Sinopse

Adriano tinha três anos quando seus pais foram dizimados por índios. Assim, foi adotado por um pajé, que lhe deu uma identidade indígena, Tatuapu. Durante vinte anos, seu avô, o velho rico e ranzinza Nikos Karabastos – a quem todos julgam estar com os dias contados – tenta em vão encontrá-lo para que Adriano assuma seu lugar como único herdeiro da família.

Santa e Rolando, respectivamente tia e primo do rapaz, estão interessados na fortuna do velho Nikos. A dupla faz tudo para impedir a volta de Adriano e não tem o menor escrúpulo em mandar matá-lo diversas vezes. Por causa disso, Tatuapu vive em constante perigo, mas sempre sai ileso. Até porque faz amizade com Baldochi, seu maior defensor, um sargento valente que no passado simulou a própria morte para fugir de bandidos.

Baldochi abandonou a noiva, Maria João, na porta da igreja. O trauma foi tão profundo para Maria que a fechou para o mundo. Ela é mecânica de caminhões e se veste como um garoto, fala alto e só libera sua feminilidade quando usa camisolas românticas para ler os livros escritos – sem saber – pelo próprio Baldochi, que passou a viver com uma falsa identidade, o professor Bento, em uma cidadezinha do interior.

Bento seria o disfarce perfeito para Baldochi: um tipo franzino, gago, de óculos tortos, que detesta violência e está casado com Rosa. Porém, a sua paz acaba quando ele é localizado novamente pelos bandidos dos quais escapou. Em uma nova fuga, conhece Tatuapu, que também está jurado de morte. Os dois se unem e o índio leva Baldochi para a sua tribo, um lugar fantástico e mítico cujo único acesso é feito atravessando uma gruta.

Contudo os perigos na selva são muitos para a dupla. Baldochi, sabendo que a família do índio louro o procura, volta para o Rio de Janeiro para apresentá-lo ao velho Nikos. Enquanto isso, vigia de longe a família que abandonou há anos: a mãe Pierina e o irmão Van Damme, que cultuam a sua memória, e a amada Maria João, que é cortejada pelo feirante bonachão Beterraba.

Globo – 19h
de 8 de maio de 2000
a 20 de janeiro de 2001
221 capítulos

novela de Carlos Lombardi
colaboração de Margareth Boury e Tiago Santiago
direção de João Camargo e Ary Coslov
direção geral de Wolf Maya e Alexandre Avancini
núcleo Wolf Maya

Novela anterior no horário
Vila Madalena

Novela posterior
Um Anjo Caiu do Céu

CLÁUDIO HEINRICH – Tatuapu (Adriano)
HUMBERTO MARTINS – Bernardo Baldochi (Cala-Calú, Bento)
VIVIANNE PASMANTER – Maria João
LIMA DUARTE – Nikos Karabastos
MARCELLO NOVAES – Beterraba
BETTY LAGO – Brigite / Alice
NAIR BELLO – Pierina
MARCOS PASQUIM – Van Damme (Casemiro Baldochi)
DANIELLE WINITS – Tatiana
MARIANA XIMENES – Bionda
ÂNGELO PAES LEME – Salomão
MARCELO FARIA – Aamon Rá
NÍVEA STELLMAN – Gui (Guinevére)
TATO GABUS MENDES – Anísio
VERA HOLTZ – Santa
HEITOR MARTINEZ – Rolando
ROBERTO BONFIM – Pajé
LÚCIA VERÍSSIMO – Maria Louca
SILVIA PFEIFER – Victória
WOLF MAYA – Filipe Arruda Prado
RITA GUEDES – Stella
MÁRIO GOMES – Ladislau
FRANÇOISE FORTON – Larissa
JULIANA BARONI – Sheeva Maria
TATYANE GOULART – Lilith
MATHEUS ROCHA – Ary
ALEXANDRE SCHUMACHER – Zen
DELANO AVELAR – Argel
JOANA LIMAVERDE – Bruna
JOHN HERBERT – Veludo
GEÓRGIA GOMIDE – Gherda
OSWALDO LOUREIRO – Querubim
ALEXANDRE LEMOS – Dinho
MARIA CEIÇA – Rosa
JORGE PONTUAL – Mutuca
LUIZ GUILHERME – Turco
HAIRTON JÚNIOR – Ivone Shirley
BETH LAMAS – Madá
MARCELA RAFFEA – Dóris
HUGO GROSS – Batista
MÔNICA MATTOS – Tânia
PIA MANFRONI – Penha
VICK MILITELLO – Dominatrix
VANESSA NUNES – Penélope
JOÃO CARLOS BARROSO – Pereirinha
AUGUSTO VARGAS – Beto
EMANUELLE SONCINI – Patuapá
RAQUEL NUNES – Tuiuiú
SILVIA NOBRE – Crocoká

e
AFRÂNIO MELLO – jornaleiro
ALEXANDRE ZACCHIA – Jambo (bandido que persegue Baldochi)
ANTÔNIO GRASSI – detetive contratado por Victória no caso do roubo das pedras
ARIETA CORRÊA – prima de Maria João
ARNALDO KLAY – Maurício
BEMVINDO SEQUEIRA – fazendeiro
BERTA LORAN – passageira no voo de Varela
BETH ERTHAL – Violeta
BIANCA CASTANHO – Ametista
CARLOS LOFLER – falso índio
CARLOS MACHADO – Alexandre (amigo de PP)
CARLOS VIEIRA – falso médico
CÁSSIA LINHARES – Lulu (namorada de Rolando qu está com ele durante a queda do helicóptero, quando eles estão em busca do índio)
CLARISSE NISKIER – Amélia (mulher de Varela)
CLÁUDIA LIRA – Suzy
CLÁUDIA LIZ – Priscila
CLÁUDIO CORRÊA E CASTRO – padre que celebra o casamento de Maria João e Beterraba
CLÁUDIO MAMBERTI – Paulão
DANIELE SUZUKI – Sarah
DANILO RIBEIRO – Nocaute
DANI VALENTE – mulher vestida de noiva confundida com Bionda
DANTON JARDIM – homem que flagra sua mulher na cama com Rolando
DARY REIS – passageiro no voo de Varela
DENISE FRAGA – Meg (mãe de Adriano, mulher de Nikos Jr.)
EDUARDO CANUDO
EDWIN LUISI – Gérard (francês que estava na expedição dizimada pelos índios, conta toda a história para Nikos)
ELIAS GLEIZER – ceguinho
ÊNIO SANTOS – passageiro no voo de Varela
EWERTON DE CASTRO – homem que contrata o detetive Salomão para perseguir sua mulher
FERNANDA LOBO – gorda da lanchonete
FLÁVIA BONATO – Raquel (namorada de Mutuca)
GABRIEL BRAGA NUNES – Otacílio
GEORGE BEZERRA – Zeca (filho de Rosa)
GILBERTO MARMOROSCH – passageiro no voo de Varela
GLORIA PORTELA – amante de Beterraba
GUSTAVO SALYER – policial
HARMONIA AMORIM – dona do bar
HELENA FERNANDES – Babá
HELENA LOURO – amiga de Alexandre
HENRIQUE CÉSAR – marido rico de Tânia
HILDA REBELLO – passageira no voo de Varela
ISABELA LOBATO – Josefina (empregada de Nikos)
ISADORA RIBEIRO – Marlene
JARDEL MELLO – Delegado Cunha
JEFFERSON BRITO – funcionário da academia
JOÃO CAMARGO – padre na Costa Rica
JOEL SILVA – recepcionista de hotel
JONAS MELLO
JULIANA GARAVATTI – cliente de Brigite
LAURO SANTANNA – office-boy
LEONARDO SERRANO – Mandioca
LOLITA RODRIGUES – Carmem
LOUISE LADVOCAT – Teca
LUCIANO SZAFIR – PP (marido de Bruna, morre num acidente de esqui)
LUCY MAFRA – mulher que ajuda Adriano a pegar metrô
LUÍS FERNANDO GUIMARÃES – Varela (comandante de voo, amante de Brigitte)
LUPE GIGLIOTTI – mãe de santo
MARCELA MUNIZ – enfermeira
MARCELO BROU – piloto
MARCOS BREDA – Gumercindo
MARCOS FROTA – Nikos Jr. (filho de Nikos, pai de Adriano)
MARLUS OTÁVIO – Mané
MATEUS TAYRONI – Adriano (criança)
MIGUEL NADER – salva-vidas
MILTON GONÇALVES
MIRIAN PIRES – Cecília
MOACIR ALVES – dono do antiquário
NELSON FREITAS JR. – Nilo (braço direito de Filipe, dá um golpe nele juntamente com PP)
NORMA GERALDY – Norma
OSWALDO LOUZADA – Dr. Moretti
OSWALDO MIL – Geraldão (bandido que persegue Baldochi)
PAULA BURLAMAQUI – Kate
PAULO BARBOSA – vigilante no hospital
RAPHAEL MOLINA – homem no cinema
REGINA RESTELLI – freira
RICARDO DUQUE – enfermeiro
RICARDO MARECOS – assaltante
RICARDO PETRAGLIA – Investigador Roberto
ROBERTO LOPES – Leão
RODOLFO FREITAS – João Paulo
RONEY VILLELA – Sardinha (pescador)
SADIR PIMENTEL – dono do bar
STELLA MARIA RODRIGUES – freira
STEPAN NERCESSIAN – Guerra (novo marido de Larissa)
TAÍS ARAÚJO – Emilinha
TAMMY LUCIANO – Natália (religiosa)
TETÊ VASCONCELLOS – Ruivão (bandido que persegue Baldochi)
TONY TORNADO – cliente de Salomão
VIVIANE NOVAES – Patrícia
WALTER BREDA – Braz (caminhoneiro)
YACHMIN GAZAL – Judith (amante de Beterraba)

– núcleo de NIKOS KARABASTOS (Lima Duarte), velho mal-humorado que diz estar à beira da morte mas tem saúde de ferro. Proprietário da fábrica de brinquedos Tróia, tem como único objetivo localizar seu neto desaparecido na selva:
o neto desaparecido ADRIANO (Claudio Heinrich), sequestrado pelos índios que dizimaram seus pais. Foi criado na tribo como se fosse um deles e recebeu o nome de TATUAPU
a cunhada SANTA (Vera Holtz), interesseira, quer que o velho morra para ficar com a herança
o sobrinho ROLANDO (Heitor Martinez), filho de Santa, mancomunado com a mãe, fazem de tudo para tirar Tatuapu do caminho
o mordomo ANÍSIO (Tato Gabus Mendes), dono de um senso de humor inglês, gosta de se fazer de idiota, mas de burro não tem nada
a filha de Anísio, GUI (Nívea Stelmann), doce e meiga, adora o pai e se apaixona por Tatuapu
a governanta GHERDA (Geórgia Gomide), disciplinada e autoritária
o motorista BATISTA (Hugo Gross).

– núcleo de BERNARDO BALDOCHI (Humberto Martins), que vive escondido de seus inimigos sob a identidade do PROFESSOR BENTO, um homem discreto que mora num pequeno vilarejo com a jovem viúva ROSA (Maria Ceiça) e tratando como seu filho o pequeno ZECA (George Bezerra). Quando é sequestrado por bandidos, descobre-se que ele é o contrário do que demonstra. No passado, era sargento e estava para casar quando teve que simular a própria morte, afastando-se da família. Conhece Tatuapu, de quem se torna amigo e recebe o apelido de CALA-CALÚ, e retorna ao Rio de Janeiro para levá-lo ao seu avô Nikos:
a mãe PIERINA (Nair Belo), desbocada e mal humorada, é zelosa dos filhos, principalmente da memória de Bernardo, que julga morto
o irmão CASEMIRO, conhecido como VAN DAMME (Marcos Pasquim), guarda a imagem do irmão como a de um ídolo. A mãe o trata como um menino de sete anos e ele apanha por qualquer coisinha
o primo MUTUCA (Jorge Pontual), dedo-duro que entrega Baldochi aos seus inimigos
a vizinha TÂNIA (Mônica Mattos), que vive dando em cima de Van Damme.

– núcleo de MARIA JOÃO (Vivianne Pasmanter), estava diante do altar quando o noivo, Baldochi, faleceu, o que fez com que ela se fechasse para qualquer romance. Mecânica, adotou um jeitinho abrutalhado, que esconde a garota romântica que continua a ser. É vigiado por Baldochi quando ele retorna:
o pai QUERUBIM (Oswaldo Loureiro), sempre foi um irresponsável
o irmão mais novo DINHO (Alexandre Lemos)
o feirante BETERRABA (Marcello Novaes), um tipo bonachão, daqueles que adora cantar as freguesas. É apaixonado por Maria João, com quem acaba se casando.

– núcleo de BRIGITE (Betty Lago), tornou-se aeromoça, apaixonada pelo glamour da profissão, mas que aproveita as viagens para comprar muamba e revender na vila onde mora. Mais adiante, vai se tornar enfermeira na casa de Nikos, para cuidar do meio índio Tatuapu. Tem uma irmã gêmea que desconhece:
a irmã STELLA (Rita Guedes), trabalha na fábrica de brinquedos Troia
as amigas vizinhas IVONE SHIRLEY (Hayrton Júnior), travesti, e MADÁ (Beth Lamas), mulher que se passa por travesti pois dá mais dinheiro
a síndica do prédio DOMINATRIX (Vick Militello), que vive lhe cobrando aluguéis atrasados
o amante VARELLA (Luiz Fernando Guimarães), piloto da companhia aérea, com quem vive se desentendendo
a mulher de Varella, AMÉLIA (Clarisse Niskier) que nem desconfia das traições do marido
a aeromoça colega de vôos DÓRIS (Marcela Raffea), moça invejosa.

– núcleo de FILIPE (Wolf Maya), rico, playboy semi-aposentado. No fundo, é um grande fracassado, que nunca se preparou para o cargo que tem. Inimigo de Nikos e ex-parceiro de negócios:
a esposa VICTÓRIA (Silvia Pfeifer), linda e charmosa, foi o amor do passado de Nikos e chega a envolver-se com Baldochi. Morre quando seu carro cai num precipício. O carro foi sabotado e ao final descobre-se que o assassino é Filipe
as filhas BRUNA (Joana Limaverde), elegante como a mãe, é casada com PP (Luciano Szafir), de quem fica viúva logo no início;
e BIONDA (Mariana Ximenes), rebelde, está sempre aprontando. Especialista em abandonar noivos no altar, também se apaixonará por Tatuapu
a sobrinha TATIANA (Danielle Winits), típica “loura burra”, com coração enorme, mas pouca inteligência, nunca teve sorte nas suas paixões – até conhecer e apaixonar-se por Van Damme
a secretária PENHA (Pia Manfroni)
a amiga de Bruna e Bionda, PENÉLOPE (Vanessa Nunes), mulher bela e elegante
o primeiro noivo de Bionda, BETO (Augusto Vargas), abandonado no altar quando ela foge num jet-ski.

– núcleo de LARISSA (Françoise Forton), hippie como o ex-marido, mas ficou mais apegada a realidade prática à sua volta:
o ex-marido LADISLAU (Mário Gomes), um hippie que retorna para tentar reconquistá-la
o segundo marido GUERRA (Stepan Nercessian), que logo sai de cena
o filho AMON-RÁ (Marcelo Faria), policial que persegue Baldochi, envolve-se com Bionda
as filhas SHIVA MARIA (Juliana Baroni), não acha muita graça em ser hippie pois gosta de sofisticação;
e LILITH (Tatyane Goulart), vai envolver-se com Dinho
o sobrinho SALOMÃO (Ângelo Paes Leme), detetive disciplinado e atrapalhado, contratado por Nikos para encontrar Tatuapu – apaixonado pela desmiolada Bionda com quem tem uma relação conturbada.

– núcleo de ALICE (Betty Lago), amiga de Larissa, solteirona profissional, completamente descoordenada e desengonçada, apesar de muito bonita. Tem um envolvimento com Baldochi. No penúltimo capítulo descobre que é irmã gêmea de Brigite:
os pais VELUDO (John Herbert), ex-ladrão de jóias que no passado se envolveu com Pierina
e Gherda, governanta na casa de Nikos
o amor do passado ARGEL (Delano Avelar), que reencontra ao ir trabalhar na Troia. Ele envolve-se também com as irmãs Bionda e Bruna. Revela-se ao final irmão do vilão Turco.

– demais personagens:
o PAJÉ (Roberto Bonfim), o único índio da tribo que viveu entre os brancos e conhece todos os truques do homem civilizado. Finge que não entende Português, mas até gíria ele conhece muito bem. Apesar de amoral, gosta de Tatuapu, que salvou quando tinha três anos de idade
os funcionários da Troia ZEN (Alexandre Schumacher) e ARY (Mateus Rocha), que se envolve com Santa
TURCO (Luiz Guilherme), homem que persegue Baldochi e quer o seu fim
MARIA LOUCA (Lúcia Veríssimo), mulher aventureira que conhece Baldochi na selva, com quem tem uma relação tempestuosa
os pais de Adriano que foram dizimados pelos índios quando era bebê: JÚNIOR (Marcos Frota), filho de Nikos, e MEG (Denise Fraga)
as índias que se apaixonam por Baldochi e Van Damme: as belas PATUAPÁ (Emanuelle Soncini) e TUIUIÚ (Rachel Nunes), e a feiosa CROCOKÁ (Silvia Nobre).

Apelo sexual

Ação, corre-corre, humor e diálogos característicos do autor Carlos Lombardi garantiram o bom Ibope e revitalizaram o horário das sete da Globo, combalido com as últimas produções.

Também houve muita reclamação com os corpos desnudos dos atores e o apelo sexual da novela. A bunda de Cláudio Heinrich ganhou notoriedade enquanto o personagem de Marcos Pasquim aparecia sem camisa em 90% de suas cenas.

Inspirações

A ideia da trama surgiu de uma notícia de jornal lida pelo autor. Um posseiro da Amazônia teve a família dizimada em um ataque de indígenas durante uma disputa de terras. Ele e os dois filhos mais velhos fugiram, mas o filho menor foi levado pelos indígenas. Passados alguns anos, um menino branco foi visto em meio a uma tribo e o posseiro afirmou que se tratava de seu filho.

Carlos Lombardi juntou essas informações a outro assunto de seu interesse: as lendas urbanas do século 19 sobre indivíduos criados longe da civilização, como Kaspar Hauser, Tarzan e Mogli, o menino-lobo. Daí nasceu Tatuapu (personagem de Claúdio Heinrich).

Sobre a inspiração, o autor falou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, do Projeto Memória Globo:
“Foi em ‘Um Estranho Numa Terra Estranha’, de Robert A. Heinlein, um clássico da ficção científica. É a história de um terráqueo criado em Marte. O que me interessava era a crise de identidade que o rapaz vivia. Ele não fazia parte nem do universo para o qual havia sido levado, nem do universo para o qual retornava, porque era tarde demais.”

Elenco

Os destaques foram Lima Duarte e Nair Bello, como os mal-humorados Nikos e Pierina, e Betty Lago, como a tresloucada Brigite, em um de seus melhores trabalhos na TV.

A personagem Maria João (Vivanne Pasmanter), uma mulher reprimida que tinha sonhos eróticos, lembrava muito outro tipo criado por Carlos Lombardi: Ângela, vivida por Maria Zilda Bethlem na novela Bebê a Bordo (1988-1989).

Primeiro trabalho na TV no ator Alexandre Schumacher.

Protestos

A Comissão da Conferência e Marcha dos Povos e Organizações Indígenas do Brasil enviou uma carta-protesto à Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, criticando cenas que, segundo ela, estereotipavam a cultura indígena.

Em maio de 2000, a Globo foi advertida pelo Ministério da Justiça sobre o excesso de cenas de violência para o horário das 19 horas. Dois capítulos da novela tiveram de ser reeditados para a exibição.
A exemplo do que acontecera com Laços de Família (a trama das nove da época), a produção de Uga Uga também enfrentou dificuldades com o Ministério Público, que tentou impedir a participação de atores-mirins na trama.

Cenografia e locações

A equipe do cenógrafo Mário Monteiro se esmerou na criação da gruta subterrânea que dava acesso à tribo dos indígenas da história. A aldeia localizava-se na mesma cidade cenográfica montada para a minissérie A Muralha, com uma diferença: as ocas, que eram ovais, ficaram redondas.

A novela teve em seu período inicial muitas viagens e locações. As gravações de Costa Rica (cidade onde moravam Bento e Rosa) localizaram-se em uma cidadezinha chamada Ferreiros (município de Vassouras, RJ), que foi totalmente envelhecida para adquirir o visual de um lugar pobre e meio perdido no meio da floresta. Em Lumiar (RJ), durante dez dias, o diretor Alexandre Avancini realizou sequências da dupla Tatuapu e Baldochi em diversas cachoeiras.

A cidade cenográfica do Projac reproduziu um quarteirão do bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro, onde estava o núcleo pobre da novela. As idas ao bairro se restringiam às cenas gravadas no bondinho. A cidade cenográfica mostrava o desnível de ladeiras de Santa Tereza, pois Tatuapu pulava de telhado em telhado.

Para criar uma tribo inexistente, a equipe de produção de arte de Cristina Médicis pesquisou cerimônias indígenas, como a pajelança e o ritual envolvendo o cachimbo da paz. A pesquisa e a produção duraram três meses e as tribos do Xingu, bem como os livros relacionados ao assunto, deram inspiração à tribo irreal.

Para a criação das duas fábricas de brinquedos da novela, a equipe baseou-se em uma grande empresa brasileira e em uma fábrica artesanal.

Outro desafio da equipe foi produzir o casamento de Bionda (Mariana Ximenes), em Angra dos Reis. A igreja estava abandonada. Para decorá-la, a produção levou os santos, as toalhas e até os castiçais, além de toda a decoração.
A produção também foi responsável por encontrar os animais, como jacarés e araras, para contracenar com a tribo na floresta.

Em Uga Uga, a equipe de efeitos especiais trabalhou em ritmo acelerado. Só para se ter uma ideia, do 1º ao 12º capítulo, foram nada menos que 140 situações que necessitaram do auxílio de efeitos.

Figurinos e caracterizações

Em um ano com as produções das minisséries A Muralha e A Invenção do Brasil (2000), o grande desafio da figurinista Marília Carneiro foi criar um indígena que ainda não havia aparecido na TV. A solução foi estilizar os “falsos indígenas” e tornar o personagem principal, Tatuapu, o mais semelhante a indígenas verdadeiros. Tanto que Tatuapu não falava português, usava pintura e “roupas” baseadas nas tribos do Xingu. O fato de ser loiro e usar cavanhaque fez com que o personagem tivesse compromisso com sua origem branca. Tatuapu usava penas verdadeiras, enquanto os falsos indígenas usavam alegorias artificiais, além de maquiagem falsa – foram inspirados nos índios de Carnaval. Marília explicou que Uga Uga não tinha qualquer compromisso com a realidade, portanto era possível misturar todas as tendências.

As calças de cintura baixa, brilhos durante o dia, cintos anos 70 e os tererês, brincos e colares da rebelde Bionda (Mariana Ximenes) ganharam as ruas. (Site Memória Globo)

Com o sucesso dos personagens, chegou às lojas os bonecos de Tatuapu e Bionda.

Abertura

Criada pelo artista plástico Gustavo Garnier, da equipe de Hans Donner, a ótima abertura – em que uma história em quadrinhos era folheada – contava a trama central da novela.

O tema musical – gravado pela banda Oceania, cantando na língua maori – foi um dance que fez sucesso no mundo inteiro. Misturava jungle dance (batida da selva) com a batida dance do DJ, percussão eletrônica e vozes.

A história em quadrinhos da abertura, com os créditos dentro dos balões de diálogos, remetia a outra abertura: da novela Sem Lenço Sem Documento (1977), na qual, em vez de um gibi, uma fotonovela era folheada.

Exibições

Vendida para os Estados Unidos, Uga Uga foi exibida pela rede Telemundo, conquistando o público de língua hispânica. A estreia norte-americana foi precedida de uma campanha de lançamento que contou com a presença dos atores Humberto Martins, Vivianne Pasmanter e Cláudio Heinrich, participando de ações promocionais em Miami, Los Angeles e Nova York.

Uga Uga nunca foi reprisada, mas foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming do Grupo Globo) em 27/02/2023.

Trilha sonora nacional

01. VIRALATA DE RAÇA – Ney Matogrosso (tema de Rolando)
02. METAMORFOSE AMBULANTE – Primo Johnny (tema de Bionda)
03. KOTAHITANGA (UNION) – Hinewehi Mohi (tema de abertura)
04. SE EU NÃO TE AMASSE TANTO ASSIM – Ivete Sangalo (tema de Maria João)
05. AQUELA – Raimundos (tema de Beterraba)
06. FOGUEIRA – Sandra de Sá (tema de Maria João e Beterraba)
07. TÔ SEM GRANA – Elétrika (tema de Baldochi)
08. VEM – Patrícia Coelho (tema de Van Damme)
09. DEIXA O AMOR ACONTECER – Roupa Nova (tema de Tatuapu)
10. NÃO TÔ ENTENDENDO – P.O. Box (tema de Tatiana)
11. UMA ANTIGA MANHÃ – Marina Lima (tema de Victória)
12. FEELINGS – Morris Albert (tema de Nikos)
13. KILLING ME SOFTLY – Milton Nascimento (tema geral)
14. MINHA TIMIDEZ – Fat Family (tema de Salomão)
15. AMAR, AMAR – João Bosco (tema de Brigite)

Sonoplastia: Aroldo Barros e Francisco Sales
Produção musical: André Sperling
Direção musical: Mariozinho Rocha

Trilha sonora internacional

01. I TURN TO YOU – Christina Aguillera (tema de Maria João e Baldochi)
02. YOU SANG TO ME – Marc Anthony (tema geral)
03. HOLD ME TIGHT – Michael Allen (tema de locação: Rio de Janeiro)
04. KAYOMANI – Kundalini Rising (tema de Tatuapu)
05. I TRY – Macy Gray (tema de Brigite)
06. BACK AT ONE – Brian McKnight (tema de Van Damme e Tatiana)
07. LOVIN’ YOU – Fernanda (tema de Gui)
08. ARE YOU STILL HAVING FUN? – Eagle-Eye Cherry (tema de locação)
09. NORTHERN STAR – Melanie C
10. THANK YOU FOR LOVING ME – Bon Jovi (tema de Aamon Rá)
11. I’LL BE HOLDING ON – Roméo (tema de Van Damme)
12. BREATHELESS – The Corrs (tema de Bionda)
13. I WANNA BE WITH YOU – Mandy Moore (tema romântico geral)
14. BACK FOR GOOD – Giselle Haller (tema de Alice)
15. WHERE ARE YOU – Bosson (tema de festas)
16. ANYTHING YOU WANT – Bengaloo (tema de Beterraba)

Seleção de repertório: André Werneck

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