Sinopse

Dois casais amigos, em crise, que terminam constatando que perderam muito nos seus casamentos. Pedro e Dorinha estão casados há 23 anos, levando uma típica vida de um casal de classe média. No entanto, nem dialogam mais. Já Mário e Walkíria estão descrentes no amor.

Pedro, que sempre viveu em função da família e do trabalho, a esta altura da vida sente a necessidade de se renovar. Por fim, se convence que Dorinha não é a mulher com quem gostaria de estar casado, mesmo tendo segurando esta união por tanto tempo e ter tido três filhos com ela, Nando, Silvia e Rico. Pedro queixa-se que a esposa estagnou e não acompanhou a evolução dos tempos.

Tudo se transforma quando ele se apaixona por uma mulher mais moça, a bela Branca. Pedro resolve abandonar seu lar para viver com a amante, mas se frustra ao não encontrar em Branca os mesmos valores de Dorinha. Branca, uma mulher moderna e independente, não tem muito tempo para lhe dispensar maiores atenções. Enquanto isso, Dorinha reúne forças para lutar por seu casamento.

Tupi – 20h
de 26 de junho de 1979
a 22 de fevereiro de 1980
140 capítulos exibidos

novela de Edy Lima, Ney Marcondes e Carlos Lombardi
direção de Atílio Riccó

Novela anterior no horário
Aritana

NICETTE BRUNO – Dorinha
ADRIANO REYS – Pedro
ELAINE CRISTINA – Branca
JACQUES LAGOA – Nando (Fernando)
WANDA STEFÂNIA – Paula
BETH GOULART – Sílvia
KITO JUNQUEIRA – Melão
PAULO GUARNIERI – Rico (Ricardo)
HÉLIO SOUTO – Mário
ARICLÊ PEREZ – Walkíria
GIUSEPPE ORISTÂNIO – Marinho
RILDO GONÇALVES – Leandro
PATRÍCIA MAYO – Dinorá
LEONOR LAMBERTINI – Arminda
ALZIRA ANDRADE – Jô
ROSALY PAPADOPOL – Arlete
ALBERTO BARUQUE – Brito
LIZETE NEGREIROS – Zita
SUZY CAMACHO – Simone
FLÁVIO GUARNIERI – Celso
REGIANE RITTER – Marlene
CLÉO VENTURA – Laura
FELIPE DONOVAN
MARIA APARECIDA
YARA GREY
PAULO BETTI

e
AGNALDO RAYOL – Gilberto
ALDO CÉSAR
AMILTON MONTEIRO
WALMOR CHAGAS – Sérgio
WÁLTER FORSTER

Crise na Tupi

Novela da TV Tupi mais famosa por ter sido interrompida faltando poucos capítulos para o seu término. Não foi somente uma frustração para todos os profissionais envolvidos. Representou, principalmente, o prenúncio de que a emissora, moribunda, não teria muito tempo de vida.

Implantada por Walter Avancini, diretor artístico da emissora na ocasião, Como Salvar Meu Casamento teve início sem nenhuma estrutura, já que a Tupi passava por sua derradeira crise, o que refletiu no Ibope, muito baixo em seu início.

A produção era precária. Os casamentos eram gravados do lado de fora das igrejas para não se gastar com flores e decoração. E as cenas externas não tinham locações além do Sumaré, bairro onde estava instalada a emissora. (Jornal O Globo, 19/11/1995, TV Pesquisa PUC-Rio)

Mudança de horário

Como era praticamente impossível concorrer com o grande sucesso da novela Pai Herói, da Globo, Como Salvar Meu Casamento entrava juntamente com a atração anterior da concorrente, o Jornal Nacional.
Com o término de Pai Herói (em agosto de 1979), a novela da Tupi passou a ser exibida um pouquinho mais tarde, batendo de frente com a nova atração da Globo, a novela Os Gigantes.

Para anunciar ao público a respeito da mudança de horário, a Tupi mandou fazer uma chamada de página inteira nos jornais, que dizia, mais ou menos, o seguinte: “Se André e Carina tivessem visto esta novela, os dois não teriam tanto problema com o seu casamento!”, em uma referência ao casal protagonista de Pai Herói, novela que acabara de ser concluída.
No entanto, a Tupi vetou a publicação, receosa de um revide da emissora concorrente. (“De Noite Tem… Um Show de Teledramaturgia na TV Pioneira”, Mauro Gianfrancesco e Eurico Neiva)

O despertar da audiência

Contudo, Os Gigantes acabou por sofrer enorme rejeição do público. Foi aí que a novela da Tupi lucrou, conseguindo monopolizar uma camada da audiência interessada na história, bem desenvolvida pelo trio de autores novatos – Edy Lima, Ney Marcondes e Carlos Lombardi -, que usaram um tema sempre atual e universal, alertando os casais para o comodismo e a indiferença nas relações.
O slogan de lançamento dava uma dica: “No casamento, a rotina é pior que uma amante.”

Carlos Lombardi narrou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia” (do Projeto Memória Globo):
“A princípio, o Avancini queria uma crônica. Disse que não precisávamos nos preocupar com gancho, com folhetim. (…) Tivemos sorte, porque caímos em um horário que, tradicionalmente, era o mais favorecido da Tupi. A novela entrava em cima do Jornal Nacional, da Globo. (…) E Como Salvar Meu Casamento começou a dar um sinalzinho de audiência. O Avancini nos falou: ‘A Globo vai lançar uma novela que eu sei que vai dar errado [Os Gigantes]. A partir do capítulo 50, portanto, vamos competir com ela. Agora precisamos de folhetim.’ A partir daí, mudamos absolutamente tudo.”

Suspensão da novela

Apesar da parcela do público que acenou para a novela, oito meses depois da estreia, Como Salvar Meu Casamento despediu-se dos telespectadores (em 22/02/1980) sem apresentar o fim da sua história. Ao total, foram 140 capítulos exibidos, faltando apenas 20 para terminar.

No dia posterior à apresentação do último capítulo exibido (em que haveria exibição de novo capítulo), a Tupi anunciou que, por motivos de força maior, o capítulo anterior seria reapresentado. No outro dia, também “por motivos de força maior”, a novela não seria exibida, já que no horário iria ao ar um “capítulo especial” da novela O Profeta (que estava sendo reprisada), com a promessa de que Como Salvar Meu Casamento retornaria à grade na semana seguinte.

Porém, as gravações haviam sido totalmente paralisadas. Como Salvar Meu Casamento nunca mais retornou e a história ficou sem um final. Cinco meses depois, em 18/07/1980, a TV Tupi encerrou definitivamente suas atividades.

Em edição especial, a revista Amiga publicou o final previsto pelos autores. Pedro (Adriano Reys), ao reencontrar Dorinha (Nicette Bruno) na casa que fora do casal, então à venda, percebe o quanto gosta da ex-mulher. Dorinha aceita reatar o casamento – durante a separação, ela chegou a se envolver com o professor Sérgio (Walmor Chagas). Em sua busca por independência, Branca (Elaine Cristina) torna-se uma mulher solitária.
Nando (Jacques Lagoa) e Rico (Paulo Guarnieri), filhos de Dorinha e Pedro, são dispensados por Paula (Wanda Stefânia), que eles disputavam, por terem comportamentos semelhantes: imaturos e machistas demais para a empoderada Paula.

A outra filha de Dorinha e Pedro, Silvia (Beth Goulart), assume seu relacionamento com Melão (Kito Junqueira), para a tristeza de Jô (Alzira Andrade), apaixonada por ele. Antes porém, Melão conseguiu provar sua inocência no assassinato de sua primeira mulher, vítima do amante Gilberto (Agnaldo Rayol).
Leandro (Rildo Gonçalves) e Dinorá (Patrícia Mayo) também se reconciliam, enquanto Mário (Hélio Souto) e Walkiria (Ariclê Perez) partem para o desquite, após anos de um casamento de fachada e de problemas com o filho mau-caráter, Marinho (Giuseppe Oristânio). Final feliz para a doméstica Zita (Lizete Negreiros), que realiza o sonho de ser cantora – contratada pelo programa de Raul Gil. (Duh Secco para o portal TV História)

Outras novelas que foram interrompidas abruptamente, sem o desfecho da história: Somos Todos Irmãos (Record, 1965), Renúncia (Bandeirantes, 1982) e Brida (Manchete, 1998).

Elenco

Na trama, Nicette Bruno era Dorinha, uma dona de casa abnegada, com filhos crescidos, que descobria que o marido, Pedro (Adriano Reys), tinha uma amante, mais jovem, Branca (Elaine Cristina), mulher moderna, livre e independente. Dorinha passa então a lutar com todas as armas de que dispunha para salvar seu casamento.
Por sua atuação, Nicette Bruno recebeu o prêmio da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor atriz de 1979 (juntamente com Cleyde Yáconis, por Gaivotas, Fernanda Montenegro, por Cara a Cara, e Regina Duarte, pela série Malu Mulher).

Carlos Lombardi, um dos autores estreantes, tornou-se colaborador de Sílvio de Abreu em suas novelas na Globo e, mais tarde, um novelista de sucesso, com títulos como Vereda Tropical (1984-1985), Bebê a Bordo (1988-1989) e Quatro por Quatro (1994-1995).

Primeira novela dos atores Giuseppe Oristânio, Flávio Guarnieri e Paulo Betti.

A atriz Lizete Negreiros deu a nota de humor aos inúmeros conflitos dramáticos da trama, ao interpretar Zita, uma empregada doméstica palpiteira, que se intromete nos problemas conjugais do patrões. O sonho maior de Zita era ser cantora, e ela chega a participar do programa de calouros que Raul Gil tinha na TV Tupi na época.

Ainda que em uma participação, o cantor Agnaldo Rayol voltava a atuar em uma novela após um hiato de nove anos – a última foi As Pupilas do Senhor Reitor, na TV Record, em 1971. Agnaldo trabalhou como ator em apenas mais duas produções: no elenco fixo de A Deusa Vencida (1980) e uma participação em Os Imigrantes (1981), ambas na TV Bandeirantes.

Possível remake

Quinze anos após a novela – de acordo com matéria do jornal O Globo (de 19/11/1995) -, Globo e SBT disputaram os direitos do texto de Como Salvar Meu Casamento, com vistas a um remake.

A Globo sugeriu a Carlos Lombardi que atualizasse a sinopse. Já o SBT, após três novelas de época exibidas em sequência – Éramos Seis, As Pupilas do Senhor Reitor e Sangue do Meu Sangue -, pretendia produzir uma trama contemporânea. Porém, nada saiu do papel. (Duh Secco para o portal TV História)

01. COTIDIANO – Chico Buarque (tema de abertura)
02. QUAL É BAIANA? – Gal Costa
03. SE QUISER CHORAR POR MIM – Wando
04. SER MULHER – Lecy Brandão (tema de Walkíria)
05. BOLERÍSSIMO – Isolda (tema de Branca)
06. VELHA CIDADE – Filó
07. PAISAGEM – Rosinha de Valença (tema de Dorinha)
08. ESTOU TE ACOSTUMANDO MAL – Sidney Magal
09. SOLIDÃO – Marina (tema de Silvia e Melão)
10. ESPELHO QUEBRADO – César Costa Filho (tema de Dorinha)
11. VIOLA NA ESTRADA – Nenê
12. EU APROVEITO TUDO – Wildner (tema de Melão)
13. COMO? – Luís Vagner
14. CAFÉ CONCERTO – Banda dos Anos 20

Seleção de repertório: Carlos Alberto Borba
Coordenação musical: Júlio Medaglia

Tema de abertura: COTIDIANO – Chico Buarque

Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã

Todo dia ela diz que é pr’eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher
Diz que está me esperando pro jantar
E me beija com a boca de café

Todo dia eu só penso em poder parar
Meio-dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão

E de tarde como era de se esperar
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão

Toda noite ela diz pr’eu não me afastar
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta até eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor…

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