito Ruy Barbosa era que ela teria o papel de uma mulher submissa que apanhava do marido, o que a atriz considerou um assunto importante para ser levantando em uma novela.

Em seu livro “Sempre Raia um Novo Dia” (escrito com Rosana Hermann), Cláudia contou que já estava se preparando para o papel quando o diretor Jayme Monjardim lhe ligou informando que o autor não conseguiria desenvolver a personagem a contento e que, portanto, estaria abortando a sua participação.

A atriz ficou possessa pois havia deixado de fazer outra novela para aceitar o papel e estava há mais de um mês estudando para interpretar Hortência. Ela mesma ligou para Benedito e insistiu para que ele escrevesse para ela.

“Deu tudo errado!”, disse Cláudia Raia no livro. “Minha personagem ficou seis meses grávida na novela (…) sobrevivi a Terra Nostra com minha personagem que não aconteceu (…) Ficou a lição: quando um autor não quer, não adianta insistir.”

Italiano com português

Os personagens italianos se comunicavam em uma mistura de italiano e português, na dosagem suficiente para ser entendida pelo grande público. Várias palavras e expressões italianas se popularizaram.

O “macarron” de Paola (Maria Fernanda Cândido) fez tanto sucesso que pratos com a marca da novela invadiram os supermercados do país. A indústria Adria lançou a linha de massas Terra Nostra. A Arisco, o extrato de tomate e o molho refogado Terra Nostra. Foi a onda da culinária italiana conquistando as mesas dos telespectadores, as revistas e os programas de culinária na televisão.

Pesquisa, cenografia, locações e figurinos

Três equipes de pesquisadores realizaram extensa pesquisa de texto, arte e imagens para ajudar na reconstituição de época da novela. A pesquisa de texto realizada na fase inicial foi feita, principalmente, nos arquivos do jornal O Estado de São Paulo. A pesquisa de imagens foi feita por três profissionais coordenados por Madalena Prado de Mendonça. Imagens e filmes produzidos no período do surgimento do cinema foram usados para ilustrar algumas cenas. Entre as instituições consultadas estavam a Cinemateca de Roma; a Associação Lumière, em Paris; a Biblioteca do Congresso Norte-Americano, em Washington; a British Pathé, em Londres; e a Cinemateca Brasileira, em São Paulo. (Site Memória Globo)

Terra Nostra exibiu cenas grandiosas da travessia do oceano de centenas de imigrantes italianos, a bordo de um navio rumo ao Brasil, e do desembarque no Porto de Santos, no início do século 20. Participaram mais de 300 figurantes.
A Globo investiu pesado na produção da novela. Só nos primeiros capítulos, foi gasto 1,2 milhão de reais (valores da época). O primeiro mês de gravações consumiu 4 milhões de reais, 40% a mais do que a novela antecessora no horário, Suave Veneno. A belíssima fotografia – sob a responsabilidade de Adriano Valentim e Chico Boya – foi outro ponto alto da novela.

A procura do navio que trouxe os italianos para o Brasil levou bastante tempo. Depois de inúmeras pesquisas, o navio S.S. Shieldhall, de 1940, foi encontrado no sul da Inglaterra e foi devidamente adaptado para transformar-se no Andrea I da história. Como seria impossível transportar o navio para o Brasil, uma equipe com mais de 50 pessoas, incluindo técnica, produção e elenco, viajou para Southampton onde, durante uma semana, foram realizadas as gravações que apareceram nos dois primeiros capítulos.

O Museu do Imigrante, em São Paulo, reviveu seus momentos de Hospedaria dos Imigrantes, objetivo com que foi construído. E a velha estrada de ferro que passa por Jaguariúna voltou a ver uma maria-fumaça repleta de imigrantes. Logo depois das gravações em Santos, São Paulo, Jaguariúna e Southampton, a equipe se deslocou para Pinhal, no interior paulista, escolhida como cenário das gravações das plantações de café por ser um dos poucos lugares no Brasil onde o café ainda era plantado manualmente, como o feito pelos imigrantes. Após Pinhal, o destino foi a pequena cidade mineira de Santa Rita de Jacutinga, onde, na trama, ficava a fazenda de Gumercindo (Antônio Fagundes).

Um trecho da Avenida Paulista do início do século 20, na época de sua inauguração, foi reproduzido, com três de suas mansões inspiradas em casas que realmente existiram na época.

O número de figurinos completos confeccionados para a novela chegou a 5 mil, de acordo com as estimativas da produção.
Os lenços estilo camponesa, usados por Ana Paula Arósio, viraram moda fora das telas. O mesmo aconteceu com os bonés de Thiago Lacerda. (Site Memória Globo)

Tema de abertura

O tema de abertura da novela, “Tormento D’Amore”, composto por Luiz Schiavon e Marcelo Barbosa, filho de Benedito, se transformou em sucesso nas vozes de Agnaldo Rayol e Charlotte Church, cantora inglesa de apenas 13 anos de idade na época.

“A gravação aconteceu num estúdio em Londres e, como a menina estava viajando em turnê, colocamos as vozes separadas”, disse Agnaldo Rayol a Flávio Ricco e José Armando Vannucci, para o livro “Biografia da Televisão Brasileira”.

Mais tarde, Charlotte veio ao Brasil e se apresentou com Rayol em programas de televisão para divulgar a música.

Reprise picotada

Reapresentada de 07/06 a 05/11/2004. Terra Nostra, ao contrário de sua exibição original, foi um dos maiores fracassos da Globo no Vale a Pena Ver de Novo. A novela, aparentemente, atendia a todos os critérios de reprise divulgados pela emissora: lembrança do público, audiência na sua primeira exibição e quantidade de pedidos.

Porém, a trama derrubou a audiência da faixa, que vinha dos 25 pontos da reexibição de Corpo Dourado, a novela anterior, para míseros 12 pontos, perdendo constantemente para as reprises de novelas importadas no SBT.

A solução encontrada pela emissora foi reduzir a novela para menos da metade: dos 221 capítulos originais para 106 (boa parte desses capítulos mais curtos que os originais, devido às Olimpíadas de Atenas e às eleições municipais). A novela foi tão editada que, no mês de setembro de 2004, pouco mais de 46 capítulos foram comprimidos em 5 de 40 minutos – uma média de pouco mais de 9 capítulos originais por dia.

Reprisada também no Viva (canal de TV por assinatura pertencente ao Grupo Globo) de 28/02/ a 21/08/2019, às 14h30 com reprise à 0h45. O Viva exibiu a edição da novela para o mercado internacional, em 150 capítulos.

E mais

Terra Nostra desbancou Escrava Isaura (1976) do título de novela mais exportada da história da TV Globo. Em maio de 2004, a emissora totalizou a sua venda para 83 países, contra 79 que já haviam visto Escrava Isaura. Posteriormente, esse recorde foi superado por outras produções.

A novela foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming do Grupo Globo) em 09/11/2020.

Trilha sonora volume 1

01. TORMENTO D’AMORE – Agnaldo Rayol e Charlotte Church (tema de abertura)
02. O SOLE MIO ! – José Augusto (tema geral)
03. COMME FACETTE MAMMETA – Toquinho
04. LA SIGNORA DI TRENT` ANNI FA – Emílio Santiago (tema de Marco Antônio)
05. LUNA ROSSA – Caetano Veloso (tema de Francesco)
06. COME LE ROSE – Mafalda Minnozzi (tema de Florinda)
07. MALIA – Sandy & Júnior (tema de Rosana)
08. MON TI SCORDAR DI ME – Paulo Szot & David Marcondes
09. LACREME NAPULITANE / VURRIA – Zizi Possi (tema de Giuliana)
10. FUNICULÌ FUNICULÀ – Família Lima
11. SANTA LUCIA LUNTANA – Jerry Adriani (tema de Bartolo)
12. O SURDATO `NNAMMURATO – Netinho (tema de Paola)
13. CANZONE PER UN SOGNATORE – Marcus Viana (tema de Matteo)
14. SPERANZA (Instrumental) – Marcus Viana e Transfônica Orkestra

Sonoplastia: Júlio César e Humberto Donghia
Produção musical: Marcelo Barbosa e Luiz Schiavon
Direção artística: Marcelo Barbosa
Pesquisa musical: Mafalda Minnozzi e Dick Danello

Trilha sonora volume 2

01. NOI CI AMMIAMO – Maria Fernanda Cândido e Raul Cortez (tema de Paola e Francesco)
02. MARIA DOLORES – Alexandre Flores (tema de Maria Dolores)
03. UM AMOR PURO – Djavan
04. SANCTA MARIA – Andrea Bocelli (partic. especial Orchestra Dell’ Academia Nazionale di Santa Cecilia)
05. CANZONE PER TE – Roberto Carlos (tema de Janete)
06. VOCÊ É O MEU DESTINO – Rodrigo Faro
07. CUORE PELLEGRINO – Roberta Lombardi (tema de Maria do Socorro)
08. TOUS LES VISAGES DE L’AMOUR – Gilbert
09. THAT’S AMORE – Dean Martin
10. MAMÃE BAIANA – Chris Aflalo
11. VAI SE CHAMAR SAUDADE – Antônio Fagundes (tema de Gumercindo)
12. LA MAESTÁ IL SABIÁ – Roberta Miranda (partic. especial Chitãozinho & Xororó)
13. ME PEDE PRA FICAR – Carla Castro
14. FLORES NO CORAÇÃO – Camila Titinger
15. TORMENTO D’AMORE – Marcus Viana (partic. especial Transfônica Orkestra

Produção musical: Marcelo Barbosa e Luiz Schiavon
Direção artística: Marcelo Barbosa

Trilha sonora complementar: SPERANZA, UMA ODISSÉIA ITALIANA – Marcus Viana

01. GENTE SIMPLES (prelúdio de “CAVALLERIA RUSTICANA” – “TARANTELLA”)
02. LA NAVE
03. A VOZ DOS CAMPOS (coro d’introduzione de “CAVALLERIA RUSTICANA”)
04. CANZONE PER UN SOGNATORE
05. IL PAGLIACCI
06. ROMANCE EM RÉ MAIOR
07. CUORE PELLEGRINO
08. TARANTELLAS (MAMA ROSA E PAPA DICO)
09. CANZONE ETERNA (2)
10. TEMA D´AMORE
11. TOSCA (introdução ao 3º ato)
12. SPERANZA (FINALE / IL PAGLIACCI / INTERMEZZO DE CAVALLERIA RUSTICANA)

Tema de abertura: TORMENTO D’AMORE – Agnaldo Rayol e Charlotte Church

Martirio, tormento d’amore
Il delirio fà parte del cuore
Un pianto bagna la bocca
É tanta la voglia di trovarti

Dove sei?
La fantasia
La nostalgia, la mia mania

I miei occhi turbati
Dal sole, dal vento
Il tuo viso sereno
L’incanta che mancanza mi fai

Ti voglio aver sempre con me
Oggi hò sentito davvero che
No posso piú viver cosí
Per me tu sei sempre il primo amore

Dove sei?
Io sempre qui
Innamorata ancora si

Cantare per non morire
Illudermi per non soffrire
Parole, colore della vita
Sempre, sempre per te

Felice di sognare con te
La speranza é nata
Per questo che
Il cielo é coperto di stelle
Ti guardo, ti voglio, ti amo…

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